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Despedimentos na Galp vão "puxar economia de Portugal para baixo”

Galp vai fechar refinaria de Matosinhos, que conta com cerca de 400 trabalhadores. Catarina Martins critica desresponsabilização do Governo e lembra que esta “é uma empresa que distribuiu milhões de euros aos seus acionistas e está a despedir trabalhadores”, o que “é o pior da economia”.
Refinaria de Matosinhos. Foto da Galp.
Refinaria de Matosinhos. Foto da Galp.

À margem de uma reunião com a APRE, Associação de Reformados, Pensionistas e Idosos, realizada na manhã desta segunda-feira, a coordenadora do Bloco reagiu ao anúncio da Galp, defendendo que “é um exemplo do que não deve acontecer”. Isto porque, por um lado, “é uma empresa em que o Estado tem uma participação e que não usa o seu direito de voto nas assembleias gerais”. Ou seja, o Estado está a “desresponsabilizar-se de uma empresa onde pode ter uma palavra”. E, por outro, “é uma empresa que distribuiu milhões de euros aos seus acionistas e está a despedir trabalhadores”, o que “é o pior da economia”.

Para Catarina Martins “há alterações a fazer do ponto de vista dos combustíveis, da energia em Portugal em nome das alterações climáticas”. Mas isso deve ser feito através da reconversão dos setores, “o que significa também a reconversão do emprego”. E isso “nunca se fará com este tipo de despedimentos que o que fará é puxar a economia de Portugal para baixo”.

 
Dividendos da Galp entre 2007 e 2019.

2021 será o último ano de vida da refinaria da Galp em Matosinhos

A refinaria da Galp em Matosinhos fez 50 anos. Não vai chegar aos 51 porque 2021 será o seu último ano de vida. A empresa comunicou esta segunda-feira à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários que vai concentrar a atividade de refinação em Sines.

A Galp estima que terá assim uma poupança de 90 milhões por ano. Não se conhece ainda o destino dos entre 350 a 400 trabalhadores do complexo já que a empresa apenas refere estar a “desenvolver soluções adequadas para a necessária redução da força laboral e a avaliar alternativas de utilização para o complexo”. Entretanto, em Matosinhos, manter-se-á uma infraestrutura logística, assegurando a empresa que “continuará a abastecer o mercado regional mantendo a operação das principais instalações de importação, armazenamento e expedição de produtos existentes em Matosinhos”.

A justificação para o encerramento, segundo o comunicado tornado público, são as “alterações estruturais dos padrões de consumo de produtos petrolíferos motivados pelo contexto regulatório e pelo contexto covid-19”, que “originaram um impacto significativo nas atividades industriais de ‘downstreaming’ da Galp”.

Com esta decisão, promete-se, por outro lado, aumentar a “resiliência e competitividade do complexo industrial de Sines” e alega-se estarem “em análise iniciativas com vista ao aumento da sua eficiência processual e energética, bem como a integração da produção de biocombustíveis avançados e de outros produtos com baixo teor de carbono e maior valor acrescentado”.

Como resposta a esta situação, o ministério do Ambiente mostrou, em comunicado, disponibilidade para “reunir com a Galp e com as estruturas representativas dos trabalhadores” e preocupações sobre o “destino dos trabalhadores”. Contudo, enquadra as "medidas agora anunciadas” num “processo de transformação nacional e internacional do setor energético, visando, de forma geral, a sua descarbonização."

O Sindicato dos Trabalhadores das Indústrias Transformadoras, Energia e Atividades do Ambiente (Site-Norte), já no passado dia 11, alertava para a “incerteza” e “vulnerabilidade” da situação desta refinaria, na qual a produção de combustíveis se encontrava suspensa “indeterminadamente”, destacando que estaria em causa a “continuidade de um dos maiores polos industriais existentes no norte do país”. Então, o sindicato exigia a "retoma plena da atividade da fábrica de combustíveis" dados "os avultados investimentos que aí foram realizados” e que seriam “o garante do emprego, da criação de riqueza e do desenvolvimento da economia regional e do país”.

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