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Países mais ricos acolheram apenas 1,39% dos refugiados sírios, assinala Oxfam

A ONG critica ainda “algumas tentativas de utilizar a política de realojamento como moeda de troca” para conseguir outros acordos políticos, “como no acordo recente entre a União Europeia e a Turquia”.
Foto UNHCR/G. Gubaeva.

Num comunicado de imprensa publicado esta terça-feira, na véspera de uma conferência sobre os refugiados que terá lugar em Genebra, a Oxfam lembra que “os países ricos realojaram somente 1,39 por cento dos cerca de cinco milhões de refugiados sírios, uma fração dos 10 por cento das pessoas que precisam urgentemente de um porto seguro”.

“Num momento em que os estados ricos se reúnem em Genebra, a 30 de março, para discutir a crise dos refugiados da Síria, a Oxfam insta-os a redobrarem os seus esforços e a oferecer a sua 'quota-parte' de apoio a centenas de milhares de refugiados”, lê-se ainda no documento.

Segundo a organização, apenas três países - Canadá, Alemanha, Noruega - se comprometeram a acolher um número de refugiados superior à sua “quota-parte”, que é calculado de acordo com o tamanho da sua economia, e outros cinco - Austrália, Finlândia, Islândia, Suécia , Nova Zelândia – comprometeram-se a acolher mais de metade do que seria suposto.

A Oxfam defende que os outros 20 países incluídos na sua análise “deverão oferecer rotas legais e seguras às cidadãs e cidadãos sírios que fujam do conflito e aumentar a respetiva oferta de realojamento de forma equitativa”, dando o exemplo de França, que “só se comprometeu a acolher quatro por cento da sua 'quota-parte', dos Países Baixos e dos Estados Unidos sete por cento cada, da Dinamarca (15 por cento) e do Reino Unido (22 por cento)”.

Exortando os países com mais recursos a “realojarem ou procederem a outras formas de admissão humanitária a 10% dos refugiados registados até ao final de 2016, o que equivale a cerca de 480 mil pessoas”, a Oxfam refere que, em conjunto, os países ricos só se comprometeram a alojar 129,966 pessoas, apenas 27 por cento do mínimo do que deveriam, e que, destas, apenas 67.000 chegaram ao seu destino final (1,39%).

“Desde o início desta crise terrível há seis anos, mais de 4,8 milhões de sírios e sírias procuraram refúgio na Turquia, Líbano, Jordânia e outros países da região”, assinala a ONG, sublinhando que, no Líbano, um em cada cinco habitantes é um refugiado sírio e na Jordânia os refugiados sírios constituem 10 por cento da população, e a quarta maior 'cidade' é um “campo de refugiados”.

“A economia e as infraestruturas destes países são frágeis. Eles já não conseguem assumir esta responsabilidade sozinhos”, alertou Winnie Byanyima, diretora da Oxfam International.

“A conferência de Genebra deve oferecer soluções urgentes que proporcionem às pessoas que escapem do conflito rotas legais e seguras que as levem a países terceiros que as acolham”, avançou.

No relatório, a Oxfam critica ainda “algumas tentativas de utilizar a política de realojamento como moeda de troca” para conseguir outros acordos políticos, “como no acordo recente entre a União Europeia e a Turquia”.

Estas manobras “agravaram a situação e suscitaram polémica pela sua legitimidade política, ética e mesmo legal”, avança a ONG.

“O realojamento deveria ser uma forma de proporcionar um lar aos refugiados mais vulneráveis, não um método para gerir a migração e justificar políticas de asilo severas”, acrescentou a Oxfam na sua nota. 

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