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Paredes e Passos, um amor à primeira fita

Não sei se o presidente da Câmara de Paredes deixou de ler as notícias desde outubro e está mesmo convencido que Passos ainda é primeiro-ministro ou se está a criar a ideia progressista de convidar aleatoriamente deputados para inaugurar edifícios já em funcionamento.

Nasci e cresci no concelho de Paredes, ali para o interior do distrito do Porto. Os mais atentos saberão que a localidade é conhecida pelo fabrico de Móveis e, sobretudo, por… exatamente: absolutamente mais nada. Contudo, cá estou para vos enriquecer com informações exclusivas sobre o concelho. Se tivesse que o caracterizar numa frase, diria que se trata de um dos concelhos mais hereges de Portugal. Isto porque alia à sua profunda religiosidade uma segunda dimensão, do reino de crendice: o PSD. Um amor irracional a um partido que iguala ou, em alguns casos, supera a crença na igreja católica. Façamos este exercício: se a concelhia do PSD escolher um burro como candidato (não é um recurso estilístico, falo de um animal de quatro patas, mesmo), dificilmente esse burro não ganhará as eleições. É um caso de crença complexo, para ser debatido no Vaticano.

Perante este explosivo cenário, não surpreende portanto que Paredes esteja no centro da notícia absurda do dia: o deputado Passos Coelho vai inaugurar hoje, em Lordelo (Paredes), uma escola que já funciona desde 2013. É isto. Creio que a notícia fala por si.

Não sei se Celso Ferreira, presidente da Câmara de Paredes, deixou de ler as notícias desde outubro e está mesmo convencido que Passos ainda é Primeiro-ministro (a PAF teve 51,49% no concelho, nas últimas legislativas, o que dá alguma legitimidade ao pensamento caso tenha mesmo deixado de folhear jornais) ou se está a criar a ideia progressista de convidar aleatoriamente deputados para inaugurar edifícios já em funcionamento.

Espero, sinceramente, que a moda pegue e que, por exemplo, Catarina Martins seja convidada para inaugurar a Torre dos Clérigos.

Artigo publicado no blogue Cachimbo da Paz.

Sobre o/a autor(a)

Comunicador de Ciência. Licenciado em Comunicação Social e mestre em Comunicação de Ciência.
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