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Incêndios: Ambientalistas reagem às medidas do governo

As associações Zero, Quercus, LPN e Geota destacaram algumas medidas positivas, mas não escondem críticas a outros aspetos do pacote aprovado no Conselho de Ministros.
Foto Miguel A. Lopes/Lusa

As várias associações ambientalistas portuguesas deram a conhecer as suas posições quanto às propostas apresentadas este fim de semana pelo governo para a proteção da floresta e reforço da proteção civil .

Para a associação Zero, uma das medidas positivas é a da contratação de cem equipas de sapadores florestais e cinquenta vigilantes da natureza, uma reivindicação antiga. A Zero tem dúvidas sobre o programa de voluntariado, sublinhando que além dos voluntários “são necessárias pessoas profissionais” no terreno, a fazer vigilância. E defende a colocação de mil vigilantes nos meses mais críticos de risco de incêndio. “A presença de pessoas no terreno é dissuasora de tantas ignições, e não basta só limpar estradas e determinadas medidas”, diz a associação, citada pela agência Lusa.

Por seu lado, a Quercus entende que o governo devia aproveitar esta oportunidade no sentido de legislar para diminuir a área de plantação de eucalipto. “O eucalipto está a expandir-se sozinho e principalmente depois dos incêndios, porque nascem várias árvores, mas o eucalipto acaba por dominar”, afirmou João Branco à Lusa. Para a Quercus, o “grosso das medidas anunciadas é de resposta imediata, que é uma função do Estado, mas sem impacto estrutural”. A associação defende anda que os 15 milhões de euros destinados pelo governo para os planos de estabilização de emergência são “medidas completamente ineficazes e muitas vezes é deitar dinheiro fora” porque quando o processo estiver completo “já choveu o que tinha a chover e começou a crescer a vegetação”. A “reflorestação com espécies autóctones” e a colocação de “folhosas de baixa combustibilidade”, como carvalhos, sobreiros e castanheiros, em “locais estratégicos, para compartimentar as monoculturas de eucaliptos e pinheiros”, seriam medidas mais eficazes para impedir a progressão dos fogos, defende a Quercus.

Também a GEOTA reagiu às medidas do governo, considerando um “bom sinal” a reforma da proteção civil, mas lamentando que elas falem muito “de combate a incêndios e muito pouco de florestas". "Há um sério risco de fazer um pacote de medidas sobre coisas que são as mais fáceis de fazer e de deixar para as calendas gregas as medidas estruturais que são as mais difíceis de pôr em prática", afirmou Joanaz de Melo à agência Lusa. O dirigente da GEOTA considera ainda “muito poucochinho" o que foi anunciado no que toca ao reordenamento da floresta portuguesa, com o governo a limitar-se a pôr em prática recomendações feitas por uma série de entidades. Algumas delas “já estavam no papel há anos e anos”, acrescentou.

A Liga para a Proteção da Natureza (LPN) congratulou-se com as medidas, sublinhando que “é pena que elas tenham apenas sido tomadas em contexto de reação à tragédia de devastadores incêndios”. Em comunicado, a LPN exorta o ministro da Agricultura “para que tenha a coragem e a sabedoria de romper com políticas absolutamente desequilibradas na alocação dos recursos e aposte forte e sem tibiezas na valorização e proteção da floresta e dos recursos naturais na revisão do atual Plano de Desenvolvimento Rural, e na negociação e preparação da próxima Política Agrícola Comum, e novo Programa de Desenvolvimento Rural”. E apela a António Costa e Mário Centeno “para que possibilitem uma orçamentação anual sustentada do Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas para que este possa, como certamente deseja, exercer as suas responsabilidades públicas”.

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