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Cara Marisa Matias,

Creio que o Governo do Syriza ainda não fez nada do que a Marisa chama "medidas adoptadas". Creio que, até agora, apenas disse que ia fazer.

Está claro que apoio cada uma dessas medidas.

Preocupam-me, no entanto, os claros sinais de compromisso com os representantes do capitalismo grego e internacional:
1. Abandono da retirada da Nato
2. Aliança com um partido de direita, vindo da Nova Democracia e representante dos capitalistas gregos.
3. Garantias que estão sendo dadas aos "parceiros europeus"
4. Garantias dadas em Londres que não se iriam imiscuir nos bancos
5. Deriva em relação à divida - repúdio - auditoria - reestruturação

Como disse apoio toda e qualquer medida que melhore as condições de vida dos trabalhadores gregos.

Mas, creio que é necessário ter um programa claramente socialista, que retire as alavancas do poder económico das mãos dos capitalistas gregos e internacionais e as coloque sob controlo da sociedade.

Centrar tudo na reestruturação da divida, identificar como inimigo a Alemanha, esquecendo o papel da burguesia grega é um erro grave que já conduziu à aliança com um partido de direita e conduzirá no futuro a um impasse ou algo bem mais grave.

Vamos imaginar que se consegue alguma reestruturação da dívida, algo que não é impossível e que de facto muitos sectores da burguesia acham que deve acontecer (Obama, Governo do Reino Unido, Junckers, Ferreira Leite só para dar alguns exemplos).

Como será possível aumentar o nível de vida do povo grego, acabando com o desemprego e aumentando os salários?

No cenário actual da economia mundial em que a capacidade produtiva não está sendo utilizada a 100% exactamente por incapacidade de escoar as mercadorias; em que as grandes empresas nos USA e Europa acumulam biliões de dólares ou euros em caixa que dedicam à recompra de acções e outras actividades especulativas em vez de os investirem produtivamente; neste cenário como irão surgir os investimentos necessários para fazer crescer significativamente a economia grega?

Podem-se imaginar as vantagens que os capitalistas teriam que ter para investir os seus capitais, mas, essas vantagens seriam totalmente contraditórias com a melhoria rápida das condições de vida dos trabalhadores.

E investimento publico? Mas, donde viriam os dinheiros? Mais impostos? quem os suportaria? Mais divida? Acham que o BCE, de que depende toda a banca grega, aceitaria isso?

No quadro da economia capitalista não há solução, (sem uma prévia destruição massiva de capital, forças produtivas e enorme miséria para os trabalhadores), para a crise seja ela "austeritária" ou "Keynesiana".

A sociedade tem que tomar o comando das forças que a dominam, mas, para isso e em primeiro lugar terá que "interferir" na banca e romper com "os parceiros europeu".

Os únicos parceiros com que o Siryza poderá contar, se quiser seguir uma politica em defesa dos trabalhadores gregos, são esses mesmos trabalhadores e os de toda a Europa incluindo os alemães.

A crise Europeia actual põe frente a frente, não a Alemanha e os restantes países, mas, os capitalistas (os tais 1% ou menos) e os trabalhadores de todos os países.

A alternativa não é austeridade ou reestruturação, mas barbárie ou socialismo.

Pergunto, como tenho perguntado muitas vezes sem obter resposta, se perante uma crise desta grandeza não está na ordem do dia a alternativa socialista, então quando estará?

Porque será que muitos que se dizem socialistas apenas têm a pretensão de gerir o capitalismo de uma maneira mais competente e honesta?