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Dirigentes do Chega envolvidos em agressões homofóbicas em Viseu
Ao que o Expresso apurou, no final da tarde de quarta-feira, 21 de julho, um dos militantes do Chega terá abordado a vítima com comentários homofóbicos como “Olha a florzinha!” num café junto à sede do partido. A PSP foi chamada ao local e identificou os dois agressores, bem como duas testemunhas que se prontificaram a prestar declarações.
De acordo com o Jornal do Centro, um dos agressores faz parte da direção da Distrital de Viseu do Chega, “conforme consta na página oficial do partido”, e o candidato à Câmara Municipal de Viseu pelo Chega, Pedro Calheiros, presenciou as agressões.
A vítima relatou a este jornal o episódio de violência: “ele [agressor] estava sentado com todo o partido, começou a mandar bocas, a chamar-me de ‘Flor’ e ‘Maria Papoila’ e eu perguntei-lhe se o ‘conhecia de algum lado e o que ele tinha contra mim’. Entrei para o meu estabelecimento, vim buscar um computador e assim que saí perguntou-me se queria levar duas chapadas e eu disse-lhe que não falava com imbecis e ele começou a bater-me”.
No meio da confusão, “fui agarrado pelo senhor que está a candidatar-se à Câmara de Viseu pelo partido do Chega, enquanto o outro senhor me continuou a agredir, sem eu conseguir defender-me”, explicou. Após a intervenção da PSP, “veio ter comigo ao meu estabelecimento a tentar intimidar-me para que não apresentasse queixa”, continuou. A vítima adiantou ainda que vai “ao hospital para mostrar as marcas que tenho no corpo e na cara” e vai então formalizar uma denúncia.
A perseguição será recorrente, alega: “cada vez que passo na rua ouço comentários homofóbicos em relação a mim, estão sempre a gozar comigo”.
Uma das testemunhas frisou que “foi uma vergonha para um candidato à Câmara de Viseu”.
Contactada pelo Jornal do Centro, a direção distrital do Chega anunciou que vai remeter para mais tarde uma posição. Já a direção nacional do Chega disse ao Expresso que “não tomou conhecimento do sucedido”, pelo que “não tem comentários a tecer a esse respeito”.
Bloco de Esquerda repudia qualquer tipo de violência LGBTI+ fóbica
Em declarações ao Expresso, a candidata à Assembleia Municipal de Viseu pelo Bloco, Carolina Gomes, falou em “clima de perseguição”, assinalando que “tem aumentado o número de insultos e ataques nas redes sociais” à comunidade LGBT. “O aparecimento de movimentos ligados à extrema-direita facilitou o à-vontade com que estas agressões continuam a surgir na cidade”, explicou.
Em comunicado, a Comissão Coordenadora Concelhia de Viseu do Bloco de Esquerda repudia “qualquer tipo de violência LGBTI+ fóbica” e recorda que “tem levado ao longo dos anos os direitos humanos aos órgãos autárquicos onde tem representantes, nomeadamente os direitos LGBTI+”.
“Assunto que já foi desvalorizado, escarnecido e até negado. Nunca é demais lembrar que um voto de louvor à 1.ª Marcha Pelos Direitos LGBTI+ em Viseu foi chumbada na Assembleia de Freguesia de Viseu, por alegadamente não haver necessidade deste tipo de manifestação, uma vez que Viseu já era ‘tolerante’", lê-se na missiva.
A 28 de junho, Dia Internacional do Orgulho LGBTI+ , o Bloco viu aprovada na Assembleia Municipal uma moção que visava declarar Viseu “Zona de Liberdade LGBTI+”.
“Mas é preciso que tal se reflita na prática. Defendemos que para a construção de um concelho verdadeiramente livre para todas as pessoas é necessária a urgente criação de um Plano Municipal que desenhe políticas públicas promotoras dos direitos da comunidade LGBTI+”, escreve o Bloco de Viseu.
Contra a negação, desvalorização e normalização da violência dirigida a pessoas LGBTI+
O Bloco tem estado também na rua em Viseu contra a discriminação e violência dirigida a pessoas LGBTI+. Em 2005, participou na manifestação STOP Homofobia, contra os ataques a homossexuais no concelho. Esteve ainda presente nas três Marchas de Viseu Pelos Direitos LGBTI+, que ocorrem desde 2018.
E o partido garante que continuará a a dar voz às reivindicações da luta LGBTI+, e “estará na rua e no espaço público sempre que necessário contra a violência. Assim como contra a negação, desvalorização e normalização da violência dirigida a pessoas LGBTI+”.
Para os bloquistas, “Viseu só será a melhor cidade para se viver se escolher não ficar indiferente ao crescer do ódio, da violência, da discriminação e da segregação em relação às pessoas LGBTI+”.
Comments
Chega de homofobia
O pior que se pode fazer é ignorar a primeira agressão seja física ou verbal. É como na violência doméstica ignorar a agressão é um incentivo para que continuem
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