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Almaraz: Bloco quer plano de emergência contra incidentes

Bloquistas recomendam a criação de um plano de emergência para responder a incidentes na central nuclear de Almaraz.
Perante a intransigência das autoridades espanholas em relação a Almaraz, Bloco exige plano de emergência ao Governo português.
Perante a intransigência das autoridades espanholas em relação a Almaraz, Bloco exige plano de emergência ao Governo português.

Num Projeto de Resolução, o grupo parlamentar do Bloco relembra que a central nuclear de Almaraz está situada a 100 quilómetros da fronteira de Portugal e que os dois reatores nucleares que entraram em funcionamento em 1981 e 1983, são dos mais envelhecidos do Estado espanhol, o que levanta preocupações legítimas se se tiver em conta os vários incidentes ali registados.

“A Assembleia da República aprovou a Resolução n.º 107/2016, de 14 de junho que recomenda ao Governo que intervenha junto do Governo espanhol no sentido de proceder ao encerramento da central nuclear de Almaraz”, pode ler-se no documento, que faz ainda referência ao facto de “a aprovação das propostas apresentadas pelo Bloco de Esquerda e pelo partido Pessoas-Animais-Natureza alterou a posição do Estado Português perante a central nuclear, no entanto sem resultados visíveis”.

O documento dos bloquistas sublinha ainda que recentemente, o Estado espanhol deu parecer favorável ao pedido de construção de um armazém temporário individualizado em Almaraz, com o objetivo de guardar o combustível usado pelos reatores até que existam condições para a sua trasladação para o armazém Temporário Central de resíduos previsto para Vilar de Canas (Cuenca).

Recorde-se que esta decisão, levou já a que ambientalistas espanhóis e portugueses tenham convocado uma concentração para o próximo dia 12 de janeiro, às 18 horas, junto ao consulado de Espanha, em Lisboa, e também à realização de uma conferência internacional que terá lugar a 4 de fevereiro na Fábrica de Braço de Prata, em Lisboa.

De acordo com o documento dos bloquistas, a decisão do governo espanhol em dar luz verde à construção do armazém de resíduos “é demonstrativa da sua política de extensão do prazo de vida de Almaraz e também que os esforços do governo português para uma solução bilateral não estão a resultar”.

 Múltiplas falhas de segurança

O documento faz menção a uma série de alertas relacionados com problemas de segurança na central nuclear, nomeadamente um estudo europeu da Greenpeace datado de 2015 sobre a aplicação dos mínimos de segurança estabelecidos após o acidente ocorrido Fukushima, no Japão, em 2011, o que levou aquela organização a concluir que “Almaraz não é segura e não se deveria permitir a manutenção da sua atividade”.

Perante estes factos, os bloquistas sublinham que a central espanhola é apresentada pela Greenpeace como um “ caso extremo” não cumprindo pontos essenciais uma vez que já não tem válvulas de segurança e sistemas de ventilação filtrada para prevenir uma explosão de hidrogénio como o ocorrido em Fukushima.

Além disso, prossegue o documento, “não tem um sistema eficaz para contenção da radioatividade em caso de acidente grave e também não tem avaliação de riscos naturais não estando sequer prevista a implantação de um escape alternativo para calor”.

Esta realidade leva a que os bloquistas proponham que o Parlamento recomende ao Governo a criação de um plano de emergência para responder a incidentes que possam vir a ocorrer em Almaraz.

Refira-se ainda que a Assembleia da República aprovará por unanimidade nesta sexta-feira um voto de condenação do Estado espanhol apresentado pelo PEV.

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