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Dijsselbloem diz que Eurogrupo não discute nem vai discutir dívida portuguesa

O presidente do Eurogrupo diz que “Portugal é capaz de pagar a sua dívida”. Catarina Martins tinha afirmado, na semana passada: “Portugal precisa de uma redução de juros, sim, dependemos dessa renegociação. Mas esta verdade confronta-se com a Europa da mentira”.
O presidente do Eurogrupo diz que “Portugal é capaz de pagar a sua dívida” e justifica a recusa com a Grécia
O presidente do Eurogrupo diz que “Portugal é capaz de pagar a sua dívida” e justifica a recusa com a Grécia

Jeroen Dijsselbloem, presidente do Eurogrupo, ministro das Finanças da Holanda e dirigente do Partido Trabalhista holandês, em conferência de imprensa no final da reunião do Eurogrupo desta segunda-feira, questionado sobre se uma renegociação da dívida grega poderia ser estendida aos juros da dívida portuguesa, afirmou: “Não discutimos e não vamos discutir, porque Portugal é capaz de pagar a sua própria dívida. E não estamos certos que assim seja no caso da Grécia, é essa a grande diferença. Não vamos confundir”.

Questionado se o ministro das Finanças de Portugal levantou a questão, na reunião do Eurogrupo, Dijsselbloem disse: “não, e (se o fizesse) não ajudaria muito o já difícil processo da sustentabilidade da dívida da Grécia”.

O ministro das Finanças, Mário Centeno, tinha afirmado no debate do Orçamento do Estado para 2017 (OE2017) que “é necessário que Portugal tenha uma redução na taxa de juro que paga pelo seu endividamento", considerando, no entanto, que isso teria de ser feito a nível europeu. Mário Centeno não prestou declarações aos jornalistas nesta segunda-feira, em Bruxelas.

Por sua vez, o alemão Klaus Regling, presidente do Mecanismo Europeu de Estabilidade, também presente na conferência de imprensa, interveio para ajudar o presidente do Eurogrupo afirmando que os casos da Grécia e de Portugal são muito diferentes e que os juros da dívida a 10 anos no mercado secundário, no caso de Portugal rondam os 3,5%, enquanto para a Grécia são de 8%.

"Não é aceitável esperar da Europa o que ela não trará”

Na semana passada, no encerramento do debate do OE2017, a coordenadora do Bloco de Esquerda assinalou que “o governo aceitou ontem claramente que é preciso negociar uma redução dos juros da dívida pública”, sublinhando: “É uma novidade importante, os juros são um custo exorbitante, que drenam recursos que faltam dramaticamente no investimento e nos serviços públicos. Os juros são também uma forma de parasitismo: os credores emprestam-nos a 3,5% o que pagam, vejam bem, a pouco mais de 0%. Combater este assalto da finança é uma condição essencial para defender Portugal”.

Catarina Martins apontou então: “Portugal precisa de uma redução de juros, sim, dependemos dessa renegociação. Mas esta verdade confronta-se com a Europa da mentira. A mentira económica e a fraude antidemocrática, o poder dos poderosos imposto à periferia, estas são as regras europeias. Como diz Hollande sobre o acordo secreto do governo francês com a Comissão, a informação prestada pela França e a reação da Comissão Europeia e todo o processo francês perante os objetivos do Tratado Orçamental - tudo isso era, cito, ‘uma mentira pura e simples, aceite por todas as partes’”.

A coordenadora do Bloco de Esquerda realçou ainda: “Este debate orçamental é marcado pelo choque frontal entre as aspirações populares, na recuperação da economia, do emprego, de quem partiu na vaga migratória; e a chantagem europeia em torno do pagamento da dívida e do cumprimento do Tratado Orçamental”. E reforçou: “Não é aceitável esperar da Europa o que ela não trará. As instituições europeias não são pessoas de bem e a questão orçamental será a questão europeia, neste e nos próximos orçamentos. Este extremismo e esta mentira é a Europa realmente existente”.

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