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Convivi bastante com a Inês nos tempos de faculdade e discutimos muito sobre estas questões.

A grande conclusão é que a essência da praxe não se muda, independentemente do juízo "moral" que façamos das pessoas que "estão à frente". A hierarquia, a submissão, as constantes referências para se "cumprir ordens" em vez de "pensar" fazem parte da genética da praxe.

Acho que a faculdade é um local de pensamento, de confronto com o poder, de insubmissão constante, de formação de cidadãos com espírito crítico. A forma como se recebem os alunos deve reflectir isso e não o seu contrário. Por isso (e não podendo ser reformada) a praxe não faz sentido.

É verdade, que os casos que se sucedem de agressões são protagonizados por pessoas concretas e não pela praxe enquanto instituição. Mas o que quis transmitir no texto, é que a praxe cria as condições para que tal seja possível, ou seja, que gente mais frustrada abuse e que gente mais tímida (apesar de adulta) não seja capaz de dizer "não". Por isso a praxe também deve ser responsabilizada por todas estas ocorrências.

No caso da praia do Meco, como disse, está tudo por saber porque há alguém que se recusa a contar. E há um conjunto de gente que fez um pacto de silêncio, como se fizessem parte de uma "sociedade secreta". Ora, é importante abrir, discutir, pôr em causa, mudar e, já agora, garantir que entrar para o ensino superior em Portugal não é entrar numa "sociedade secreta".

Por último, resta-me dizer que me agrada ver que este texto chegou a muita gente que está/esteve na praxe e que foi capaz de gerar discussão lá dentro. Não nego que era esse o principal objectivo.