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“A ministra demitiu-se, falta demitir o modelo que falhou”
O debate quinzenal com o primeiro-ministro ficou marcado pela destruição e morte causada pelos incêndios dos últimos dias.
“O Estado falhou a quem perdeu a vida, a quem ficou ferido. O Estado falhou a quem ficou sozinho a fazer frente ao fogo, a quem foi combater sem meios, a quem perdeu tudo e a quem caminha hoje sobre as cinzas”, afirmou Catarina Martins, chamando a atenção para a responsabilidade política pela tragédia.
Uma responsabilidade que “é de muitos governos, incluindo o atual, é de muitas maiorias parlamentares, incluindo a atual. Reconhecer isto é o patamar mínimo para podermos responder ao país. E o Bloco reconhece”, prosseguiu.
“Se tudo falha, é porque tudo deve ser diferente, da floresta à proteção civil”, defendeu Catarina, recordando a recomendação aprovada no parlamento em 2014, baseada nos relatórios sobre os incêndios desse ano, e cujas conclusões foram aprofundadas no recém-apresentado relatório sobre os incêndios em Pedrógão e concelhos vizinhos.
“A ministra demitiu-se, falta demitir o modelo que falhou” @catarina_mart #debatequinzenal pic.twitter.com/MCaBP7SBbi
— Esquerda.Net (@EsquerdaNet) October 18, 2017
Nesses relatórios, é proposta a concentração numa mesma entidade da prevenção estrutural e conjuntural e do combate aos incêndios. “Ouçamos os especialistas, aprendamos com o resto do mundo e tenhamos a coragem de fazer diferente”, propôs Catarina.
“A ministra demitiu-se, mas falta demitir o modelo que falhou”, concluiu a coordenadora do Bloco, respondendo em seguida aos desafios lançados na véspera por Marcelo Rebelo de Sousa.
“O Presidente da República tem razão, é preciso um novo ciclo”
“O Presidente da República tem razão, é preciso um novo ciclo”, afirmou Catarina, enunciando as questões concretas colocadas por Marcelo: “o quê, quem, como e quando serve esse novo ciclo?”.
Para o Bloco de Esquerda, a respostas passam pela criação de “uma nova estrutura de responsabilidade no governo que reúna ordenamento do território, política florestal e combate a incêndios”. E também por colocar “novos responsáveis, com a capacidade de reconhecer o permanente estado de exceção climática em que vivemos”. Um trabalho que deverá ser feito “articulando o que tem estado desarticulado, com mais meios, muito mais profissionalização e com a humildade de aprender com os especialistas e de ouvir as populações”.
“E fazê-lo desde já: no imediato, apoiar quem precisa, indemnizar quem deve ser indemnizado, reconstruir capacidade produtiva e emprego, prevenir novas catástrofes ambientais decorrentes do que já ardeu. E garantir a investigação dos crimes contra a floresta e impor regras para que ninguém ganhe com a desgraça de todos”. No médio prazo, “fazer o cadastro, tomar conta das terra sem dono, limpar a floresta e prevenir incêndios; e no longo prazo, “inverter o abandono do território e construir uma nova floresta, mais resiliente e segura”.
Afirmando que o Bloco está disponível e tem estado sempre para essa reforma, Catarina lembrou que “passámos o inverno a propor mais sapadores florestais, mais vigilância e a reforma da floresta”.
“Depois de Pedrógão, pedimos um novo plano de proteção civil que fosse capaz de responder pela segurança da população num ano de seca extrema e de todos os perigos”, prosseguiu Catarina, sublinhando que no Orçamento do Estado para o próximo ano, “voltamos a defender o investimento público capaz de garantir os meios que faltam e os apoios que têm de ser prioritários”.
“É o governo que tem na mão a escolha”, concluiu Catarina, sublinhando que “nunca como hoje o país exige essas mudanças” e no futuro “penalizará os que nada fizeram ou agravaram os problemas”. A poucos dias do Conselho de Ministros extraordinário, convocado na sequência da entrega do relatório dos peritos independentes sobre Pedrógão, Catarina avisou o primeiro-ministro de que "não há desculpa para falhar".
Moção de censura em dia de luto nacional “é um truque grotesco”
Catarina Martins referiu-se também à apresentação de uma moção de censura por parte da “ex-ministra dos eucaliptos”, apontando que “quem agora censura é o mesmo partido que na sequência da tragédia de Pedrógão não fez uma única proposta para a reforma florestal”.
“Esta moção de censura, anunciada no primeiro dia do luto nacional, é um truque grotesco. A exigência do PSD hoje de uma moção de confiança e de um ridículo intolerável. A exploração da vulnerabilidade do país é deplorável e os portugueses não a vão esquecer", acrescentou.
Salientando a diferença das políticas florestais da direita, Catarina defendeu que “uma coisa é promover a monocultura do eucalipto e a extinção dos serviços florestais, a herança deixada pela ministra Assunção Cristas, ou dar-lhes mais meios e formação”.
“Há uma diferença entre ter a Proteção Civil e a floresta refém de interesses privados, tal como têm feito sucessivos governos PS, PSD e CDS, ou fazer as escolhas difíceis para responder pelo interesse público”, prosseguiu.
Na resposta, o primeiro-ministro afirmou que “ação é o que nos compete fazer”, prometendo mudanças para o “novo ciclo” em matéria de gestão dos meios aéreos, de sistema de comunicações, reforço da prevenção estrutural, mecanismos de prevenção e qualificação de todos os agentes. “O resto são jogadas políticas que verdadeiramente são indignas da gravidade do momento e da gravidade dos acontecimentos que nós vivemos”, concluiu António Costa.
Comments
COMO ACABAR COM OS INCÊNDIOS EM PT!
COMO ACABAR COM OS INCÊNDIOS EM PORTUGAL?
1 - FIM DAS "ÁRVORES GASOLINA" ESTRANGEIRAS. Retirar tudo que é Eucalipto e pior do que isso, exterminar o Pinheiro Bravo (árvores Escandinavas que em vez de Neve tem 40º graus de "fuel", além de todas as outras plantas nesta linha.
2 - Plantar apenas as Árvores milenares e autóctones da Ibéria Ocidental!
3- As Universidades devem desenvolver os satélites que detectam uma fogueira de 1 x 1 metro e devem pesquisar, estudar, evoluir e construir dezenas de milhares de Drones com cerca de 2 x 2 metros cada e munidos de gás anti inflamável (tipo extintores, mas mais leves) e atacar imediatamente o incêndio enquanto não é mais do que uma fogueira em crescimento.
4 - A seguir há que fazer chegar uma equipe móvel de bombeiros ao local rapidamente, talvez como nos EUA, por para-quedas.
5 - Quem Controlará o Espaço Aéreo Português será a Força Aérea, daí a necessidade de se formarem Aviadores de Incêndios e Bombeiros Aéreos (integrados nas forcas nacionais).
6 - Formar e coordenar a Sociedade Civil para ajudar no Combate.
7 - Prevenção, Educação!
Para tomar posição de acordo
Para tomar posição de acordo com as políticas do Bloco, o próprio Bloco de Esquerda assumiu a sua parte da culpa solidarizando-se com os parceiros de governo - uma mea culpa que óbviamente não tem, devido a uma responsabilização dada pelo Presidente da República ao governo, que óbviamente não tem qualquer razão de ser. As políticas que levaram ao estado inoperante de todas as atividades no combate aos fogos são fruto ainda da governação CDS/ PSD, especialmente essa fraude monumental que è o SIRESP. A ausência de políticas que igualmente levaram ao estado inoperante de todas as atividades no combate aos fogo são fruto também da governação dessa associação desse partido de extrema-direita com o CDS. Por isso na minha opinião gerou-se uma ambiência trágica que toldou a lucidez geral, e fez com que a emoção do P. R. com a sua declaração, acicatasse mais uma vez o rancor dessa direita racalcada, que mais uma vez mostra que políticamente nada vale. Deve-se dar o mesmo tratamento/ importância que essa facção política deu à esquerda, e a António José Seguro (lembram-se bem???) no tempo da TROIKA.
Grotesco e morrerem mais de
Grotesco e morrerem mais de 100 pessoas em panico e carbonizadas... crianças gravidas.. nas suas casas e nas estradas deste pais sem qualquer auxilio ... isso e que e grotesco.
CUIDADO COM AS PALAVRAS
Pensei que o bloco era diferente ... enganei-me
Reformas para a luta contra os incêndios
em tudo o que li e ouvi, nunca vi menção alguma das forças armadas.
que quer dizer "defender o país"? o país não é a gente que somos todos?
se servem à vezes para reprimir, assegurar a ordem interna "instalada", porque não podem e devem intervir para proteger as pessoas e as riquezas nacionais?
além do mais, é ocasião única de se treinarem, de saberem estar de alerta...
incrível que nenhum governo, nenhum relatório ou recomendação, nenhum fazer de opinião... tenham evocado essa fileira!!
Antes demais, quero afirmar a
Antes demais, quero afirmar a minha concordância com as medidas anunciadas pelo Jorge Roque.
A ex-ministra dos eucaliptos.... desconhecia que o tinha sido..... mas está tudo dito nesse caso.
E sim, a palavra de Catarina Martins está correcta em termos políticos.... o truque foi GROTESCO.
Protecção Civil – reorganização da protecção, socorro e combate
A Protecção Civil está erradamente alicerçada no voluntariado quando deveria estar dotada de meios profissionais!
Os bombeiros voluntários merecem todo o nosso respeito e carinho, são abnegados e heróicos, mas são voluntários, mal equipados e na sua maioria com deficiente formação e treino, e sem treino de conjunto, e muitos com níveis físico e etários desajustados às funções.
O ideal seria criar mais corporações de bombeiros profissionais adequadamente apetrechadas de meios humanos e materiais e renovar os equipamentos dos voluntários e dotá-los de formação e treino contínuos.
Porque o País continua com escassos recursos financeiros a solução imediata está nas Forças Armadas com a criação de uma unidade de elite militar de Sapadores de Emergências cujos objectivos serão os de acorrer a grandes sinistros, fogos florestais, inundações, cataclismos telúricos, etc. que agregará os bombeiros sapadores, bombeiros municipais, bombeiros voluntários, GIPS e FEB que coordenará e comandará assim como coordenará e comandará todos que actuam nas áreas e teatros de operações.
A unidade de Sapadores de Emergências juntamente com os bombeiros voluntários e profissionais e apoiada pelos meios militares, navais, terrestres e aéreos, constituirá uma força poderosa, disciplinada e organizada para fazer frente a fogos florestais e a catástrofes naturais!
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