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"Incompetência do Governo não pode encontrar justificação na meteorologia"

Pedro Soares acusou a maioria PSD/CDS-PP de ser responsável pelo agravamento dos fogos florestais. “Não se conhecem deste Governo políticas florestais nem políticas de prevenção para a florestas”, referiu o dirigente bloquista, lembrando ainda que os sapadores florestais estão sem receber apoios desde junho.

“Este é o terceiro pior ano dos últimos dez em matéria de fogos florestais. Já ardeu uma área de 28 780 hectares, quando, no ano passado, por esta altura, tínhamos 7 575 hectares ardidos”, lamentou Pedro Soares, em conferência de imprensa, na sede nacional do Bloco, em Lisboa.

“Sabemos que as condições meteorológicas constituem uma variável importante no número de ocorrências de fogos florestais, mas não é legítimo responsabilizar apenas as condições meteorológicas como o Governo está a tentar fazer”, avançou.

Para o dirigente bloquista, "a incompetência do Governo não pode encontrar justificação na meteorologia”.

“Sabemos que a região sul da Europa e Portugal têm condições da floresta e meteorológicas propícias para a deflagração de incêndios, mas compete a um Estado competente colocar um dispositivo no terreno que permita contrariar os efeitos, tanto ao nível do ataque direto como da prevenção", salientou o membro da comissão permanente do Bloco.

“Não se conhecem deste Governo políticas florestais nem políticas de prevenção para a florestas”, acrescentou, sublinhando que, pelo contrário, o executivo tem apostado na liberalização do eucalipto e no ataque aos baldios, com a recente revisão da legislação.

Pedro Soares apontou como exemplo da “incúria” da maioria PSD/CDS-PP no que respeita à prevenção dos incêndios o facto de as 280 equipas de sapadores florestais estarem sem receber os apoios financeiros a que o Governo se comprometeu desde junho deste ano, ou seja, desde o início do período de maior risco de incêndios florestais, o que as deixa sem dinheiro para salários e sem dinheiro para o combustível das viaturas.

O grupo parlamentar do Bloco já questionou, inclusive, a ministra da Agricultura e do Mar sobre o atraso no pagamento da "segunda tranche" de apoios, no valor de 3,4 milhões de euros, devidos às equipas de sapadores florestais.

O dirigente bloquista apontou ainda o exemplo dos helicópteros Kamov, nos quais o Estado português investiu "cerca de 100 milhões de euros". "40% [duas aeronaves] estão no chão, sem levantar voo, à espera de reparação", lembrou Pedro Filipe Soares.

"Em junho, havia apenas um a funcionar, em julho dois e só em agosto é que há três [helicópteros]", lamentou.

Segundo o membro da comissão permanente do Bloco, "há uma espécie de despreocupação grave que coloca em risco a floresta, pessoas, bens, uma riqueza, um recurso importantíssimo a nível nacional, tanto em termos económicos, como ambientais e paisagísticos".

"O Bloco responsabiliza o Governo pelo eventual agravamento da situação relativa aos fogos florestais, já que estamos no início de agosto e ainda há muito verão pela frente", rematou.

Na terça-feira, a Autoridade Nacional de Proteção Civil (ANPC) registou 209 incêndios.

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