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Longe vai a Comuna de Paris e os sonhos de quem nela perdeu a vida. Lembram-se? Longe vai a Revolução Industrial com crianças a trabalhar nas minas para poderem ganhar uns magros cêntimos para poderem comprar uma côdea de pão. Lembram-se ?? Longe vai o pomposo funeral dum arquiduque assassinado em Sarajevo por gente com Ideal que trazia a Utopia no coração. Lembram-se ??? Para lá do longe estão as trincheiras onde os piolhos e o tifo mataram tantos como os obuses fundidos na Krupp e os gases que levaram uns tantos milhares para lá da loucura nos caminhos da morte. Lembram-se ???? Se eu não fosse tão ingunurante saberia que em dachauês “Arbeit macht frei” se deve traduzir que a morte se contabiliza em estatísticas e cada um morre (ou foi morto) por rezar a um deus qualquer que não era o deus de quem tinha o poder. Lembram-se ????? Não vou falar das valas de Katyn, dos julgamentos de Moscovo, do assassinato de Trotsky no México, das “limpezas” de Mao-Tsé-Tung ou dos delírios da Dinastia Koreana que passa de pais para filhos e a seguir para netos. Lembram-se ??????
A questão é duma simplicidade estarrecedora: a luta será sempre entre o sonho e o vil metal. Entre a Utopia e o papel-moeda. Entre Thomas Morus e Angela Merkel com a Wall Street de permeio. Para quê sonhar se um povo aguentou pacificamente, de espinha curvada e com o barrete na mão, o jesuitismo duma ditadura rural onde a populaça orgulhosamente só batia palmas para incensar um chefe que calçava botas de elástico e se lavava por baixo com água benta fresquinha. Lembram-se ??????? Se eu não fosse tão ingunurante arriscava mandar umas bocas foleiras sobre o que vai acontecer na Grécia em função das duas hipóteses possíveis: ou Tsipras os tem en su sitio ou mete a viola no saco quando a Merkel lhe explicar que “Arbeit Macht Frei”, na nova versão pasteurisada em Berlim, quer dizer urbi et orbi “vai trabalhar malandro que o dinheiro dos nossos impostos não é para desperdiçar com sonhadores como tu”. E antes que o pano caia depois do primeiro acto logo dez mil passos coelhos cantarão aleluias e outros tantos gentlemen of the press bolsarão artigos e comentários inteligentíssimos a provar que se os gregos passarem fome o colesterol vai de certeza baixar pelo que, portanto, serão muito mais saudáveis donde o Serviço Nacional de Saúde ser absolutamente desnecessário e grego morto é que é grego bom. O resto é conversa mole para boy dormir.
Tenho cá para mim que dentro de pouco tempo vamos assistir a uma Desgrécia