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EDP altera informações dadas a clientes, depois da nossa exposição

O artigo publicado ontem sobre o plano “EDP Continente” foi amplamente partilhado, tendo recebido muitos comentários de clientes interessados em saber mais pormenores. Da parte da EDP, houve uma alteração nas informações dadas na Internet, assim como a colocação de comentários da parte de pessoal seu. Por Ricardo Coelho

Concretamente, quase 24 horas depois de o artigo “Ganha a EDP, ganha o Continente, perdemos nós” ter sido publicado, a EDP alterou o plano tarifário anunciado no seu sítio de Internet para o plano "EDP Casa". Sendo assim, quem seguir a ligação citada no artigo encontrará agora um preço de €0,1365 por kwh, mais elevado que o descrito no Caso 02, e um preço de €0,3242 por dia pela potência contratada de 6,9 kVA, mais baixo que o apresentado no Caso 02. Temos assim que a conta final do Caso 02, com base nestes novos valores, será de €62,8, um valor mais elevado que o previsto inicialmente mas ainda mais baixo que o do plano "EDP Continente".

O novo tarifário prevê ainda a possibilidade de adesão ao plano "EDP Casa" com uma potência abaixo de 6,9 kVA, sendo que neste caso o valor da fatura será exatamente igual ao da tarifa regulada.

Curiosamente, contudo, numa outra página do grupo EDP, o tarifário anunciado para o plano "EDP Casa" ainda é o anunciado até ao dia 18 de Janeiro1. Talvez depois do reparo feito aqui o tarifário seja corrigido mas entretanto fica toda esta confusão como um indício de o que está para vir com a liberalização do mercado de eletricidade.

Assinalo que a alteração do tarifário “EDP Casa” não altera as conclusões essenciais do texto publicado ontem. Não é admissível que a EDP use a sua posição monopolista para favorecer de forma tão clara um grupo retalhista, em detrimento de outros espaços comerciais e em prejuízo claro do comércio de proximidade. Não é admissível que se apresente um desconto em cartão Continente proporcional à fatura de eletricidade como uma política social. Não é admissível usar engodos deste tipo para atrair as pessoas a aderir ao mercado liberalizado antes que a isso sejam forçadas pelo governo, dando a ideia de que a transição foi voluntária. A liberalização dos preços da eletricidade será um péssimo negócio para a população, como já o foi a liberalização dos preços dos combustíveis, e não há esmolas em cartões de hipermercados que anulem esta realidade.

Com base nos múltiplos comentários deixados, é possível ainda acrescentar três detalhes importantes sobre o plano "EDP Continente" não enunciados anteriormente: (1) o plano não contempla a tarifa social, (2) quem mudar para o plano não poderá depois mudar de novo para a tarifa regulada, (3) quem quiser manter-se na tarifa regulada pode fazê-lo até 2015 mas, a partir de 2013, sofrerá uma penalização no valor do kwh, a mando da "troika".

Aproveito para agradecer os comentários, que em muito permitiram melhorar este trabalho.


 

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Sobre o/a autor(a)

Ricardo Coelho, economista, especializado em Economia Ecológica
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