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“Bloco será a garantia da exigência da proteção de salários e pensões”

Bloquistas veem com preocupação chantagem europeia sobre Orçamento, mas encaram processo “com renovadas forças para implementar o acordo” entre forças políticas que constituem a nova maioria parlamentar. Após a reunião da Mesa Nacional, Catarina Martins frisou que a candidatura presidencial de Marisa Matias “reforçou o campo político daqueles que não se resignam à austeridade”.
Foto de Paulete Matos.

A Mesa Nacional do Bloco de Esquerda realizou este domingo a sua primeira reunião depois das eleições presidenciais. A par da análise aos resultados eleitorais, esteve em debate nesta reunião a proposta orçamental do atual Governo, bem como a situação que se vive hoje na União Europeia.

Na conferência de imprensa de apresentação das decisões da mesa nacional, Catarina Martins transmitiu a preocupação do Bloco face às “limitações da proposta orçamental do Governo, tanto no esforço de recuperação de rendimentos como do Estado Social, e ainda no esforço de investimento capaz de gerar emprego”.

A porta voz bloquista reiterou ainda “a oposição do Bloco de Esquerda à cedência do Governo à Comissão Europeia no caso Banif, acabando por aceitar a solução que impôs grandes perdas aos contribuintes portugueses, e ao plano de venda do Novo Banco, onde se abdica de enfrentar a estratégia europeia de desmantelamento da banca portuguesa”.

Catarina Martins deixou a garantia de que “o Bloco de Esquerda será a garantia da exigência da proteção de salários e pensões, de uma alternativa pelo emprego, pelo Estado Social e pela transparência”, sublinhando que os bloquistas “continuam firmemente empenhados no esforço de convergência e de procura de soluções para o país, no quadro do acordo entre as forças políticas que constituem a nova maioria parlamentar”.

“Vemos naturalmente com preocupação o momento que estamos a viver e a chantagem europeia sobre o Orçamento, mas encaramos este processo com renovadas forças para implementar o acordo para parar o empobrecimento do país”, destacou.

A dirigente do Bloco alertou que “a chantagem europeia contra as medidas de recuperação de rendimentos, querendo tornar permanentes os cortes que o anterior governo apresentou como temporários, exige determinação na defesa de Portugal”.

“Cá estaremos para esse esforço”, assegurou.

Candidatura de Marisa Matias reforçou “campo político daqueles que não se resignam à austeridade”

No que respeita à candidatura presidencial de Marisa Matias, Catarina Martins afirmou que “lutámos por uma segunda volta que pudesse permitir a derrota do candidato da direita, o que não aconteceu”.

“Marcelo Rebelo de Sousa foi eleito à primeira volta com 52% dos votos, o que representa a mais curta vitória de um presidente da República numa primeira eleição que se alicerçou na popularidade do candidato e numa campanha que, esvaziando-se de conteúdos, evitou a sua própria definição política”, referiu a porta voz bloquista.

“Pela parte do Bloco de Esquerda, consideramos que fizemos tudo o que devia ser feito”, avançou, lembrando que “nas eleições presidenciais de 24 de janeiro, registou-se o melhor resultado de uma candidatura presidencial da área do Bloco de Esquerda desde a sua formação”, sendo que “Marisa Matias foi a terceira candidata mais votada com 10,1% dos votos, merecendo a confiança de mais de 465 mil eleitores”.

“A Marisa conseguiu com esta campanha colocar no centro da agenda política a defesa do país contra a finança, dos direitos contra o privilégio, da soberania democrática contra as imposições externas. A Constituição sobrepõe-se ao tratado orçamental”, disse Catarina Martins.

Para os bloquistas, “esta foi uma campanha importante, que reforça o espaço político do Bloco de Esquerda mas, mais importante, que reforça o campo político daqueles que não se resignam à austeridade e que fazem o caminho para parar o empobrecimento do país”.

Bloquistas condenam políticas europeias de perseguição a refugiados e minorias

O Bloco de Esquerda analisou ainda a situação europeia que vivemos, condenando as “políticas europeias de perseguição a refugiados e minorias”

A alteração à lei da nacionalidade em França, bem como a decisão de confisco de bens a refugiados na Dinamarca e a expulsão de 80 mil refugiados da Suécia foram apontados por Catarina Martins como “os mais recentes passos de uma preocupante escalada contra a democracia e os direitos humanos”.

Os bloquistas reiteraram “a necessidade de estabelecer corredores humanitários que protejam quem foge da guerra e permitam o acolhimento, como é dever dos países da UE”, registando “a convergência com o governo e com as declarações do primeiro ministro sobre esta matéria”.

Na Resolução Política intitulada “O Bloco preparado para o segundo combate contra a troika”, aprovada na Mesa Nacional que teve lugar este domingo, prevê um “debate alargado sobre as questões políticas que marcam o momento que estamos a viver”, sendo que serão promovidos, nos meses de fevereiro e março e em todo o país, plenários sobre dois temas: a chantagem europeia e o Orçamento do Estado para 2016.  

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