You are here

Add new comment

Só agora fiquei a saber – por mero acaso, pela simples curiosidade de ler este artigo do Alberto – do falecimento do Schwarz.
A bem dizer, mal conheci o Schwarz, a ponto de ser para mim uma novidade a sua relação com a Guiné.
Todavia, retenho na memória uma ou duas reuniões, já lá vão mais de 40 anos, acho que na casa dele, onde, entre outros – quiçá, até o Alberto – também esteve presente o Varela, o qual, já não me lembro muito bem, mas julgo que também era dirigente da Associação de Estudantes de Agronomia.
Só me lembro que a dita reunião se destinava a organizar uma distribuição de comunicados dos estudantes à população. Inicialmente era para ser nos comboios da linha de Cascais, mas acabou por ser em Moscavide. Dada a situação repressiva que se vivia, com a PIDE assanhada, tratava-se de uma operação arriscada, a qual tinha de ser meticulosamente preparada, sob pena de podermos ir todos bater com os costados a Caxias. Quase tenho a certeza de que os comunicados em questão eram sobre o assassínio, pela PIDE, do estudante Ribeiro Santos, em 12 de outubro de 1972.
No outono de 72, num fim de tarde, a apanhar a saída dos operários e operárias das fábricas ali para as bandas de Moscavide, a distribuição de comunicados à população foi um êxito. Nada podia falhar e nada falhou graças a uns quantos estudantes dirigentes associativos de que destaco o Schwarz.
De jovem a dar os primeiros passos na luta contra o fascismo, a raiva a inquietar por dentro na razão direta da sede de justiça, retenho na memória o empenho abnegado do Schwarz na luta antifascista. Aqui lhe presto o meu reconhecimento. Retenho também na memória o sorriso cúmplice e solidário dos trabalhadores e trabalhadoras que recebiam os comunicados – qual grito a clamar justiça – e depressa e nervosamente os guardavam, não fosse alguém ser apanhado pela besta fascista…