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Brasil: Lista de pagamentos da Odebrecht é posta em sigilo
As folhas de cálculo apreendidas pela Polícia Federal na casa de um ex-executivo da Odebrecht registam contribuições a pelo menos 316 políticos de 24 partidos nas campanhas eleitorais de 2012 (municipais) e de 2014. Nelas constam nomes ligados ao governo, como o do atual chefe de gabinete de Dilma Rousseff, Jaques Wagner, mas a maioria é de políticos da oposição de direita, como os senadores Aécio Neves e José Serra, o presidente da câmara dos deputados, Eduardo Cunha, o prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes e, em estreia nestas listas, o governador de S. Paulo, Geraldo Alckmin. Não há menções a Dilma ou a Lula.
Sigilo pouco sigiloso
Estas listas e outros documentos foram apreendidas em fevereiro e trazidas a público na última terça-feira mas, vinte e quatro horas depois, o juiz Sérgio Moro decidiu pô-las sob sigilo, alegando que era “prematura” uma conclusão quanto “à natureza desses pagamentos”, já que a Odebrecht fez doações eleitorais legais nos últimos anos. Assim, e porque na lista estão muitas “autoridades com foro privilegiado”, Moro decidiu restabelecer o sigilo e pedir ao Ministério Público Federal para se manifestar quanto ao envio “ao Supremo Tribunal Federal para continuidade da apuração em relação às autoridades com foro privilegiado.”
Mas, como a lista ficara um dia disponível ao público, acabaria por ser divulgada pelo jornalista Fernando Rodrigues, do UOL, no seu blog, o suficiente para que circulasse amplamente.
Entre os políticos que figuram na lista estão também oito deputados que integram a comissão que analisa o pedido de impeachment contra a presidente Dilma Rousseff.
Investigadores ouvidos pela Folha de S. Paulo suspeitam que os registos digam respeito tanto a doações legais, declaradas à Justiça (no Brasil são permitidas doações de empresas às campanhas eleitorais), como entrega de dinheiro para saco azul ou luvas.
Entre os políticos que figuram na lista estão também oito deputados que integram a comissão que analisa o pedido de impeachment contra a presidente Dilma Rousseff.
A decisão do juiz Sérgio Moro de impor sigilo à lista de doações da maior empresa de construção do país a políticos de quase todos os partidos do país (com a exceção dos da esquerda socialista) marca um contraste flagrante com a divulgação, feita pelo juiz Moro em tempo recorde, da gravação de uma conversa entre a presidente Dilma Rousseff e Lula da Silva, registada por uma escuta telefónica manifestamente ilegal. Reforça as acusações dos que dizem que o rumo dado pelo juiz de Curitiba à investigação nas últimas semanas tem um objetivo político e não o combate à corrupção.
“Operação abafa”?
Também soou estranho o comunicado do Ministério Público Federal afirmando não haver qualquer negociação sobre acordos de delação com executivos ligados à construtora Odebrecht. Na terça-feira, a empresa de construção que tem o presidente, Marcelo Odebrecht, e vários dos seus executivos presos e condenados a pesadas penas de prisão, divulgou uma nota expressando a vontade de colaborar com a Operação Lava Jato, falando numa “colaboração definitiva”.
Chamou a atenção o pouco destaque dado pelos meios de comunicação à lista da Odebrecht
Na nota do MPF, os procuradores dizem ainda que o facto de a empresa ter divulgado a intenção de fazer o acordo fere diretamente a lei que trata das “delações premiadas”, que exige sigilo.
Chamou a atenção o pouco destaque dado pelos meios de comunicação à lista da Odebrecht, em contraste com outras denúncias menos importantes e de fontes menos certas, mas que se referiam apenas ao PT e não, como neste caso, à quase totalidade dos partidos, co grande destaque para o PSDB de Aécio e Serra.
Comments
Lista
É preciso cautela com a lista da Odebrecht. Ter o nome nela significa prova nem indício de irregularidade. Como sabemos não se faz campanhas, principalmente majoritárias, sem doações das grandes empresas. É necessário ver quem recebeu e declarou nas prestações de contas das campanhas e quem recebeu de forma irregular. Para daí poder tirar alguma conclusão.
Golpistas
Peço aos amigos portugueses que rejeitem fortemente a presença de um bando de golpistas formado por José Serra, Aécio Neves, Gilmar Mendes, Michel Temer, dentre outros, em Portugal. Estão desestabilizando politicamente o Brasil, aprofundando, desta forma, os problemas econômicos do país, com o intuito de derrubar o governo legitimamente eleito por mais de 54 milhões de votos. Obrigado.
Agora, é claro, aparecem os
Agora, é claro, aparecem os que recomendam cautela com as informações da lista. Só com ela? Só agora? É claro que na lista aparecem doaçoes 'legais' e algumas aparentemente ilegais. Mas, antes, doaçoes legais, registradas nas contas públicas, eram rotuladas como propina disfarçada pelos mesmos que hoje recomendam cautela. Por que? Ora, nenhuma surpresa se vemos os nomes que encabeçam os valores - políticos da oposição que encabeçam o movimento pro-impeachment, como Aécio, Serra, Fernando Henrique, Alckmin, entre outros. Alguns cruzamentos de dados da lista agora vazada e dos dados do tribunal eleitoral mostram, por exemplo, que os valores declarados "oficialmente" pelo PSDB são bem inferiores àqueles que aparecem nas planilhas da empreiteira. De qualquer modo, é claro, isso nao é prova nem sequer indício de irregularidade, já que não se referem ao PT. A hipocrisia da cautela é muito óbvia. Basta dar uma olhada nos facebooks daqueles que a recomendam.
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