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“Entre a Constituição e os especuladores financeiros, Passos Coelho escolhe os especuladores”

Catarina Martins na Convenção Regional do Bloco Madeira afirmou que Passos Coelho “é o passado” e sublinhou “que quem só olha para trás não pode fazer nenhum caminho para a frente”. A Convenção reelegeu Roberto Almada para coordenador regional, que fez violenta crítica ao presidente do Governo Regional e afirmou: “É tempo de defender a Madeira dos Donos Disto Tudo”.
VI Convenção do Bloco de Esquerda Madeira

Realizou-se neste domingo, 3 de abril de 2016, a VI Convenção Regional do Bloco de Esquerda Madeira, sob o lema “Reforçar a Luta”. Na Convenção estiveram presentes a porta-voz nacional do Bloco, Catarina Martins, e a coordenadora regional do Bloco Açores, Lúcia Arruda. A Convenção elegeu a comissão coordenadora regional, encabeçada por Roberto Almada, reeleito como coordenador regional.

Na sua intervenção, Catarina Martins criticou duramente o discurso de Passos Coelho no Congresso do PSD.

“Pedro Passos Coelho hoje disse que não tinha nenhuma querela com a Constituição, embora nós tivéssemos de andar sempre a ir para o Tribunal Constitucional para não deixar que ele a destruísse no concreto”, ironizou Catarina Martins, para depois acusar:

“Aquilo que fica do discurso de hoje de Pedro Passos Coelho é que entre a Constituição da República Portuguesa (...) e os especuladores financeiros, Pedro Passos Coelho diz que escolhe os especuladores. Vai mesmo mais longe diz que se a Europa nos manda escolher os especuladores financeiros à Constituição, então Portugal terá de escolher os especuladores financeiros”.

A porta-voz do Bloco criticou ainda Passos Coelho, “que voltou a ameaçar os pensionistas dizendo que a segurança social é mesmo para ser cortada”, pela escolha de Maria Luís Albuquerque, “ex-ministra swap”, para um cargo mais alto na direção do partido, o que “não surpreende sobre Pedro Passos Coelho”, mas mostra que “o bom senso não mora há muito tempo” no PSD.

A porta-voz do Bloco apontou que “defender o país, reestruturar a dívida em nome da nossa economia, criar emprego que é aquilo que o país mais precisa, nada disso interessa ao PSD” e concluiu: “Pedro Passos Coelho é o passado, só olha para o passado e nós bem sabemos que quem só olha para trás não pode fazer nenhum caminho para a frente”.

“Para o Bloco de Esquerda o caminho é bem diferente, é aprofundar a recuperação de rendimentos de quem vive do trabalho - salários e pensões, é aprofundar a democracia e a capacidade de nós decidirmos com a nossa soberania o que fazemos com os nossos recursos, reestruturar a dívida poder investir, criar emprego, porque queremos ter futuro aqui”, realçou a porta-voz bloquista.

Catarina Martins apontou ainda que, “no momento em que Portugal discute as reformas que o país há-de fazer, em que se debatem as reformas que a Europa exige, o Bloco de Esquerda quer falar das mudanças que o país precisa”.

“Precisamos de continuar a aprofundar o caminho que foi feito, que é ainda tímido demais para tanto que o país precisa. Precisamos de tirar a ‘troika’ das relações laborais, reconstruindo a contratação coletiva, combatendo a precariedade. Precisamos seguramente de investimento e de emprego, porque não tenhamos ilusões, um programa de estabilidade que não preveja a criação líquida de emprego em Portugal não serve ao Bloco de Esquerda, porque não serve ao país”, salientou ainda Catarina Martins.

A concluir, a porta-voz bloquista lembrou que “Reforçar a luta” foi o mote da Convenção do Bloco Madeira e apontou que “não poderia ter mote melhor”, pois “ainda não existe em Portugal a capacidade de transformação popular de que precisamos para defender um futuro com dignidade no nosso país”.

É tempo de defender a Madeira dos Donos Disto Tudo”

Mesa da VI Convenção do Bloco Madeira

Mesa da VI Convenção do Bloco Madeira

Roberto Almada fez uma violenta crítica ao governo regional da Madeira e ao seu presidente, Miguel Albuquerque.

“Este ano de governação foi um bluff um tiro de pólvora seca. Quase 365 dias de inconseguimentos e fantasias. Um ano de promessas que o vento levou”, acusou.

O coordenador do Bloco Madeira confrontou a seguir o governo do PSD Madeira com as suas promessas, para sublinhar que “Miguel Albuquerque prometeu mundos e fundos mas fez zero”.

“Onde está a ligação férrea prometida? Zero. Onde está o avião cargueiro prometido? Zero. Onde está o alívio fiscal? Zero. Onde está o reforço da ajuda aos idosos? Zero. Onde estão as medida ativas de emprego na região, que tem a maior taxa de desemprego do país? Zero. Onde estão as medidas de combate à pobreza? Zero. Onde está a aposta em recuperar o serviço de saúde onde faltam medicamentos para o cancro, para o HIV, onde faltam as esponjas, os pensos, as compressas e até papel higiénico. Zero, praticamente zero. Onde está a fiscalização sobre os abusos laborais que acontecem na região, onde há empresas que têm mão-de-obra escrava e onde são as próprias empresas públicas que pagam pouco mais de 2 euros e meio à hora aos trabalhadores? Zero. Onde há aumentos salariais para os trabalhadores do setor do turismo, que segundo o titular da pasta no Governo, estão no seu melhor momento de sempre. Zero, zero, zero, zero...”, denunciou e acusou Roberto Almada.

O coordenador do Bloco Madeira acusou também Miguel Albuquerque de ser “prepotente” e denunciou que “despede diante das câmaras de televisão os seus mais diretos colaboradores”.

Referindo-se à aprovação do Orçamento de Estado, Roberto Almada relembrou o voto favorável de Paulino Ascensão, deputado do Bloco eleito pela Região à Assembleia da República, ao documento “que garante mais dinheiro para a Madeira dos últimos cinco anos”. E, acusou Miguel Albuquerque de ter mandado os deputados do PSD-Madeira votar contra o Orçamento de Estado, recordando que o Bloco de Esquerda votou a favor da retenção da sobretaxa de IRS na Região, sendo que o PSD tomou a posição contrária, “ajudando a desviar da Madeira milhões de euros”.

Roberto Almada falou, por fim, de que o partido tem de estar preparado para uma importante luta nos próximos dois anos contra o empobrecimento.

Sobre as próximas eleições autárquicas, Roberto Almada anunciou que o Bloco de Esquerda irá concorrer a todos os concelhos da Região Autónoma, de forma autónoma ou em convergência com outras forças partidárias. “Não fechamos portas a nenhum diálogo”, na luta contra as forças da direita, frisou

 

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