You are here

AJA celebra 30 anos a evocar a Obra e o exemplo de cidadão de José Afonso

Em declarações ao Esquerda.net, o presidente da direção da Associação José Afonso (AJA), Francisco Fanhais, afirma que a AJA tem como objetivo “dar continuidade ao legado do Zeca, preservar a sua memória e pôr a sua arte ao serviço da cidadania”.

A Associação José Afonso nasceu em novembro de 1987 pela mão de um grupo “não só de músicos, mas também de pessoas ligadas ao teatro, ao cinema, à animação cultural, etc” que “se juntou e pensou que, tendo o Zeca deixado uma marca tão grande em tantos de nós”, era preciso “canalizar essas forças e dar continuidade ao legado do Zeca, preservar a sua memória e pôr a sua arte ao serviço da cidadania”.

Conforme lembra Francisco Fanhais, no início da existência da AJA, “o forte da sua atividade foi a organização de festivais musicais”.

“O festival Cantigas de Maio começou por ser em Setúbal, passando posteriormente para o Seixal, onde se estabeleceu por vários anos”, refere.

Segundo Francisco Fanhais, este foi um festival “pioneiro, um dos primeiros festivais de música do mundo”.

Sendo feito em parceria com a Câmara Municipal do Seixal, quando se registou uma diminuição da verba por parte da autarquia, “tornou-se complicado manter a mesma dimensão que a iniciativa tinha atingido”, e o projeto ficou por ali.

Entretanto, “com o acentuar da crise”, avança Fanhais, “começaram a surgir núcleos por todo o país, talvez devido às circunstâncias históricas que o país estava a viver”, o que fazia com que as pessoas “tentassem encontrar referências na sua vida” e se mobilizassem “para que ninguém caísse na resignação”.

“De há dez ou quinze anos para cá, grande parte do dinamismo da associação nasce precisamente da criação de núcleos”, sinaliza o dirigente associativo.

Atualmente, a AJA tem núcleos em Setúbal (sede nacional), Porto, Aveiro, Grândola, Lisboa, Santarém, Alto Alentejo, Barreiro/Moita, Évora, Tavira, Coimbra, Almada/Seixal, Covilhã, Quarteira e Bruxelas. Há ainda a expectativa que brevemente seja possível criar um núcleo em Hamburgo.

Nos próximos dias, a AJA promove inúmeras iniciativas para assinalar os 30 anos da sua atividade a evocar a Obra e o exemplo de cidadão de José Afonso.

O Esquerda.net divulga as iniciativas que têm lugar ainda esta semana:

23 de fevereiro

Quinzena de Homenagem a José Afonso – Exposição “Geografias de uma Vida”, com 18 painéis, dedicada à Vida e Obra de José Afonso
Mais informações. Organização: núcleo da AJA de Almada/Seixal.
Almada, Galeria Municipal de Artes, 10h.

Quinzena de Homenagem a José Afonso – Exibição do documentário “Não me obriguem a vir para a rua gritar” (61 minutos)
Mais informações. Organização: núcleo da AJA de Almada/Seixal.
Almada, Galeria Municipal de Artes, 15h30.

Évora presta homenagem a José Afonso - Exposição discográfica interativa "Desta Canção Que Apeteço"
Mais informações.
Évora, Palácio do Barrocal (INATEL), 18h.

José Afonso e as palavras
Júlia Lello, poetisa e actriz, conduzir-nos-á numa viagem pela poesia de José Afonso. Marta Ramos interpretará algumas das canções de Zeca, acompanhada por João Parreira na guitarra. Mais informações.
Lisboa, sede da AJA – Rua de São Bento 170, 19h.

Projeção do documentário cinematográfico de João Pedro Moreira “Não me Obriguem a vir para a Rua Gritar”
Organização: Núcleo da Associação José Afonso da Região de Aveiro. Mais informações.
Aveiro, Auditório da Associação Cultural Mercado Negro, 19h.

Tributo a José Afonso - Canto Afonsino
Com Carlos Alberto Moniz, Francisco Naia, Vitor Sarmento, José Carita, Ricardo Fonseca e Rui Freire. Mais informações.
Lisboa, Academia de Santo Amaro, 21h30.

Tributo a Zeca Afonso
Com o Grupo Canto d´Aqui, Artur Caldeira, Ana Ribeiro e a cantora galega Uxia.
Braga, Conservatório de Música Calouste Gulbenkian, 21h30.

Quinzena de Homenagem a José Afonso – Sessão evocativa do Zeca
Com uma intervenção sobre José Afonso, e momentos de poesia e música, respectivamente, por Henrique Guerreiro, Alexandre Castanheira e Vitor Paulo. Organização: núcleo da AJA de Almada/Seixal. Mais informações.
Almada, Galeria Municipal de Artes, 21h30.

Évora presta homenagem a José Afonso - Tertúlia: "Zeca Afonso e o canto de intervenção. Ontem e hoje"
Com os cantores A P Braga e Benjamim. Estará patente uma pequena exposição fotográfica alusiva a José Afonso, da responsabilidade do fotógrafo eborense José Manuel Rodrigues. Mais informações.
Évora, Sociedade Harmonia Eborense, 22h30.

24 Fevereiro

Évora presta homenagem a José Afonso - Exposição discográfica interativa "Desta Canção Que Apeteço"
Mais informações.
Évora, Palácio do Barrocal (INATEL), 18h.

Tributo a José Afonso
Ver evento de facebook.
Odivelas, Centro Cultural Malaposta – Rua de Angola, Olival Basto, 21h30.

Évora presta homenagem a José Afonso - Tertúlia: "O pensamento e os valores do Zeca Afonso: a utopia, a liberdade, a cidadania"
Com a presença do Professor Silvério Rocha-Cunha. Mais informações.
Évora, Hall do Teatro Garcia de Resende, 21h30.

25 de fevereiro

Évora presta homenagem a José Afonso - Exposição discográfica interativa "Desta Canção Que Apeteço"
Mais informações.
Évora, Palácio do Barrocal (INATEL), 18h.

Jantar Convívio Celebrar o Zeca
Mais informações. Organização AJA Almada/Seixal.
Seixal, Restaurante Bar O Bispo, a partir das 20h.

Zeca 30 anos depois
Com Francisco Fanhais, António Fernandes, António Duarte, Ruben Matos, Jeremias. Comunicação de Fernando Paulouro. Entrada livre. Organização núcleo AJA Covilhã/Belmonte. Mais informações.
Covilhã, Grupo Desportivo da Mata, 21h.

26 de fevereiro

Évora presta homenagem a José Afonso - Exposição discográfica interativa "Desta Canção Que Apeteço"
Mais informações.
Évora, Palácio do Barrocal (INATEL), 18h.

Comentários (1)

Neste dossier:

Zeca Afonso: Sem muros nem ameias

Um homem comprometido com a luta pela Liberdade. Um homem bom e humilde, solidário, com um enorme sentido de humor. Um criador nato, um génio. É assim que o descrevem músicos, ex-alunos, jornalistas... os Amigos do Zeca Afonso com quem o Esquerda.net falou. Dossier organizado por Mariana Carneiro.

Zeca Afonso: A incessante tentativa de transformar o mundo

As letras das músicas de Zeca Afonso, os seus poemas, as declarações prestadas nas inúmeras entrevistas que concedeu ao longo da sua vida, todos os seus testemunhos, não só nos dão a conhecer um pouco mais o seu percurso, a sua forma de estar na vida, a sua incessante tentativa de transformar o mundo, como também retratam a intemporalidade do seu contributo.

José Afonso: O Homem, o Professor, o Companheiro, o Amigo

No dia da sua partida, ia apanhar o comboio, de regresso, mas, quando chegou à estação, tinha uma quantidade de gente – população e alunos – a querer despedir-se do professor e do homem. Por Francisco Naia.

Com o Zeca Afonso aprendi a estar no palco e na música de modo diferente

O palco como espaço de partilha, não só entre músicos mas com o público; máximo rigor na prestação musical, inovação constante rejeitando «importações» alienantes preservando a nossa identidade, sempre valorizando a palavra. Por Janita Salomé.

Zeca Afonso em vídeo

Neste artigo, poderá aceder, entre outros, ao vídeo do concerto do Zeca Afonso no coliseu, em Lisboa, em 1983, a entrevistas concedidas pelo próprio à RTP e a uma televisão espanhola, assim como a um testemunho de Mário Viegas sobre o Zeca e a alguns tributos que lhe foram prestados após a sua morte.

Zeca Afonso, a força das palavras

O Esquerda.net relembra o grande artista e ativista e reproduz uma entrevista na qual Zeca fala sobre a necessidade de os jovens se oporem a um modelo de sociedade que é “teleguiado de longe por qualquer FMI, por qualquer deus banqueiro”.

“Quando eu cantava o fado na rua não nos livrávamos da polícia”

O esquerda.net republica a entrevista de Maria Eduarda a Zeca Afonso publicada na edição nº145 de 9 de dezembro de 1981 do jornal “em marcha”.

Zeca Afonso era de uma grande coragem física e intelectual

Questionado pelo Esquerda.net sobre qual é a grande herança do Zeca Afonso, Carlos Guerreiro responde: “Era um gajo muito bom. Era farol mas também era regaço, era riso mas também era profundidade intelectual. Era o Zeca, pá! Era um homem bom e humilde”.

O que aprendi de mais importante com o Zeca tem a ver com uma postura em relação ao mundo

No testemunho recolhido pelo Esquerda.net, o cantor Manuel Freire recorda a primeira vez que cantou com o Zeca e lembra o amigo como “um fulano normal que era um grande intérprete e um grande criador”.

Zeca Afonso foi estruturalmente um homem de cultura

Em conversa com o Esquerda.net, o arquiteto José Veloso fala sobre o seu convívio com Zeca Afonso aquando da participação de ambos no documentário do realizador de cinema Cunha Telles “Os Índios da Meia Praia”.

Zeca Afonso: Grande admiração pela juventude

Júlio Pereira recorda o seu melhor amigo, e como era fundamental para a sua criatividade estar rodeado de jovens e de coisas novas. O músico assinala ainda a forma como Zeca Afonso sente de uma maneira catastrófica a falência do 25 de Abril.

O Zeca era um inovador nato

Em conversa com o Esquerda.net, Sérgio Godinho afirma que a importância de Zeca Afonso "passa também por ele ser tão inovador, tão inventivo na maneira como compunha e tão surpreendente”. O músico deixa um conselho: “Ouçam o Zeca, vale a pena!”

Que viva o Zeca

De tanto se falar em José Afonso, o artista, por vezes corremos o risco de esquecer o Zeca, o ser inteiro. Por Viriato Teles.

Zeca Afonso: Um homem comprometido que fez da sua arte uma luta

Em entrevista ao Esquerda.net, Rui Pato fala sobre o seu companheiro de música e de estrada: “é um símbolo da liberdade e da luta pela liberdade. Sobre o ponto de vista musical, ele é que atirou a pedrada ao charco. Há música portuguesa antes do Zeca Afonso e depois do Zeca Afonso”.

Zeca Afonso: Instantes de vida

Com o Zeca, companheiro-intérprete de uma geração, aprendíamos as canções pilares de resistência, de esperança. Nas palavras certas para dizer revoltas e sonhos cabiam revolucionários, pacifistas… e todos os homens de boa vontade. Por Maria Antonieta Garcia.

Zeca Afonso: Um grande amigo e um homem extraordinário

Luís Cília refere a grande amizade que o une a Zeca Afonso. A enorme qualidade do seu trabalho “deixa grandes marcas na cultura portuguesa”, assinala o compositor e intérprete no testemunho que deu ao Esquerda.net.

Ação ou Acção ou há são

Sempre gostei de agir atuar e falar tal cumo Zeca escrevia cantava tocava atuava agia na clandestinidade depois no sucesso daí nossa amizade simples”. Por José Duarte.

Encontrei no Zeca Afonso um dos melhores seres humanos que alguma vez conheci

Num testemunho enviado ao Esquerda.net, Jorge Palma afirma que “quanto ao seu trabalho enquanto criador, a sua voz clara e sincera, o seu constante combate pela Liberdade, só temos de lhe ficar eternamente gratos e seguir o seu exemplo”.

Vejo sobretudo o Zeca como um músico e um poeta extraordinário

Em declarações ao Esquerda.net, Joaquim Vieira sinalizou que, enquanto músico, Zeca Afonso “reunia três qualidades: a poesia, a música e a voz”. “Nessa medida foi insuperável, ninguém chegou ao nível dele”, destaca o jornalista.

Zeca Afonso: As suas aulas eram absolutamente revolucionárias

Hélida Carvalho foi aluna de Zeca Afonso no Liceu Nacional de Setúbal durante cerca de dois meses, até o seu professor de Organização Política ser preso pela PIDE. Ao Esquerda.net descreve o primeiro contacto com a “ave rara”.

O Zeca passou a vida a dar-me conselhos

O encenador e diretor artístico Hélder Costa conheceu Zeca Afonso em Coimbra, na República do Prá-Kis-Tão. Já o último encontro teve lugar em Azeitão: foi “num dia absolutamente tétrico”, aquando da eleição de Cavaco Silva com maioria absoluta.

José Afonso, um cantor de valores

A maior herança que nos deixa é a sua obra, em musicalidade e conteúdo, que se revaloriza e se renova dia a dia pelos diferentes grupos e cantoras/es que continuam a beber da sua fonte, que parece inesgotável. Tem grande impacto e influência na Galiza. Por Francisco Peña (Xico de Carinho).

Fazemos da saudade e da memória do Zeca Afonso uma arma

Francisco Fanhais fala-nos da sua cumplicidade com o Zeca Afonso, dos vários momentos em que partilharam o palco, da gravação do álbum “Cantigas do Maio”, dos tempos do PREC, da participação nas campanhas de dinamização cultural do MFA.

Zeca Afonso: Ode à alegria

No caso do Zeca Afonso nunca resultaram os guetos de silêncio a que tentaram condená-lo, desde antes de Abril, quando a censura cortava o seu nome, impondo-lhe a morte do silêncio, tão pouco com os silêncios de matriz "democrático" por via da incomodidade do seu canto insurrecto. Por Fernando Paulouro Neves.

Para o Zeca

Digo-to, também por ti, para que saibas que a tua força não se acabou quando te foste, e enquanto houver memória, haverá força para ir longe, bem longe, mesmo além de Taprobana. Por Camilo Mortágua.

Sobre o Zeca Afonso

O que nos unia? Sei que nunca por nunca tentámos “converter-nos” um ao outro a opções religiosas ou ideológicas; tínhamos em comum o ideal que Mário Sacramento sintetizou naquela recomendação lapidar: “Por favor, façam que o mundo seja bom”. Por António Correia.

AJA celebra 30 anos a evocar a Obra e o exemplo de cidadão de José Afonso

Em declarações ao Esquerda.net, o presidente da direção da Associação José Afonso (AJA), Francisco Fanhais, afirma que a AJA tem como objetivo “dar continuidade ao legado do Zeca, preservar a sua memória e pôr a sua arte ao serviço da cidadania”.