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A vitória do trumpismo

O slogan central da campanha de Donald Trump - “Make America great again” (“Tornar a América grande outra vez”) - é todo um programa. É o apelo ao nacionalismo profundo, ao nacionalismo do império.

Trump ganhou com uma onda em que parece que o milionário cavalgou contra tudo e contra todos na política americana. Mas, releva sobretudo o profundo descontentamento que atravessa a sociedade americana.

O homem do sistema e milionário por nascimento montou uma campanha com a imagem do “politicamente incorreto”, como se fosse anti-sistema e anti-corrupção. Fortemente apoiado por media dominantes, como a Fox News, ele apareceu como se estivesse a ir contra o sistema. As suas palavras contra os empregos perdidos nos EUA pela globalização, foram música para os ouvidos de milhões de americanos e americanas, que há décadas só perdem, em que muitos ficaram sem emprego na última década e quando conseguiram outro emprego foi a ganhar significativamente menos e ainda mais precariamente.

Neste mal-estar profundo que vive a sociedade americana, Trump levantou um lema: “Tornar a América grande outra vez”. E materializou-o no ataque aos imigrantes, na assunção dos valores mais conservadores, sexistas, homofóbicos, anti-ambientalistas e na defesa duma América grande na economia contra outros países e potências, em especial contra os países dependentes. O seu slogan central de campanha é o apelo ao nacionalismo profundo, ao nacionalismo do império.

Trump assentou também a campanha no ódio e no medo, foi constantemente agressivo, insultando quem se lhe opusesse, e nesta campanha foi fortemente apoiado pelas correntes mais extremistas e reacionárias da política dos EUA. O apoio fervoroso que recebeu da associação nacional de armas é igualmente simbólico e prenuncia um aumento dos riscos de guerra no mundo.

O êxito de Trump é o resultado da profunda e prolongada crise do capitalismo: quase dez anos depois a economia mundial não saiu da crise iniciada em 2007. Revela que a globalização capitalista, tal como a conhecemos nas últimas três - quase quatro décadas, terminou e que a política dominante mudou, os nacionalismos imperiais reganham nova agressividade, o mundo fica pior.

Para a esquerda, a grande questão é como enfrentar este desafio. Uma coisa fica clara nas eleições americanas: a esquerda só perde metendo-se debaixo do chapéu de chuva de políticos e de políticas à Clinton. Os resultados de Sanders nas primárias mostram que a esquerda precisa de respostas socialistas, corajosas e em rotura com tudo o que tem sido a política dominante.

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Sobre o/a autor(a)

Editor do esquerda.net Ativista do Bloco de Esquerda.
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