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Maria Teresa Horta não quer receber prémio das mãos de Passos

O romance "As Luzes de Leonor" valeu à escritora o Prémio D. Dinis e a cerimónia de entrega contava com a presença do primeiro-ministro. Mas Maria Teresa Horta recusa-se a recebê-lo "das mãos de uma pessoa que está empenhada em destruir o nosso país".
Foto Carmem Almeida

A cerimónia de entrega do prémio literário estava prevista para o dia 28 de setembro, na presença de Passos Coelho, mas a Fundação Casa de Mateus, que desde 1980 atribui o galardão, terá de mudar de planos se quiser concretizá-la. “Não recuso o prémio que me enche de orgulho e satisfação, recuso recebê-lo das mãos do primeiro-ministro”, clarificou Maria Teresa Horta.

“Na realidade eu não poderia, com coerência, ficar bem comigo mesma, receber um prémio literário que me honra tanto, cujo júri é formado por poetas, os meus pares mais próximos - pois sou sobretudo uma poetisa, e que me honra imenso -, ir receber esse prémio das mãos de uma pessoa que está empenhada em destruir o nosso país”, explicou Maria Teresa Horta à Lusa.

Para Maria Teresa Horta, “o primeiro-ministro está determinado a destruir tudo aquilo que conquistámos com o 25 de Abril e as grandes vítimas têm sido até agora os trabalhadores, os assalariados, a juventude que ele manda emigrar calmamente, como se isso fosse natural”. A escritora acrescentou que “o país está a entrar em níveis de pobreza quase idênticos aos das décadas de 1940 e 1950 e, na realidade, é ele, e o seu Governo, os grandes mentores e executores de tudo isto”.

Maria Teresa Horta publicou "As Luzes de Leonor" em  2011, um romance sobre a vida de Leonor de Almeida Portugal de Lorena e Lencastre (1750-1839) - a marquesa de Alorna - que para além de se ter destacado na vida política e literária portuguesa tem uma ligação familiar à escritora: é sua avó em quinto grau.

Maria Teresa Horta nasceu em 1937 e é um dos nomes mais importantes da história do movimento feminista português, tendo sido co-autora do livro "Novas Cartas Portuguesas", com Maria Isabel Barreno e Maria Velho da Costa, tendo publicado mais de duas dezenas de obras ao longo da sua carreira literária.

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