You are here

“Presidente está a tentar condicionar as decisões dos deputados”

Em entrevista à TVI, Catarina Martins diz que Cavaco Silva “se está a comportar como um líder de seita” quando defendeu no seu discurso a exclusão dos partidos à esquerda do PS de uma solução de governo. Para a porta-voz do Bloco, é inaceitável que o Presidente entenda que “há um milhão de eleitores cuja voz não pode ser ouvida”. Veja aqui a entrevista completa.
Judite de Sousa entrevistou Catarina Martins esta quinta-feira, logo após a declaração de Cavaco Silva.

A entrevista a Catarina Martins na TVI foi transmitida pouco depois da declaração de Cavaco Silva, que indigitou Passos Coelho para formar governo e voltou a defender a exclusão dos partidos da esquerda parlamentar de uma solução de governo.

Para Catarina Martins, a decisão de Cavaco em indigitar Passos “tem toda a legitimidade formal”, embora faça o país perder tempo e não tenha “nenhum futuro”. “O problema é o que o Presidente da República disse a seguir”, prosseguiu, acusando Cavaco Silva de ter dito que “há um milhão de eleitores cuja voz não pode ser ouvida”, quando o Presidente criticou na sua mensagem que os partidos que classifica de “anti-europeístas” possam contribuir para uma solução de governo em Portugal. 

A porta-voz do Bloco sublinhou que Cavaco Silva “acaba o seu mandato a defender a permanência do seu partido a todo o custo, mesmo não tendo as condições de estabilidade para ser governo”.  “O Presidente da República fez hoje algo que é muito grave em democracia. Utilizou o seu papel institucional para criar instabilidade e fazer chantagem sobre deputados eleitos livremente. Está a tentar condicionar as decisões dos deputados”, defendeu Catarina Martins, que reafirmou a intenção do Bloco de apresentar uma moção de rejeição no parlamento ao programa de governo do primeiro-ministro indigitado.

“Alguém compreende que quando está a ser negociada uma solução estável, viável para o nosso país, que quebra o ciclo de empobrecimento, que o Presidente da República venha falar da Nato” ou “das metas europeias que nenhum país cumpre?”, questionou Catarina.

“Julgo que o senhor Presidente se está a comportar como um líder de seita, a tentar criar instabilidade e a fazer chantagens. É completamente inaceitável que assim seja”, defendeu Catarina, considerando que “não é aceitável que um Presidente da República venha dizer que não aceita soluções que sejam democraticamente sufragadas no país e no parlamento” para romper com o ciclo de austeridade e empobrecimento.

As críticas à “irresponsabilidade” do discurso do Presidente marcaram esta entrevista a Judite de Sousa. ”É um discurso que atropela a própria democracia. O que o Presidente da República  disse é: ‘eu para segurar o meu partido no poder, prefiro que não haja Orçamento de Estado em Portugal, prefiro que não haja um governo em Portugal’”, resumiu a porta-voz do Bloco.

“O Bloco está empenhado numa solução de estabilidade a quatro anos"

Catarina falou das negociações em curso com o Partido Socialista para viabilizar um governo com apoio parlamentar maioritário e que contribua para “quebrar o ciclo de empobrecimento do país, com a recuperação de salários e pensões”. Outra das preocupações presentes nas negociações é a necessidade de “parar as privatizações e proteger o Estado social” e o acordo sobre um aumento do salário mínimo está “muito bem encaminhado”, acrescentou a porta-voz do Bloco, recusando dar pormenores sobre as medidas em concreto.

Catarina Martins elogiou a disponibilidade do PS para a convergência, “que aceitou as três condições que eram essenciais para o Bloco começar esta conversa”, referindo-se às questões colocadas ainda na pré-campanha no debate televisivo com António Costa.

“O trabalho foi complexo. O Bloco apresentou todas as medidas com números e calendarização”, explicou Catarina Martins sobre o processo negocial das últimas semanas. “O Bloco está empenhado numa solução de estabilidade a quatro anos. Mas o Bloco nunca dará acordo formal a um governo que na prática da vida das pessoas não corresponda ao compromisso político que estamos hoje a negociar”, sublinhou. “No Bloco, achamos que as palavras valem. Esses números do ‘revogável’ e do ‘irrevogável’, o Bloco nunca fará”, foi a resposta de Catarina Martins às questões sobre a estabilidade de um governo viabilizado pela esquerda parlamentar.

Quanto à eventual participação do Bloco no governo, Catarina afirmou que o assunto ainda não foi discutido, “porque para nós o que é importante é garantir a recuperação dos salários e das pensões”.

Entrevista (1ª parte, na TVI)

 
Catarina Martins entrevistada na TVI por Judite de Sousa (1ª p...

Catarina Martins entrevistada na TVI por Judite de Sousa (1ª parte)

Posted by Esquerda Net on Quinta-feira, 22 de Outubro de 2015

Entrevista (2ª parte, na TVI24)

 
Catarina Martins entrevistada na TVI por Judite de Sousa (2ª p...

Catarina Martins entrevistada na TVI por Judite de Sousa (2ª parte-TVI24)

Posted by Esquerda Net on Quinta-feira, 22 de Outubro de 2015

Termos relacionados Política
Comentários (8)