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Quem aqui escreveu merece resposta; vamos partir destas análises para algumas conclusões

Contributo de Carlos Silva

Estas pessoas que aqui vieram expressar-se acerca do nosso Movimento, que deram o seu tempo e o melhor do seu esforço a refletir e a analisar a situação do Bloco, devem ter algum tipo de resposta pelos camaradas que têm a seu cargo responsabilidades de coordenação e direção .

Merecem-no porque vieram a este fórum com toda a seriedade, preocupados com o seu Movimento, debater e analisar no local certo e no tempo adequado o que correu bem, o que correu mal, o que precisa de ser melhorado. Vieram apresentar as suas dúvidas mais do que legítimas, as suas perplexidades mais do que compreensíveis, vieram expor as suas razões e as suas perguntas. Fizeram-no de um modo franco, frontal e honesto e precisam de algum tipo de resposta.

A riqueza de uma organização como o Bloco, que segue os ideais da democracia participativa, está nos seus militantes, que nas dificuldades do quotidiano não desistem de trabalhar pelas suas causas e ideais, organizados no seu Movimento.

Muitas destas pessoas estão perplexas, estão desapontadas, estão sem perceber diversas coisas e na noite de 5 de Junho a campainha de alarme soou forte e ainda não parou de tocar, lembrando que algo não vai bem com o BE e algo precisa de ser melhorado e corrigido. Algumas destas pessoas, perante o silêncio – ou as insuficientes respostas - dos camaradas da direção do Movimento – ponderam afastar-se de uma organização que não está a responder ás suas compreensíveis dúvidas, interrogações e perplexidades.

Muit@s dos que têm vindo aqui expressar-se são aderentes desde a primeira hora do nosso Movimento, são militantes que já deram muito tempo de trabalho e esforço ao projeto político do BLOCO e que – como tod@s os aderentes – merecem o máximo respeito. Muitas destas pessoas não estão em lugares de decisão, nem têm acesso a “fontes privilegiadas”, nem têm contacto com altas esferas, são simplesmente cidadãos que dispõem apenas da informação de que os cidadãos comuns dispõem para as suas análises. Mas esse facto não lhes retira o direito de serem ouvidos, de se incorporarem no debate e de que as suas opiniões sejam tidas em consideração.

Quem está ao leme do Bloco, devia juntar-se ao grande movimento de análise crítica e debate existente, devia ir junto de muitos militantes ouvi-los e responder-lhes, devia tentar esclarecer o que não está esclarecido, devia tentar unir, devia tentar mobilizar neste momento difícil, devia tentar encontrar denominadores comuns e consensos em tudo o que é dito, devia exprimir concordância e discordância acerca das análises feitas, devia ter a coragem de se posicionar, devia assumir erros porque houve erros, porque caso contrário os portugueses teriam certamente dado ao BE outro apoio. A atenção de quem coordena o Movimento devia focar-se um pouco mais na vida interna de uma estrutura que está reduzida em número de ativistas e minada por dúvidas e interrogações a somar ás tensões entre grupos e tendências.

Aceitemos que ação e reflexão são indissociáveis, e que não haverá esforço militante se não for dada voz e a possibilidade de análise aos militantes. Aceitemos que o nosso movimento quer praticar uma democracia avançada em que todos são chamados a trabalhar, mas também a pensar, a refletir, a opinar e - na medida do possível - a decidir conjuntamente. Aceitemos que temos que melhorar e autocorrigir para crescer e cumprir o desígnio de servir consequentemente a causa dos trabalhadores, do povo e do país. Aceitemos que para aperfeiçoarmos o nosso Movimento -e a ação que ele desenvolve- temos que ver onde falhámos e autocorrigir-nos, o que envolve reflexão, análise ponderada e serena, por tod@s os que nele participam. Aceitemos que se queremos trazer algo de novo e de melhor à triste vida política portuguesa, temos que escutar e ponderar no que dizem os militantes do movimento e praticar já na sua vida interna a democracia avançada e participada que defendemos que se estenda a toda a sociedade.

É certo que tem-se falado um pouco dentro do BE, nos últimos meses. Este fórum e as assembleias distritais realizadas são exemplos disso; …Mas tem-se dialogado pouco! Tem-se assistido a uma espécie de sucessão de monólogos e boas análises que em geral se ignoram umas ás outras.

Vamos ouvir-nos uns aos outros, vamos dialogar no respeito pelas divergências, vamos entender-nos na nossa diversidade, vamos encontrar consensos que permitam o nosso aperfeiçoamento enquanto organização e instrumento ao serviço dessa larga maioria que é o povo português.

A sociedade portuguesa, os assalariados, os trabalhadores, precisam de um Bloco capaz de os defender eficazmente deste capitalismo selvagem que está a tomar conta de tudo. Não é sendo entendidos e apoiados por apenas 5% da população que cumpriremos eficazmente o nosso papel. Não é eximindo-nos ao debate e à reflexão que aprenderemos com a nossa experiência e que cresceremos .

Muitos aderentes – neste tempo problemático da vida do país, dos trabalhadores e do nosso Movimento - precisam de sentir a presença dos seus dirigentes ao seu lado à procura de explicações e respostas como eles, à procura de da via certa como eles, à procura de tirar lições que lhes permitam crescer e melhorar com os reveses como eles, em busca de visões e caminhos comuns como eles.

Temos que ser melhores do que temos sido para realizarmos essa necessidade urgente de uma esquerda nova que esteja à altura de servir o interesse de quem depende unicamente da sua força de trabalho para sobreviver.

Ainda estamos a tempo de fazer com que o Bloco não seja mais uma esperança perdida para os trabalhadores portugueses.

É e será essa a nossa responsabilidade.

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