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Alentejo: Imigrantes obrigados a viver em condições miseráveis

Centenas de imigrantes são explorados no setor agrícola no Alentejo, onde auferem salários muito baixos e são obrigados a viver em condições degradantes.
“Além da exploração resultante dos salários miseráveis que estes imigrantes auferem, ainda são obrigados a viver em condições indignas”,afirmou a deputada do Bloco, Sandra Cunha. Foto de José Serrano/ Diário do Alentejo
“Além da exploração resultante dos salários miseráveis que estes imigrantes auferem, ainda são obrigados a viver em condições indignas”,afirmou a deputada do Bloco, Sandra Cunha. Foto de José Serrano/ Diário do Alentejo

O jornal “Público” dá conta na sua edição desta quarta-feira da “indignação” do Presidente da Câmara Municipal da Vidigueira, Carlos Marra, que foi recentemente confrontado com o alojamento de "entre 80 a 100 pessoas dentro de uma oficina e outras 30 dentro de um apartamento, com homens e mulheres misturados, dispondo apenas de um chuveiro e uma sanita".

De acordo com o autarca esta situação acompanha os períodos das colheitas sazonais na zona do Alqueva que, na sua opinião, é um "empreendimento que exige uma quantidade de mão-de-obra que a região não está em condições de oferecer".

Para analisar este problema e encontrar soluções, aquele município alentejano dirigiu um convite a todo os grupos parlamentares para a realização de uma reunião. Apenas o Bloco de Esquerda esteve presente através da deputada Sandra Cunha e do dirigente regional e membro da Associação Solidariedade Imigrante Alberto Matos.

A deputada bloquista disse ao esquerda.net que as máfias organizadas têm de ser combatidas, sendo ainda preciso responsabilizar as entidade empregadoras já que os municípios não têm condições para alojar os imigrantes em condições dignas.

“Além da exploração resultante dos salários miseráveis que estes imigrantes auferem, ainda são obrigados a viver em condições indignas” disse a parlamentar que sublinhou "a urgência de por termo a esta situação".

Carlos Graça, inspetor da Autoridade para as Condições de Trabalho (ACT) e que marcou também presença na reunião sendo um dos oradores afirmou que “estamos a falar de novos escravos”.

Estes imigrantes são na sua maioria oriundos do Bangladesh, Índia, Paquistão e Nepal e apesar de receberam salários muito baixos ainda lhes é descontado o preço do alojamento e da alimentação

Este responsável, que coordena uma equipa nacional de combate ao trabalho não organizado, disse ao “Público” que a situação que se verifica na Vidigueira "infelizmente não é a única” que se passa no país e, escreve o jornal, referiu casos idênticos descobertos em Serpa – onde 55 pessoas estavam a viver num T3 onde “alguém” recebia pelo aluguer do apartamento 1530 euros por mês.

Estes imigrantes são na sua maioria oriundos do Bangladesh, Índia, Paquistão e Nepal e apesar de receberam salários muito baixos ainda lhes é descontado o preço do alojamento e da alimentação.

O responsável da ACT declarou ao jornal que a atuação das empresas de contratação de mão-de-obra estrangeira nestas condições “é um fenómeno que está longe, mesmo muito longe de ser controlado”.

"Processo evolutivo"

“É um processo evolutivo, em que os intervenientes - as empresas de contratação de mão-de-obra - se vão adequando às alterações que vão sendo introduzidas pelas autoridades portuguesas no controle e fiscalização na contratação de imigrantes”.

Manuel Marra manifestou, por seu turno, o seu ceticismo em relação a esta situação tendo mesmo afirmado que o está a acontecer “é mau, mas vai piorar nos próximos tempos”.

O problema social social que a mão-de-obra imigrante está a suscitar é para o autarca "consequência dos efeitos colaterais do empreendimento do Alqueva que levou à intensificação das culturas que requerem muita gente”, disse ao "Público" o Presidente do município alentejano.

Perante esta situação, Manuel Narra apela ao Governo que produza legislação capaz de combater este flagelo  e solicitou ainda a atribuição de novos compromissos para municípios na área do alojamento com viista a ultrapassar este problema que considera ser uma “vergonha” para o Alentejo e para Portugal.

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