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Banco de Portugal: pandemia vai afetar mais o rendimento dos ricos do que o dos pobres?

O boletim económico de maio, divulgado pelo Banco de Portugal, inclui um estudo que conlui que os rendimentos dos mais ricos terão uma quebra percentual maior que o dos mais pobres. Mas os escalões mais altos conseguem suportar despesas durante mais de um ano, ao passo que os mais pobres apenas o conseguem durante cerca de um mês.
Carlos Costa, foto de Mário Cruz/Lusa.
Carlos Costa, foto de Mário Cruz/Lusa.

O boletim económico de maio, publicado pelo Banco de Portugal, inclui um estudo sobre o "impacto médio no rendimento disponível e no rendimento líquido do trabalho decorrente da pandemia”. Para tal, o estudo calculou o rendimento do trabalho de cada pessoas de um agregado familiar após a pandemia, somando-o depois aos restantes rendimentos (assumindo que estes últimos não são afetados pela crise).

Como seria expectável, "O efeito da pandemia varia por grupos de famílias, uma vez que estes diferem no número de indivíduos com rendimento do trabalho, assim como na situação laboral […] dos indivíduos que trabalham." Em média, o rendimento mensal dos agregados familiares cai 5,3%, devido a uma quebra de 8,2% nos rendimentos do trabalho.

Um dos fatores que pesa na quebra de rendimento é o facto de existir mais de 1 milhão de trabalhadores em lay-off, o que significa uma quebra do rendimento mensal, além dos que ficaram desempregados ou têm salários em atraso. Depois, existe o conjunto das pessoas mais pobres, que não possui rendimentos do trabalho, e o dos pensionistas – para estes, o Banco de Portugal conclui que a pandemia não tem qualquer impacto no rendimento, já que não possuem rendimentos do trabalho.

É por isso que o estudo conclui que a pandemia penaliza mais os rendimentos dos mais ricos do que o dos mais pobres: "No grupo de 20% de famílias com rendimento mais baixo o rendimento disponível médio reduz-se 2,4%, o que compara com uma redução de 7,8% no grupo de 10% de famílias com rendimento mais elevado". No entanto, é preciso ter em conta o peso que a redução tem em cada escalão de rendimentos.

Por outro lado, os 20% mais pobres apenas conseguem cobrir despesas durante pouco mais de um mês recorrendo à riqueza que têm disponível, ao passo que os 20% mais ricos têm recursos para fazer face a despesas durante mais de um ano. Sem surpresa, serão os escalões mais baixos que enfrentarão maiores dificuldades durante a crise.

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