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Sahara Ocidental: Força, determinação e vontade de independência e soberania

Publicamos aqui a intervenção de Brahim Ghali, Presidente da República e Secretário-Geral da Frente Polisário, na celebração do 41º aniversário da Unidade Nacional Saharaui. Por Né Eme
Brahim Ghali, Presidente da República e Secretário-Geral da Frente Polisário Foto: SPS
Brahim Ghali, Presidente da República e Secretário-Geral da Frente Polisário Foto: SPS

Não haverá nada no mundo capaz de vencer uma vontade sincera e firme para atingir nobres objetivos. O povo Saharaui vai seguir o caminho de luta e de lealdade para com os mártires, por todos os meios legítimos, de unidade e coesão, sob a direção da Frente Polisário, para alcançar o seu direito à vida, à liberdade e à criação do seu estado independente, a República, em todo o território nacional.”

Palavras de Brahim Ghali, Presidente da República e Secretário-Geral da Frente Polisário, no seu discurso a 12 de outubro de 2016, durante a celebração do 41º aniversário da Unidade Nacional na Wilaya de Dajla (Acampamentos de Refugiados Saharauis)

Texto do Discurso do Presidente do 41 º aniversário do Dia da Unidade Nacional

Senhoras e senhores, convidados do povo Saharaui,

Irmãos e irmãs,

Hoje celebramos o quadragésimo aniversário da proclamação da Unidade Nacional, o qual representa um evento histórico na luta do povo Saharaui. A Frente Popular para a Libertação de Saguia El Hamra e Rio de Oro, percebeu desde o início que não haverá futuro para qualquer batalha de libertação sob a inaceitável realidade de obscurantismo, atraso, pobreza e discriminação, criado pelo colonialismo.

A Frente Popular para a Libertação de Saguia El Hamra e Rio de Oro, percebeu desde o início que não haverá futuro para qualquer batalha de libertação sob a inaceitável realidade de obscurantismo, atraso, pobreza e discriminação, criado pelo colonialismo

Uma das primeiras formas de desafiar e mudar essa realidade foi o anúncio de uma forte unidade nacional que inclui todos os/as Saharauis, onde quer que estejam, com base nos objetivos e princípios da luta da Frente Polisário para conseguir a liberdade, dignidade e independência.

Assim, foi 12 de outubro de 1975 um dia histórico por excelência, em que os Saharauis decidiram juntar a unidade do seu povo em torno da sua causa e dos seus objetivos de luta, por forma a fazer frente à agressão e aos planos e manobras de genocídio e repatriação do território Saharaui realizado pelo Estado da ocupação Marroquina.

Não podemos deixar passar o dia de hoje, sem dirigir o nosso sincero apreço e respeito a todos os que contribuíram para a realização deste histórico evento, liderado pelo mártir da liberdade e da dignidade, El Wali Mustafa Sayed, e todos os que seguiram o seu exemplo e caminho, como o mártir, o Presidente Mohamed Abdelaziz, e através deles às massas do nosso povo que se juntaram à Unidade Nacional e o demonstraram no terreno com toda a consciência, responsabilidade e fé.

Essa firme convicção, fez com que todo o povo participasse na batalha de libertação e da construção do Estado Saharaui, sob a liderança da Frente Polisário, à qual ofereceram generosamente grandes sacrifícios, suor, lágrimas e sofrimento, mas sempre com uma vontade inquebrável de arrebatar a vitória.

Esse compromisso foi o mesmo, que levou sucessivas gerações, a fazer com que a identidade nacional Saharaui continue a correr nas veias de todos os Saharauis, que não deixam passar um momento sequer sem mostrar a sua unidade, coesão e consenso, enfrentando as ameaças e provocações do Estado de ocupação Marroquina. Todos os Saharauis nos territórios ocupados, no sul de Marrocos, nos territórios livres e na Diáspora se mobilizam para enfrentar qualquer eventualidade ou ameaça do inimigo.

Senhoras e senhores

A causa Saharaui conhece neste momento muitos desenvolvimentos, que são caraterizados pela perigosa escalada da ocupação Marroquina, especialmente na área de El Guergarat, onde Marrocos violou o cessar-fogo, expondo a região a uma situação de tensão e instabilidade. É lamentável que encontremos países como a França, falando da defesa da legalidade e dos direitos humanos no mundo, mas que alinha com o agressor marroquino.

O Estado da ocupação Marroquina, que tem proteção Francesa no Conselho de Segurança da ONU, cometeu graves crimes contra o povo Saharaui utilizando armas internacionalmente proibidas como napalm, fósforo branco e bombas de fragmentação

O Estado da ocupação Marroquina, que tem proteção Francesa no Conselho de Segurança da ONU, cometeu graves crimes contra o povo Saharaui utilizando armas internacionalmente proibidas como napalm, fósforo branco e bombas de fragmentação, além de construir o muro da morte que divide o território e o povo do Sahara Ocidental, protegido por milhões de minas terrestres que continuam a ceifar vidas de pessoas inocentes e animais e poluindo o meio ambiente. Marrocos tem violado constantemente os direitos humanos por sequestro, detenção arbitrária, tortura e maus-tratos e perseguições arbitrárias, incluindo os injustos tribunais militares e mais ainda, assassinatos traiçoeiros e sepultamento das vítimas, na ausência de seus familiares e sem uma investigação transparente, já para não mencionar o saque diário dos recursos naturais dos Saharauis.

O Estado da ocupação Marroquino, o maior produtor e exportador de canábis no mundo, viola os direitos do povo Saharaui, os do povo Marroquino e os direitos dos povos das regiões envolventes e de todo o mundo ao lançar uma nova guerra suja inundando a região com drogas que causam consequências desastrosas a nível social, económico e de segurança, incentivando e financiando gangues do crime organizado e grupos terroristas.

Senhoras e senhores:

Coincidem com o aniversário da unidade nacional este ano, muitos outros eventos, como o Dia Nacional da Jaima, que é um símbolo nacional, sob o qual se reúnem os ideais da dignidade, generosidade, identidade, história, unidade e valores de luta e resistência.

E foi a típica Jaima Saharaui que acolheu os feitos heroicos de Gdeim Izik e abrigou a resistência dos militantes e ativistas Saharauis nas áreas ocupadas e no sul do Marrocos, e transmitiu imagens imortais da civilizada resistência pacífica Saharaui que jamais poderá ser apagada pelos diferentes métodos de ocupação, que em vão tentar proibir a Jaima e apagar a sua existência da consciência Saharaui.

Nesta ocasião enviamos uma mensagem de solidariedade para com a Intifada da independência e reiteráramos o apelo para a libertação dos presos políticos de Gdeim Izik e todos os presos políticos Saharauis em prisões marroquinas.

Este aniversário coincide também com o festival de cultura e artes folclóricas que representa um aspeto estratégico da Frente Polisário, para preservar e proteger a cultura Saharaui, contra as tentativas da política marroquina de apagar, distorcer e eliminar a identidade nacional Saharaui.

Finalmente, coincide o aniversário do lançamento de uma nova edição do Festival Internacional de Cinema do Sahara Ocidental, que é uma demonstração pioneira que expressa uma mensagem de solidariedade, paz e amor para o oprimido povo Saharaui, de modo a refletir a realidade da causa Saharaui através de oficinas e oportunidades intelectuais, culturais e artísticas e audiovisuais de formação para intercâmbio entre diferentes culturas e povos.

Esta é uma ocasião para expressar o nosso profundo agradecimento e apreço à hospitalidade da Wilaya de Dakhla, aos organizadores e todos aqueles que tornaram possível o sucesso deste festival internacional, e aos participantes de todo o mundo, ao movimento de solidariedade na América Latina, Austrália e Europa, especialmente na Espanha, onde a cada dia as relações de amizade, vizinhança e cultura que unem os povos Espanhol e Saharaui se consolidam.

Gostaria de saudar calorosamente a grande participação oficial da Argélia, que deu ao mundo as melhores lições de solidariedade e defesa dos oprimidos através da sua posição firme em favor da legitimidade internacional e hospedagem de milhares de refugiados Saharauis, quando fugiram da opressão das forças de ocupação marroquinas.

Saudamos África, representada aqui hoje com uma delegação da África do Sul, o país de Nelson Mandela, um símbolo da luta pela paz, liberdade e dignidade humana. A África, que adoptou a causa Saharaui e o seu compromisso de contínuo apoio no processo de descolonização da última colónia de África.

Declaramos ao mundo inteiro que somos partidários da paz, compreensão e convivência, que só será alcançada através do cumprimento dos requisitos da legitimidade internacional e reconhecimento do direito inalienável do povo Saharaui à autodeterminação e independência

Declaramos ao mundo inteiro que somos partidários da paz, compreensão e convivência, que só será alcançada através do cumprimento dos requisitos da legitimidade internacional e reconhecimento do direito inalienável do povo Saharaui à autodeterminação e independência, para viver em paz e cooperação mútua e de boa vizinhança com os povos da região, na Tunísia, Argélia, Líbia, Marrocos e Mauritânia.

Enviamos um apelo à comunidade internacional por forma a tomar medidas serias e urgentes para acabar com a tragédia do povo Saharaui, com a descolonização da última colónia de África, e instamos o Conselho de Segurança da ONU a assumir as suas responsabilidades na aplicação da sua decisão de organizar um referendo sobre a autodeterminação do povo Saharaui.

A mensagem do 41º aniversário da unidade nacional, é que não haverá nada no mundo capaz de vencer uma vontade sincera e firme de atingir nobres objetivos. O povo Saharaui vai seguir o caminho de luta e de lealdade para com os mártires, por todos os meios legítimos, de unidade e coesão, sob a direção da Frente Polisário, para alcançar o seu direito à vida, à liberdade e à criação do seu estado independente, a República, em todo o território nacional.

Força, determinação e vontade para impor a independência e a soberania!

Fonte: SPS

Notas:

Wilaya -Distrito

Jaima – Tenda

Por Né Eme

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