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Universidade de Coimbra contrata bolseiros para cobrar propinas

O concurso esteve aberto de 16 a 21 de Setembro e a universidade procurava “Licenciados ou Mestres em Direito, Administração Pública, Gestão e áreas afins” para fazerem a “cobrança coerciva de dívidas de propinas e de regularização de reembolsos e outros que careçam de regularização. Por Precários Inflexíveis.
"Os felizes contemplados com as bolsas não terão direito a um contrato de trabalho", ironizam os Precrários Inflexíveis.

A lista de concursos de bolsa absurdos para substituir óbvias necessidades de pessoal por parte das universidades já é longa, mas este concurso talvez ganhe o prémio de absurdez.

Já anunciámos concursos de bolsas para pedreiros (aqui) e jardineiros (aqui) no Instituto Superior de Agronomia, para trabalho estatístico na Direcção Geral de Estatísticas da Educação e Ciência (aqui), mas eis que a criatividade não tem limites e a Universidade de Coimbra anuncia a contratação de dois bolseiros para o “procedimento de cobrança coerciva de dívida de propinas e taxas”.

A Universidade de Coimbra tentou contratar os serviços dos Cobradores do Fraque, mas como estes lhes exigiram um contrato de trabalho, tiveram a empreendedora ideia de contratar bolseiros para o serviço. O concurso esteve aberto de 16 a 21 de Setembro e a universidade procurava “Licenciados ou Mestres em Direito, Administração Pública, Gestão e áreas afins” para fazerem a “cobrança coerciva de dívidas de propinas e de regularização de reembolsos e outros que careçam de regularização. Propor metodologias de inovação e modernização que contribuam para melhorar a gestão dos procedimentos associados à gestão de propinas, incrementando a antecipação da cobrança ao prazo prescricional das referidas dívidas e a melhoria dos serviços prestados no âmbito da atividade”.

Os felizes contemplados com as bolsas não terão direito a um contrato de trabalho, colocando-os a trabalhar obrigatoriamente em exclusividade, sem direito a subsídio de desemprego, a subsídios de férias ou 13º mês, a aceder a uma segurança social justa (os bolseiros têm acesso ao Seguro Social Voluntário, cuja protecção oferecida é reduzidíssima e cujo valor de desconto não corresponde ao salário dos bolseiros), e também não podem fazer greve. Apesar do contrato de exclusividade, a FCT pode demorar meses até iniciar o pagamento da bolsas, colocando os bolseiros numa situação e extrema precariedade.

O vergonhoso anúncio das bolsas, está disponível aqui.

Artigo publicado no portal dos Precários Inflexíveis.

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