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“Respeitar o país é também respeitar quem teve de sair”

Catarina Martins e Mariana Mortágua reuniram esta segunda-feira em Paris com associações de emigrantes e lusodescendentes.
Catarina Martins no final da reunião com associações de emigrantes portugueses e lusodescendentes em França. Foto Paulete Matos.

O Bloco escolheu iniciar o período oficial de campanha com os emigrantes portugueses para destacar “a maior crise que o nosso país tem e o maior défice que temos”, dado que em Portugal “não há uma família que não conheça o drama de emigração”.

“Ninguém tem nada contra a emigração e até acho que nalguns percursos de vida é algo de natural e que as pessoas gostam de fazer. O problema é que quando falamos em meio milhão a sair em poucos anos, estamos a falar de pessoas que autenticamente são expulsas do país",  afirmou Catarina Martins no fim do encontro que juntou dirigentes da associação de jovens lusodescendentes Cap Magellan, da Confederação das Coletividades Portuguesas de França e da Santa Casa da Misericórdia de Paris.

A agravar o problema da emigração, em Portugal “temos um problema duplo, porque não só as pessoas são obrigadas a sair do país como ainda por cima o Estado cortou como nunca os apoios aos emigrantes”, denunciou Catarina Martins, concluindo que, no caso dos jovens emigrantes com qualificações, “Portugal está a formar enfermeiros, enfermeiros, engenheiros e técnicos para o centro e o norte da Europa.

Falando especificamente de França, onde Portugal é o principal país de origem da população imigrante, “foram cortados consulados, foi cortado o ensino do português, não há apoio social a quem precisa, as pessoas foram abandonadas. Respeitar o país é também respeitar quem teve de sair”, prosseguiu Catarina Martins.

"Programa VEM é gozar com a cara dos jovens"

Para Anna Martins, presidente da associação de jovens lusodescendentes Cap Magellan, o programa VEM propagandeado pelo governo para fazer regressar os emigrantes dos últimos anos “é gozar com a cara” dos jovens que Passos Coelho mandou emigrar, ao mesmo tempo que o governo “abandona e maltrata os seus cérebros e não apoia as associações que servem de complemento ao serviço público”, como as aulas de português.

Por seu lado, José Cardina, vice-presidente da Confederação das Coletividades Portuguesas de França, relatou à TVI que recebe "cada vez mais telefonemas de pessoas em dificuldades" e a pedir ajuda, ainda que a organização "não tenha meios" porque "todos os apoios foram cortados". Idêntica realidade encontra hoje José de Barros, vice-provedor da Santa Casa da Misericórdia de Paris, que "nunca esperava ter de apoiar novos emigrantes que estão a chegar" no meio do ”deserto total de apoios da parte francesa e portuguesa”.

Sobre o eventual regresso dos emigrantes, José de Barros prevê que “jamais a emigração que veio nos anos 60 voltará e os novos que vêm com a mesma ideia de regressar nunca mais vão regressar também”.

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