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Dirigentes do Chega envolvidos em agressões homofóbicas em Viseu

Dois militantes do partido, um dos quais dirigente da distrital de Viseu, são acusados de agressões homofóbicas, que ocorreram na presença de Pedro Calheiros, candidato do Chega à Câmara Municipal de Viseu. Bloco de Esquerda repudia qualquer tipo de violência LGBTI+ fóbica.
Sede do Chega em Viseu. Foto publicada na página de facebook Chega Viseu.

Ao que o Expresso apurou, no final da tarde de quarta-feira, 21 de julho, um dos militantes do Chega terá abordado a vítima com comentários homofóbicos como “Olha a florzinha!” num café junto à sede do partido. A PSP foi chamada ao local e identificou os dois agressores, bem como duas testemunhas que se prontificaram a prestar declarações.

De acordo com o Jornal do Centro, um dos agressores faz parte da direção da Distrital de Viseu do Chega, “conforme consta na página oficial do partido”, e o candidato à Câmara Municipal de Viseu pelo Chega, Pedro Calheiros, presenciou as agressões.

A vítima relatou a este jornal o episódio de violência: “ele  [agressor] estava sentado com todo o partido, começou a mandar bocas, a chamar-me de ‘Flor’ e ‘Maria Papoila’ e eu perguntei-lhe se o ‘conhecia de algum lado e o que ele tinha contra mim’. Entrei para o meu estabelecimento, vim buscar um computador e assim que saí perguntou-me se queria levar duas chapadas e eu disse-lhe que não falava com imbecis e ele começou a bater-me”.

No meio da confusão, “fui agarrado pelo senhor que está a candidatar-se à Câmara de Viseu pelo partido do Chega, enquanto o outro senhor me continuou a agredir, sem eu conseguir defender-me”, explicou. Após a intervenção da PSP, “veio ter comigo ao meu estabelecimento a tentar intimidar-me para que não apresentasse queixa”, continuou. A vítima adiantou ainda que vai “ao hospital para mostrar as marcas que tenho no corpo e na cara” e vai então formalizar uma denúncia.

A perseguição será recorrente, alega: “cada vez que passo na rua ouço comentários homofóbicos em relação a mim, estão sempre a gozar comigo”.

Uma das testemunhas frisou que “foi uma vergonha para um candidato à Câmara de Viseu”.

Contactada pelo Jornal do Centro, a direção distrital do Chega anunciou que vai remeter para mais tarde uma posição. Já a direção nacional do Chega disse ao Expresso que “não tomou conhecimento do sucedido”, pelo que “não tem comentários a tecer a esse respeito”.

Bloco de Esquerda repudia qualquer tipo de violência LGBTI+ fóbica

Em declarações ao Expresso, a candidata à Assembleia Municipal de Viseu pelo Bloco, Carolina Gomes, falou em “clima de perseguição”, assinalando que “tem aumentado o número de insultos e ataques nas redes sociais” à comunidade LGBT. “O aparecimento de movimentos ligados à extrema-direita facilitou o à-vontade com que estas agressões continuam a surgir na cidade”, explicou.

Em comunicado, a Comissão Coordenadora Concelhia de Viseu do Bloco de Esquerda repudia “qualquer tipo de violência LGBTI+ fóbica” e recorda que “tem levado ao longo dos anos os direitos humanos aos órgãos autárquicos onde tem representantes, nomeadamente os direitos LGBTI+”.

“Assunto que já foi desvalorizado, escarnecido e até negado. Nunca é demais lembrar que um voto de louvor à 1.ª Marcha Pelos Direitos LGBTI+ em Viseu foi chumbada na Assembleia de Freguesia de Viseu, por alegadamente não haver necessidade deste tipo de manifestação, uma vez que Viseu já era ‘tolerante’", lê-se na missiva.

A 28 de junho, Dia Internacional do Orgulho LGBTI+ , o Bloco viu aprovada na Assembleia Municipal uma moção que visava declarar Viseu “Zona de Liberdade LGBTI+”.

“Mas é preciso que tal se reflita na prática. Defendemos que para a construção de um concelho verdadeiramente livre para todas as pessoas é necessária a urgente criação de um Plano Municipal que desenhe políticas públicas promotoras dos direitos da comunidade LGBTI+”, escreve o Bloco de Viseu.

Contra a negação, desvalorização e normalização da violência dirigida a pessoas LGBTI+

O Bloco tem estado também na rua em Viseu contra a discriminação e violência dirigida a pessoas LGBTI+. Em 2005, participou na manifestação STOP Homofobia, contra os ataques a homossexuais no concelho. Esteve ainda presente nas três Marchas de Viseu Pelos Direitos LGBTI+, que ocorrem desde 2018.

E o partido garante que continuará a a dar voz às reivindicações da luta LGBTI+, e “estará na rua e no espaço público sempre que necessário contra a violência. Assim como contra a negação, desvalorização e normalização da violência dirigida a pessoas LGBTI+”.

Para os bloquistas, “Viseu só será a melhor cidade para se viver se escolher não ficar indiferente ao crescer do ódio, da violência, da discriminação e da segregação em relação às pessoas LGBTI+”.

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