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Volkswagen: Garantia do ministro da Economia não era verdadeira

O ministro da Economia, Pires de Lima, garantiu que os veículos produzidos na Autoeuropa não tinham o “kit fraudulento”, no dia 24 de setembro. Afinal, ao contrário da garantia do ministro, os “motores vigarizados” passaram mesmo pela Autoeuropa.
A garantia dada por Pires de Lima não era verdadeira, conferência de imprensa após a reunião do Conselho de Ministros em 24 de setembro de 2015 – Foto de Inácio Rosa/Lusa

No dia 24 de setembro, no final da reunião do Conselho de Ministros a declaração mais importante e sonante foi do ministro da Economia, António Pires de Lima, que afirmou: "Tivemos a informação que os veículos produzidos na Autoeuropa não terão aquele kit fraudulento".

Não caberia ao ministro da Economia dar uma tal garantia, que evidentemente não tinha, mas Pires de Lima preferiu seguir o mesmo padrão das declarações de Cavaco Silva e de Passos Coelho poucas semanas antes da resolução do BES. Só a 29 de setembro Pires de Lima veio dizer que "deve ser a Autoeuropa a dar explicações" e que "todas as fábricas que produziram para o mercado europeu não estão livres de terem produzido automóveis com a incorporação desse kit fraudulento, incluindo a Autoeuropa", mas mesmo nessa altura continuou a justificar: "nos últimos meses a Autoeuropa não produziu motores diesel EU5".

Motores vigarizados” passaram pela Autoeuropa

O Jornal de Negócios desta quarta-feira noticia que o proprietário de um Scirocco de 2009 descobriu que o seu carro, produzido na Autoeuropa, tinha o software que manipula as emissões.

A empresa que comercializa os carros do grupo Volkswagen em Portugal, Siva, confirmou que modelos produzidos pela Autoeuropa (caso de Eos, Sharan e Scirocco) estão entre os veículos que têm o software de manipulação das emissões.

O coordenador da comissão de trabalhadores (CT) da Autoeuropa, António Chora, a acompanhar o encontro de trabalhadores do grupo Volkswagen, foi entrevistado pelo Jornal de Negócios e recebeu a notícia com surpresa, declarando: “É a primeira vez que ouço isso”.

Em declarações à TSF, António Chora, coordenador da comissão de trabalhadores (CT) da Autoeuropa, afirmou ainda que "há uma forte possibilidade de, no passado, termos sido brindados com alguns motores vigarizados". O novo CEO da Volkswagen, Mathias Muller, já disse que, segundo as primeiras investigações, a manipulação dos motores era feita na Alemanha, na fábrica de Wolfsburgo.

"Nós na Autoeuropa, como em todas as fábricas da VW, pegávamos no motor que vinha da fábrica em que era produzido. O motor já vem completo", explicou então António Chora, acrescentando que "a única coisa que era acrescentada para que o motor trabalhasse eram peças como o alternador e a caixa de velocidades. Não consigo dizer se há muitos ou se há só alguns (motores manipulados)".

O coordenador da CT da Autoeuropa disse ainda à TSF que a produção da empresa se mantém: "Continuamos a produzir 460 carros por dia sem qualquer tipo de cortes".

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