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O que eu gostava mesmo de saber é porque é que o meu dinheiro suado, vai ser entregue de mão beijada a atores que têm reputação de executar constantemente "dumping de trabalho". Que aliciam as pessoas a aceitar contratos precários e depois vendem o seu tempo por um custo que chega a atingir 50% sobre o valor de base. Que não os queiram impedir de praticar esta alarvice, até consigo tolerar por compreender que preenchem uma necessidade do mercado que não está prevista no código laboral. Há muitas empresas que tem fluxos de trabalho variáveis e por isso não conseguem manter um numero fixo de pessoas sob a sua alçada. Agora que lhes queiram pagar para fazer isso... com dinheiro publico.. por amor de deus, ganhem juizo. Não é serviço publico, é contra o publico.

Mais valia investirem esse dinheiro em reformar o código laboral e rever os recibos verdes... que são uma anedota! Essa coisa do Joaquim que trabalha 20 anos numa empresa já não existe e nunca mais vai voltar a existir. A mobilidade é inevitável. A "instabilidade" é inevitável. A premissa aqui não é casar o trabalhador e a empresa. É garantir que enquanto "namoram" se respeitam. Falta por exemplo transparência na fiscalidade. Com a separação do valor pago pela entidade empregadora, do valor pago sobre o bruto directamente pelo empregado, mais os subsidios que são anuais, a maioria das pessoas nem tem noção de quanto ganha (ou melhor de quanto custa à empresa). Devia ser obrigatório por lei, o recibo conter o bruto, o liquido e o REAL (bruto + subsidios /12 + taxa paga pela empresa) Quando alguém vai trabalhar a recibos verdes, regra geral vai trabalhar com um bruto igual ao liquido.... As empresas aproveitam-se da ignorância fiscal das pessoas para omitir que falta nesse valor o valor que a empresa pagaria por ele se tivesse contrato, segurança social e IRS mais os subsídios.. que ele vai ter pagar do bolso dele... como é suposto! Deve pagar o mesmo que se estivesse a trabalhar para uma empresa com contracto ou vai causar problemas de concorrência às empresas que estejam a pagar salários com contrato. Mas para tudo funcionar deve receber o mesmo. A única troca que seria feita, seria a da flexibilidade do vínculo. É uma troca justa para ambas as partes. Para ter noção dos montantes... façam as contas. Quem recebe 900 liquidos, custa á empresa à volta de 1500 euros por mês. Já é um valor que permite que as pessoas não fiquem com as calças na mão na eventualidade de terem de mudar de trabalho.

Por ultimo se continuarem a baixar os salários... por meios licitos (no papel, no contracto) ou ilicitos ( com chantagem psicologica sobre as pessoas pra trabalharem mais de borla sob ameaça de irem para a rua) vão conseguir matar totalmente o mercado interno. Não acredito que o governo tenha a obrigação de criar emprego. Num país de 10 milhoes ter 50% da população na função publica é de loucos. Mas acredito que tenha o dever de defender os seus constituintes. Se houvesse um organismo análogo à ASAE para fiscalizar as patetices e o chantagismo que vai por esse Portugal a fora alimentado pelo desespero de que padece... havia muita empresa de portas fechadas. Pode parecer uma coisa má, mas considere-se que para cada área de actuação há um espaço de mercado, se existe uma empresa que viola as regras da competição usando trabalho percário está a denegrir esse espaço de mercado, porque não é possível à maior parte das outras empresas competir sem fazer o mesmo. Se as más empresas desaparecerem há espaço para as boas proliferarem, logo contratarem outras pessoas.

Tudo isto tem a sua raiz num problema cultural. Está à luz que a corrupção borbulha desde as autarquias até S. Bento com uma impunidade que desafia a lógica, portanto não se respeita o estado. O português médio olha para o seu ordenado liquido, olha para o ordenado liquido do vizinho e ambos concluem juntos que é tudo aceitável porque Portugal não tem dinheiro. Coitadinhos dos governantes que têm de descozer a s meias para tapar as mãos. Mas um dia acorda e vÊ o que pagamos em juros, que se criaram empresas municipais para retirar as dividas dessas empresas das contas das cameras apesar de a camera ter de garantir que são pagas... e que este tipo de jogos se fez um pouco por toda a hierarquia do estado. Vê que debaixo deste canto da europa, havia afinal milhares de milhões de euros que agora estão em off-shores e vê os responsáveis apontados a dedo com carro pago pelo estado e alguns convidados para ocupar cargos de gerência em organismos estatais. O problema é que reage como sempre tem reagido, fazendo o mesmo. Entrando na espertice.

Enquanto o Português continuar a não respeitar e a permitir que o desrespeitem, enquanto não compreender que a raiz negócio é o beneficio mutuo das partes, vai continuar a ser um pobrezinho empurrado por quem puxa cordeis, a ranger os dentes mas a dar as costas... Somos ignorantes! Não compreendo por exemplo porque é que não existe uma cadeira de cidadania no currículo obrigatório. Como é possível dizer que se foram pessoas na escola, se saem de lá sem saber tão pouco quais são os orgãos de suberania que os governam. Se não sabem os direitos e obrigações que têem enquanto trabalhadores. Como é que podem jogar o jogo da vida se não sabem as regras. Porque é que a pesquisa do diario da républica só está disponível pagando? porque é que o estado não investiu ainda num sistema de processamento de linguagem natural para pesquisar o diário da républica? porque é que os documentos só estão disponíveis em PDF que é um formato que dificulta o processamento do texto? Porque é que a informação essencial para a cidadania não está centralizada? Sem conhecimento não há decisão consciente, sem transparência não há conhecimento.

Não me esqueço de Felgueiras. Não foram os pombos que foram ás urnas... foram as pessoas. Em Oeiras também não foram as gaivotas, foram as pessoas. Em S. Bento foram as pessoas também. Eu sei que vocês não podem escrever isto porque fica mal um político dizer que a culpa é das pessoas. Mas eu posso. Acho que as pessoas esperam demais dos politicos. Esperam demais e exigem de menos.