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Bloco: Viagens pagas a governantes e deputados são “eticamente reprováveis”

Pedro Filipe Soares sublinhou que “falta saber a dimensão do universo de agentes políticos que receberam viagens para ir a França ver o Europeu”. “Exigimos total transparência no que toca a membros do governo envolvidos nestes presentes, mas também de deputados ou deputadas envolvidos em presentes idênticos”, frisou.
Foto de Paulete Matos.

“Consideramos eticamente reprovável qualquer comportamento que legitime a promiscuidade entre governantes ou deputados e grandes grupos económicos”, afirmou o líder parlamentar bloquista durante uma conferência de imprensa que teve lugar esta quinta-feira.

Pedro Filipe Soares reagia desta forma às notícias de que três secretários de Estado foram a jogos do Euro 2016 a convite da Galp e de que o presidente da Olivedesportos e ex patrão da Controlinvest, Joaquim Oliveira, pagou a três deputados do PSD as viagens de avião, os bilhetes para os jogos e uma refeição num conceituado restaurante de Lyon.

Para Pedro Filipe Soares, as viagens pagas por empresas privadas – como a Galp – para os jogos da seleção nacional "legitimam a ideia de promiscuidade".

 "Há uma dimensão ética na conduta de qualquer governante eleito. Essa dimensão ética fica claramente prejudicada no que toca à aceitação de presentes, mesmo que depois se tente reparar com a devolução", frisou.

O líder parlamentar bloquista sublinhou que, neste momento, há um "escrutínio maior" sobre os membros do Executivo em comparação com governos anteriores devido à atual conjuntura política.

Questionado sobre se os governantes se deviam demitir, Pedro Filipe Soares assinalou que “as demissões do Governo dependem do Governo”, mas sublinhou que o Bloco considera “eticamente reprovável esta ideia de que se podem aceitar presentes de grupos económicos sem qualquer tipo de perguntas ou consequências políticas”.

Segundo o dirigente do Bloco, “falta saber a dimensão do universo de agentes políticos que receberam viagens para ir a França ver o Europeu”.

“Exigimos total transparência no que toca a membros do governo envolvidos nestes presentes, mas também de deputados ou deputadas envolvidos em presentes idênticos”, destacou.

De acordo com Pedro Filipe Soares, “nenhum deputado ou membro do Bloco recebeu este tipo de presentes e, se tivesse recebido, teria rejeitado”.

Viagens pagas para o Euro 2016

Na quarta-feira, a revista Sábado avançou, na sua edição online, que o secretário de Estado Fernando Rocha Andrade viajou a convite da Galp para assistir a encontros da seleção portuguesa durante a fase de grupos do Europeu.

A revista recorda que o “governante tem sob a sua tutela a resolução de um conflito fiscal milionário que opõe o Estado português à Galp desde que a empresa, ainda na vigência do anterior Governo, se recusou a pagar dois impostos que em conjunto superam largamente os 100 milhões de euros em dívida”.

Numa nota enviada à agência Lusa, o Ministério das Finanças referiu que Rocha Andrade “considerou o convite natural, dentro da adequação social”, e entende que “não existe conflito de interesses”.

“No entanto, para que não restem dúvidas sobre a independência do Governo e do secretário de Estado dos Assuntos Fiscais, o secretário de Estado contactou a Galp no sentido de reembolsar a empresa da despesa efetuada”, lê-se no documento.

Entretanto, e questionado pelo jornal Público sobre uma fotografia publicada no Facebook, em que Rocha Andrade aparece acompanhado pelo secretário de Estado da Indústria durante o jogo, o gabinete de imprensa do Ministério da Economia confirmou que João Vasconcelos também “viajou para o Euro 2016 a convite da Galp”, sublinhando, contudo, que já pediu à Galp que esclareça se há despesas adicionais que, a existirem, serão devidamente reembolsadas”.

O Expresso veio ainda noticiar que Jorge Costa Oliveira, secretário de Estado da Internacionalização, também integrou a lista de convidados da Galp para assistir ao Portugal-Hungria.

Já o Observador noticiou que pelo menos três deputados do PSD foram a jogos do Euro 2016 a convite do empresário Joaquim Oliveira.

O presidente da Olivedesportos e ex patrão da Controlinvest pagou a Luís Montenegro, líder do grupo parlamentar do PSD, Hugo Soares, vice-presidente da bancada, e Luís Campos Ferreira, deputado e ex-secretário de Estado dos Negócios Estrangeiros, as viagens de avião, os bilhetes para os jogos e uma refeição num conceituado restaurante de Lyon (ler artigo Empresário pagou viagens ao Euro 2016 a deputados do PSD).

Luís Campos Ferreira não quis fazer quaisquer declaração, alegando tratar-se da sua “vida privada”. O Observador não conseguiu obter uma reação de Luís Montenegro e de Hugo Soares. 

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