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Diretor de jornal turco preso por denunciar entrega de armas dos serviços secretos ao EI

Mais uma vez é posta em causa a ligação do governo de Ancara aos jihadistas na Síria.

Can Dundar e Erdem Gül, respetivamente o diretor e o responsável pela delegação em Ancara do jornal Cumhuriyet, foram presos por “espionagem” e “divulgação de segredos de Estado”. Os dois publicaram um vídeo em maio que mostrava armas e munições escondidas sob caixas de medicamentos, e no qual afirmavam que os serviços secretos turcos entregavam armas aos jihadistas na Síria. O vídeo teve enorme impacto na política turca, ao ponto de Recep Tayyip Erdogan apresentar pessoalmente queixa contra Can Dundar e de o ameaçar, dizendo “ele vai pagar caro”.

Dundar foi na semana passada agraciado com o Prémio para a Liberdade de Imprensa dos Repórteres Sem Fronteiras (RSF) e da TV5 Monde, em Estrasburgo. Na cerimónia, os RSF e a TV5 afirmaram que Dundar estava a ser alvo de “perseguição política” e afirmaram num comunicado que, “se estes jornalistas forem presos, será uma prova suplementar de que o poder turco está pronto a usar métodos de outros tempos para extinguir o jornalismo independente na Turquia”.

A Turquia está neste momento numa situação delicada, sendo um país fundamental para a entrada de refugiados na Europa e também como fronteira da Europa com a guerra na Síria. A Turquia faz parte da NATO e os Estado Unidos querem-na como aliada na luta contra o Estado Islâmico. No entanto, por um lado, Erdogan tem uma relação dúbia com o Estado Islâmico e, por outro, teme e tudo fará para impedir o crescimento da autonomia curda na Síria e Turquia, mas as forças curdas foram consideradas pelos Estados Unidos como a melhor forma de combater os jihadistas.

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