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“Não vi o Presidente ir ao encontro dos jovens que combatem as alterações climáticas”

No debate deste sábado, Marisa Matias deixou claras as diferenças que a separam do atual Presidente. SNS e papel dos privados, leis laborais e precariedade, ênfase nas alterações climáticas foram questões que sublinhou.

Os debates entre candidatos presidenciais arrancaram este sábado na RTP. Ao longo de trinta minutos, Marisa Matias deixou claras as diferenças que a separam de Marcelo Rebelo de Sousa, trouxe a debate temas como o Serviço Nacional de Saúde e o papel dos privados, as leis laborais e precariedade, a ênfase nas alterações climáticas e no combate às desigualdades sociais. E teve ainda tempo para lembrar o passado do atual Presidente: cujo partido votou contra o Serviço Nacional de Saúde e que se opunha à legalização do aborto.

A primeira questão dirigida à eurodeputada foi sobre estabilidade governativa. Reconhecendo que “o papel de um Presidente é contribuir para a estabilidade”, Marisa tratou de sublinhar que “temos condições para entendimentos estáveis”, à esquerda, que são “essenciais à democracia”. Estes devem ser “entendimentos exigentes e não entendimentos que mantenham bloqueios e que não respondem à crise”.

A candidata defendeu também que esses entendimentos passam, por exemplo, pela contratação de mais profissionais, por “recuperar o essencial da lei de bases de saúde” ou por acabar com as leis laborais que foram introduzidas pela troika e pelo governo PSD-CDS.

Nestas questões, como na da “proteção dos serviços públicos”, Marcelo “podia ter ido mais longe”. Aliás, este “exerceu a sua influência a favor dos privados”. E esta é uma grande diferença entre as candidaturas. Para a candidata de esquerda, os privados devem ser envolvidos na resposta à crise “mediante os custos” porque “não devemos admitir a ideia de negócio” e de lucrar com a crise.

Marcelo, por seu lado, esforçou-se por minimizar diferenças, tática que aliás seguiu ao longo de todo o debate, invocando que é suficientemente velho para ter votado a constituição, querendo assim assegurar que defendia o SNS. Marisa contrapôs que o PSD votou contra a lei que o criou.

Combater a precariedade e as desigualdades

Outra diferença que a candidata quis destacar foi “a forma distinta de olhar para desigualdades”. Para ela estas “são o centro das políticas que temos tido”. E, por isso, “o combate às desigualdades não pode ser um desvio das políticas, tem que ser central, uma regra é não a exceção. O meu modelo de combate às desigualdades prevê acabar com o sistema de privilégios”, um modelo que prevê justiça na economia, assegurou.

Sobre o mesmo tema, e a propósito do estado de emergência, lembrou que, ao contrário do que disse Marcelo Rebelo de Sousa que colocou a possibilidade de renovação deste por oito dias, a questão não é sua duração mas o facto de que “tem havido pedidos sistemático às pessoas” que “não são acompanhados” pela proteção social. Os mais precários foram os primeiros “que ficaram sem chão”.

O entrevistador quis ainda saber as posições de ambos sobre o caso do currículo do Procurador Europeu. Marisa considerou a situação “muito grave” e pensa que se “deve exigir esclarecimentos”. E sobre o caso do cidadão ucraniano assassinado nas instalações do SEF criticou o silêncio presidencial que “não era justificável”. O que o atual Presidente disse ter sido uma “opção”.

Quando questionada mais vez sobre que falhas apontava a Marcelo, a eurodeputada declarou: “Eu não vi o Presidente vir ao encontro das trabalhadoras da Triumph ou da Cristina Tavares. Não vi o Presidente vir ao encontro dos milhares de jovens que vieram para rua reivindicar políticas de combate às alterações climáticas.”

Eutanásia: Marcelo e Marisa “em campos opostos”

Outra das questões colocadas em cima da mesa foi a eutanásia. Marisa considerou que estão “em campos opostos”. E recordou que também tinham estado relativamente à despenalização da interrupção voluntária da gravidez. “Marcelo Rebelo de Sousa esteve contra e hoje não podemos deixar de reconhecer como essa mudança contribuiu para a saúde pública”. Marcelo, alegou não conhecer a versão final da lei sobre eutanásia que irá ser apresentada ao Presidente para eludir a questão.

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