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“Defender Portugal é não permitir que se ataque quem trabalha, para salvar a banca"

No debate quinzenal na AR, Catarina Martins disse que o Orçamento do Estado está a ser atacado por causa dos problemas da banca europeia mas que o Bloco está determinado na reposição dos rendimentos que o governo da direita retirou às pessoas. A porta-voz do Bloco criticou a solução encontrada para a TAP e chamou a atenção para os problemas da central nuclear de Almaraz.

Catarina Martins começou por lembra que uma das maiores instituições financeiras do mundo, o Deutsche Bank está no centro de uma tempestade financeira depois de ter sido condenado por branqueamento de capitais, manipulação de taxas de juro havendo já quem considere que esta situação é idêntica à que levou à crise financeira mundial de 2008.

“Quando a banca alemã está em crise, o ministro das Finanças alemão, Wolfgang Schauble faz o que sempre fez, ou seja, culpa os países da periferia do euro”, afirmou.

“Desta forma, acrescentou, quando os mercados se enervam com o maior banco alemão, Schauble aponta o dedo ao Orçamento de Estado português, algo que é inaceitável mas que se percebe.”

“No entanto, é no mínimo preocupante que a direita portuguesa o faça”, sublinhou.

Para Catarina Martins defender Portugal é não permitir uma vez mais que se ataque quem trabalha, quem trabalhou toda uma vida e quem aqui quer viver e trabalhar e que seja obrigada a salvar a banca europeia.

“A reunião do Eurogrupo de ontem é preocupante”, frisou a deputada bloquista , porque “revelou uma vez mais que é sob a liderança do ministro das Finanças alemão que o Eurogrupo vem repetir a mentira de associar o nervosismo dos mercados ao Orçamento do Estado português e consequentemente falar em medidas adicionais de austeridade".

“Não será a recuperação de rendimentos que colocará qualquer problema à execução orçamental portuguesa”, disse, tendo ainda sublinhado que “o risco vem como em toda a Europa dos riscos financeiros relacionados como o Deutsche Bank e também com a crise das chamadas economias emergentes sobretudo na China e no Brasil".

“Se o Orçamento português tiver tiver algum risco não é por falta de austeridade mas sim por falta de crescimento porque a reposição de salários e pensões é pouca, faltam meios aos serviços públicos e falta investimento”, referiu

Lembrando que a austeridade foi a receita da direita e que esta só fragilizou o país, Catarina Martins não deixou de sublinhar o “contínuo crescimento” da dívida e o “descontrolo” permanente do défice.

“ Os bons conselhos de Bruxelas foram sempre os piores a ataques a Portugal”, disse.

A porta-voz do Bloco referiu ainda que é importante que se diga com toda segurança que “há hoje uma nova maioria que negoceia orçamentos em Portugal, mas que essa maioria é baseada na recuperação de rendimentos do trabalho, na defesa do Estado Social e no fim das privatizações”.

“Não tenha a direita nenhuma dúvida que essa é a única medida do acordo da maioria. Gostava de ver o primeiro-ministro a repetir isso mesmo”, avançou.

TAP: a solução encontrada não resolve a situação

Referindo-se depois à TAP, Catarina Martins disse que a solução encontrada não resolve a situação sendo tempo de acabar com a “posição dúbia entre os privados e o Estado”.

"Lembra-se de um dos maiores erros da direita e que tão caro custou ao país: o Banif? Milhares de milhões de euros dos contribuintes no banco e nenhum administrador executivo nomeado pelo Estado. O Estado pagava, não mandava, acabou assaltado. Porquê repetir o erro, na TAP? disse, dirigindo-se a António Costa.

E acrescentou: "Porque nós achamos que o negócio da privatização deve ser parado. Na TAP, o plano deste governo é pagar e não mandar. Sem nenhum administrador executivo, como pode o governo garantir os voos para o Porto ou qualquer outro lugar ou qualquer outro objetivo de interesse público na TAP? Como é que podemos garantir que o interesse público é servido se o Estado não manda. Não estamos nós a convidar a um novo assalto?

"Concordamos que o que a direita fez não podia ter feito. Não podia ter vendido a TAP, não podia ter vendido a TAP quando até já nem era governo. Foi tudo um assalto ao país. Mas a solução que o governo agora tem não resolve o problema da propriedade, porque os privados continuam lá e não tem o problema da gestão resolvido, porque o Estado não manda."

"E eu julgo, nós no Bloco julgamos que é tempo de acabar com esta posição dúbia entre privados e Estado, em que o Estado pagando tem tão pouco poder para defender o interesse público. E é por isso que nós vamos continuar a lutar," sublinhou.

Na sua intervenção, Catarina Martins, chamou ainda a atenção para os problemas da central nuclear de Almaraz, em Espanha, que está obsoleta e com problemas que podem vir a afetar Portugal.

“É uma central antiga que data dos anos 80 e tinha data de fecho prevista para 2010 mas o governo espanhol decidiu prolongar o seu funcionamento até 2020”, disse.

“Por isso, disse, o governo português deve exigir às autoridades espanholas o encerramento daquilo que nunca devia ter sido aberto”.

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