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Privatização da TAP: Governo recua por falta de garantias

O único candidato à privatização da TAP não apresentou as garantias bancárias exigidas e o Governo suspendeu a venda da empresa a German Efromovich. O Bloco de Esquerda aponta as "trapalhadas" neste processo e defende que os ativos estratégicos do país devem manter-se nas mãos do Estado.
Efromovich não apresentou garantias e o Governo acabou por não concluir o polémico negócio. Foto mariag/Flickr

O recuo do Governo foi apresentado no fim da reunião do Conselho de Ministros nesta quinta-feira, na conferência de imprensa dada por Marques Guedes, secretário de Estado da Presidência do Conselho de Ministros, o secretário de Estado dos Transportes, Sérgio Monteiro e a secretária de Estado do Tesouro, Maria Luís Albuquerque. O Governo diz que o negócio está suspenso e que irá preparar um novo processo de privatização da TAP ainda durante a vigência do memorando da troika.

A Synergy era a única empresa a apresentar uma proposta para a compra da TAP, oferecendo 35 milhões de euros e prometendo injetar 166 milhões na empresa, assumindo a sua dívida, bem como os seus ativos. German Efromovich deveria ter apresentado até esta quinta-feira garantias bancárias de 25 milhões, o que acabou por não acontecer e inviabilizar o negócio envolto em polémica desde o início.

No dia do anúncio da decisão, mais de meia centena de economistas divulgaram um apelo a que a empresa continue em mãos públicas, bem como a ANA - Aeroportos de Portugal. "Porque é tempo de decisões difíceis, porque a crise financeira é grave, porque não podemos perder nem desperdiçar o que temos, porque um bom negócio para alguns não pode prejudicar o que é de todos, recusamos estas privatizações e apelamos energicamente à manutenção da TAP e da ANA como empresas públicas", afirmam os economistas e investigadores no apelo publicado esta quinta-feira.

Ana Drago: "Não podemos privatizar ativos estratégicos e determinantes para a recuperação económica"

A deputada bloquista Ana Drago sublinhou que a decisão de não vender a TAP "só foi possível porque houve um conjunto alargado de vozes da sociedade portuguesa que apontaram as trapalhadas neste processo: caderno de encargos apresentado no mesmo dia que o comprador, uma única oferta vinculativa, sem garantias, um processo muito pouco transparente sobre um ativo que é de todos nós".  

"Podemos fazer alguma aprendizagem deste processo: tal como não é bom hoje vender a TAP ao senhor Efromovich, também não será daqui a dois ou três meses", defendeu Ana Drago. A deputada bloquista considera que a TAP tem um papel "de tal forma estratégico no futuro de outros setores da economia portuguesa que só é possível manter essa atuação se ela for decidida em nome do interesse nacional".

"Daqui a uma semana teremos um novo round desta discussão: a privatização da ANA. A ANA é uma boa empresa pública, dá lucro e contribui para a consolidação das contas públicas", acrescentou Ana Drago, insistindo que "não podemos privatizar ativos que são estratégicos e determinantes para a nossa recuperação económica".

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