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Adeus, Passos
Não sabemos como vão acabar as negociações desta semana entre o PS e os partidos à sua esquerda. Mas uma coisa sabemos: o momento é histórico e a hipótese de uma alternativa estável que proteja salários, pensões e o emprego vale o risco. Não douremos a pílula, mas também não vale a pena fingir que ela não existe. O que une neste momento PS, Bloco e CDU são preocupações comuns e a vontade, até agora expressa, de romper com o ciclo de empobrecimento do país.
Sim, é legitimo tentar. O tempo do bloco central acabou e todos os partidos devem, em respeito pelos seus compromissos eleitorais, assumir as suas responsabilidades. O Bloco de Esquerda é o segundo partido mais votado da maioria eleitoral que rejeitou o empobrecimento estável que a Direita tem para oferecer. E cada voto será útil para cumprir esse propósito.
O que não me parece legítimo é que o quarto partido com assento parlamentar ache que pode reivindicar para si a vice-liderança do Governo, enquanto diz ao terceiro partido que esse, porque é de Esquerda, não tem legitimidade para participar em soluções políticas. O que não me parece legítimo é que a Direita tenha mais legitimidade para governar em minoria do que um PS com apoio parlamentar maioritário.
Deixemo-nos de rodriguinhos. A hipótese de largar o poder incomoda a Direita, a probabilidade do Bloco ou do PCP participarem numa solução aterroriza-os. Por isso jogam com todas as armas que têm.
A liderar o pelotão vai Cavaco Silva, o presidente da República mais preocupado em defender a sua área política que em garantir o cumprimento da Constituição. Atrás de si há muito por onde escolher, mas vale a pena destacar o líder da UGT, Carlos Silva, a quem volta a faltar a vergonha, ao ponto de declarar apoio aos partidos campeões do ataque aos direitos do trabalho e que têm como plano mais ou menos tácito acabar com as organizações sindicais.
Vivemos tempos interessantes, serão duros. Há dois caminhos e duas linguagens, a do medo e a da esperança.
Artigo publicado em “Jornal de Notícias” em 13 de outubro de 2015
Comments
Á esquerda do impossível.
Á esquerda do impossível.
O bom do Bloco não é que esteja á esquerda da esquerda doutros partidos que são de esquerda. O bloco não é um partido marginal. O bom do bloco é que representa uma mudança nas políticas que levaram o país ao desastre, e aquelas políticas não foram más só por serem de direita, mas sobretudo por serem inúteis para sair da crise e para melhorar a vida da maioria da população.
Deixem de se colocar num ponto marginal á esquerda da esquerda de ninguém porque o projecto de Bloco não é marginal nem extremista, é diferente ao dos partidos que fracassaram em suas políticas e isto é o que os portugueses devem de saber.
Eu estou um pouco apreensivo
Eu estou um pouco apreensivo com as mais recentes posições de BE e PCP que parecem rejeitar a estabilidade governativa a 4 anos quando o que deveriam era promover essa estabilidade pois a situação em que ambos os partidos se encontram, nomeadamente ao que ao número de deputados eleitos diz respeito, é uma situação minimamente agradável.
Sou, apenas, um cidadão
Sou, apenas, um cidadão português e que quer viver em Portugal. Com dignidade, sem medo de pensar que tem direito a ter direitos. Em meu nome e em nome do futuro dos meus filhos, foquem-se no essencial e encontrem um ponto de entendimento e... façam História!
Eu votei no Bloco de Esquerda
Eu votei no Bloco de Esquerda por convicção. Não por protesto. Permita-me então que coloque estão dúvida que tenho. Ao longo destes últimos 40 anos vimos como a Direita, isto é, PSD e CDS sempre que lhes foi conveniente, apesar das suas diferenças. O mesmo já não se pode dizer das Esquerdas. Assim mesmo , no plural. O que se procura neste momento é uma solução de governo para 4 anos. É mesmo possível acreditar que 3 forças políticas de Esquerda , incluindo com alguma boa vontade o PS, com diferenças aparentemente muito difíceis de conciliar, vão aguentar 4 anos sem um qualquer incidente que faça, a qualquer momento cair o governo, estejam ou não estejam nesse governo o Bloco e o PCP? É essa a minha dúvida. Seja como for...tudo... Menos Passos Coelho por mais tempo!
É absolutamente essencial que
É absolutamente essencial que as esquerdas cheguem a um acordo suficientemente credível que não deixe margem ao Cavaco para manter um governo de gestão.E quanto a exigências, devemos ter em mente (Bloco e PCP) que se a direita conseguir voltar a governar em muito pouco tempo extingue rapidamente SEgurança Social, o SNS e a escola pública, e privatiza o pouco que ainda falta incluindo a Caixa Geral de Depósitos. Estamos pois numa emergência muito grave, não podemos falhar. E se tivermos isto sempre em conta, é possível sim um acordo que dure 4 anos. A renegociação da dívida é importante, mas se não chegarmos a acordo ela não se vai fazer mais depressa por isso. E em contrapartida dar-lhes-iamos a oportunidade de acabar de destruir o país.
Passos, portas e cavaco não
Passos, portas e cavaco não são só responsáveis por meio milhão de emigrantes, um milhão de novos pobres, um aumento para 130% da divida externa, do desemprego e do défice, são também responsáveis pela destruição de dezenas de milhares de empresas, do afundamento de quase todos os bancos, incluindo instituições do Estado, do engrossar da função publica (autarquias incluídas) à custa de boys+boys+boys.
Parece-me inútil discutir com o PS mais umas % de TSU/impostos extraordinários/etc. quando esses modelos económicos estão rotos e estafados. Qualquer nova política económica passará por cima desses pormenores, possibilitando um crescimento económico e social que fará esquecer essas correntes que nos prendem.
Considero mais importante, por exemplo, que o Bloco chegue a um acordo com o PS (e o PCP) para limpar a Justiça e todas as instituições publicas que se encontram completamente podres e corrompidas.
Já pude observar pelo feed de
Já pude observar pelo feed de comentários presentes que há muita gente que concorda com o meu ponto de vista, que já referi anteriormente, mas que volto a frisar; apesar de eu ser de esquerda, ultimamente não me revia em nenhum partido do espectro politico da esquerda portuguesa,a minha intenção nestas eleições era de votar no PS, pois seria o voto útil possível, e não estava disposto a dar novamente o voto a partidos "de protesto" pois penso que apenas protestar não leva ninguém a lado nenhum; entretanto foi quando ouvi Catarina Martins a demonstrar uma abertura para governar com o PS dependendo de várias condições, bastante aceitáveis, surgiu em min uma enorme esperança de ver coisas novas, coisas essas que passa por ter caras novas num governo de Portugal, um governo verdadeiramente de esquerda e patriótico,e foi assim que dei o meu voto de confiança no bloco, como devem ter percebido esta subida meteórica (num espaço de 3 semana subiram de uns previsíveis 4.5% para os 10.22%) não se deveu ao mero acaso. Mas agora quando vejo dirigentes do bloco a falar que isto tudo se trata de apenas de um governo MINORITÁRIO do PS com acordo pontuais de incidência parlamentar e que o acordo é apenas valido por um orçamento e que depois logo se vê, aliando a isto expressões pouco claras do tipo "apoio parlamentar maioritário", chego á conclusão que se calhar o Bloco que eu tinha esperanças de já existir, talvez seja uma ilusão, e que se calhar querem continuar do lado de fora, como sempre. Penso que o eleitorado do bloco foi claro, queremos que Governem com o PS por 4 anos! Não se esqueçam que esta teimosia de algumas fações do bloco que querem apenas protestar por protestar, mesmo que isso leve inevitavelmente a direita ao poder, quase que acabou com o partido em 2011 e que não vai haver segunda oportunidade. Compreendo que possa não ser simples mas se o resultado destas negociações for tudo menos um governo sólido de esquerda por 4 anos, penso que a totalidade do eleitorado do bloco e grande parte do eleitorado do PCP deixaram definitivamente de existir, tudo depende de vocês, para bem do país e da esquerda.
Fui votante PS até ao
Fui votante PS até ao primeiro governo Guterres, depois desiludi-me e passei a votar Bloco de Esquerda, cada vez com mais convicção. Estou cheia de esperança num governo de esquerda.
Estou a pensar até se, além do meu voto, poderei ser de mais alguma utilidade ao partido e à união da esquerda.
Pareceu-me que na última
Pareceu-me que na última passagem do P.P.Coelho na TV achei-o excessivamente confiante na passagem de minoritário para vencedor na apresentação na AR do programama de governo e orçamento. Será que a "sacanagem" que hé em abundância no PS se abstem no debate???o Costa e vocês contaram com esta hipótese?
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