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Ambientalistas apelaram a Cavaco para travar barragem do Tua

Um grupo de associações e movimentos que se opõem à construção da barragem de Foz Tua foi ao Palácio de Belém pedir ao Presidente que pressione o Governo para não avançar com as obras enquanto a UNESCO não decidir se a barragem vai ameaçar o património do Douro Vinhateiro.
Para além dos ambientalistas, também os produtores de vinho do Porto temem que a barragem provoque danos irreversíveis à qualidade que levou séculos a construir. Foto Symington.

“Gostaríamos que o Governo, depois de todo este processo junto da UNESCO e enquanto se aguarda a decisão final relativamente à classificação do Douro Vinhateiro como património mundial, de forma preventiva, suspenda a obra até pelo menos se saber qual o resultado dessa avaliação por parte da UNESCO” (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura), disse à agência Lusa o presidente da associação Quercus, Nuno Saraiva, no final de uma audiência dos ambientalistas com Cavaco Silva, em Lisboa.

Na semana passada, o maior grupo produtor de vinho do Porto manifestou junto da UNESCO "a preocupação que a conclusão da obra poderá causar danos irreversíveis à região do Douro", nomeadamente à qualidade do vinho. O grupo Symington - dono de  marcas como a Graham's, Cockburn's, Dow's, Warre's e Quinta do Vesúvio - tem propriedades junto à foz do Tua com "elevada reputação a nível mundial pela produção de alguns dos melhores vinhos do Porto", como a Quinta dos Malvedos e a do Tua, com "vinhas suportadas por socalcos de pedra que formam parte do trabalho de séculos que criaram a paisagem, única do Douro" e alerta para os danos irreversíveis que trará a construção da barragem da EDP.

“Estamos a falar de um impacto brutal, desde logo em termos sociais. Estamos a falar da degradação de um modo de vida, estamos a falar da afetação do vinho do Porto, que é a razão de ser do Alto Douro Vinhateiro, estamos a falar de um alto risco para a classificação do Alto Douro Vinhateiro como património da Humanidade, além de estarmos a falar de um enorme impacto ao nível patrimonial da destruição da linha do Tua e da destruição do vale do Tua, que é um dos ex-líbris da nossa paisagem”, afirmou João Joanaz de Melo, do Geota, à saída da audiência com Cavaco Silva, manifestando-se satisfeito com a reação de Cavaco.

Graciela Nunes, do Movimento de Cidadãos pela Preservação da Linha do Tua, disse à Lusa que “os cidadãos querem, a todo o custo, defender este património para serviço de transporte das populações e que é também um fator de desenvolvimento e de repovoamento da região”.

“Queremos que seja apelativo, que fixe as pessoas à região. Nós precisamos lá de gente dessa energia das populações. Sabendo que os comboios históricos são acarinhados por todo o mundo, por que não o são os nossos comboios?”, questionou.

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