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Não pode ser assim (no BANIF)
Ao cair da noite deste domingo para 2ªf, a TVI e depois os jornais, incluindo o PÚBLICO, publicaram algumas informações e diversas interpretações sobre o eventual fim do BANIF ou uma imediata intervenção dos reguladores no banco.
Esta informação não devia ter sido filtrada e a sua divulgação, verdadeira ou falsa, é prejudicial para a resolução dos problemas do banco. No mínimo cria incerteza, no pior dos casos prejudica as soluções.
Não é novidade que o BANIF está desde há muito em situação difícil. A injeção de 1100 milhões de euros pelo Estado, que se tornou sócio a mais de 90% (e ainda mantém mais de 60% com 825 milhões) demonstrou a precariedade do banco. A procura de novos sócios, a começar por um sempre anunciado e sempre falhado negócio com a família reinante na Guiné Equatorial, só demonstrava que a administração não olhava a meios mas não conseguia resolver o assunto. A desatenção da Ministra das Finanças do governo anterior ou do governador do Banco de Portugal, ou de ambos, é chocante: ou foi incompetência ou foi irresponsabilidade. Não se pode deixar passar tanto tempo sobre um problema que só se agiganta.
Entretanto, tendo a Comissão Europeia rejeitado diversos planos para o banco, a administração emitiu na 6ªf um comunicado, a pedido da CMVM, para responder a especulações. O comunicado anunciava que havia compradores interessados em adquirir a parte do Estado, com as ações a subirem 56%.
Luís Amado já tinha dado uma entrevista na semana passada para tentar conter as dúvidas, mas agora a administração foi categórica. Por isso, se nesta semana essa venda não se concretizar, temos um problema em cima de um problema. Lembro a propósito que também nesta 6ªf, no Tabu na SicN, interpretei este comunicado como podendo ser (pelo menos) uma fantasia: não vejo como possa haver interessados em comprar ações num valor tal que compense a parte do Estado.
O que é portanto certo é que existe um problema no banco.
Mas a divulgação de várias hipóteses de intervenção, aliás diferentes e contraditórias entre si, é um erro. Para operar uma resolução de um banco ou qualquer outra forma de intervenção, não se pode deixar que haja notícias a correr – isso tem um enorme potencial de criação de novos prejuízos e de manobras de última hora. A intervenção, qualquer que seja, é feita num fim de semana e nunca anunciada ou discutida umas horas antes de começar a semana. Dentro de algumas horas, a Bolsa ressentir-se-á disso.
Quem tomou a iniciativa de fazer divulgar estas hipóteses desordenadas nas televisões e nos jornais procurou manipular os jornalistas e procedeu de modo a prejudicar a confiança no sistema bancário, a prejudicar a resposta técnica que venha a ser necessária e a tentar erradamente condicionar os decisores políticos. O resultado é que o tempo ficou mais curto.
Artigo publicado em blogues.publico.pt a 14 de dezembro de 2015
Comments
Caro Francisco,
Caro Francisco,
Ha , segundo o seu comentario, tres culpados: a MdasF, o governador do BdeP e os jornalistas que deram a noticia.
O que me surpreendeu ( ou talvez nao ) foi a ausencia de propostas, vindas do Francisco. É que, agora, o BE esta com um pé e 1/2 no poder e nao pode deixar de assumir responsabilidades pela medida que for aplicada. Porque, coerentemente, nao vai manter o apoio ao governo se " forem sempre os mesmos a pagar : - os contribuintes". Agora, como dizia Catarina Martins, " é que os banqueiros vao pagar". É assim ou nao, caro Francisco?
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