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Bloco tudo fará para travar ajuste direto dos transportes do Porto
Nesta terça-feira, realizou-se um comício do Bloco de Esquerda na Quarteira, onde intervieram Catarina Martins, Pedro Soares (da comissão polícia do partido e cabeça de lista por Braga), João Vasconcelos (cabeça de lista pelo círculo de Faro) e Tiago Grosso.
"A parte mais insultuosa é dizerem que vão devolver aquilo que foi roubado”
A porta-voz do Bloco de Esquerda começou por denunciar a propaganda do Governo, que “parece tantas vezes não ter limites e insultar até a nossa inteligência”, nomeadamente, “prometendo que vai devolver a sobretaxa”.
Catarina Martins com ironia disse: “Dizem que há uma receita de impostos que permite devolver a sobretaxa para o ano que vem. É sempre bom porque as devoluções vêm sempre quando já não forem governo”. E salientou que “os números que apresentam dos impostos não batem certo com o que diz a Unidade orçamental do parlamento” e “o otimismo do Governo não tem correspondência com os números que são conhecidos”.
"A parte mais insultuosa e de propaganda é dizerem que vão devolver aquilo que foi roubado e que nem sequer devolvem por inteiro" criticou a deputada, acusando: “A sobretaxa não é dinheiro deles, andaram a cobrar impostos a mais para encherem os cofres para o número de propaganda que aí havia de vir. E agora dizem-nos que a vão devolver, vão devolver o quê? O ladrão pode chamar devolver a uma pequeníssima parte do que roubou e ainda por cima não é certo sequer que o faça?”
“Este governo vendeu tudo o que podia no país”
A porta-voz do Bloco denunciou a seguir as privatizações. “Vendeu a REN – as infraestruturas elétricas, vendeu os CTT, a ANA, empresas lucrativas vendidas por tuta e meia”, acusou Catarina Martins, lembrando que a auditoria do Tribunal de Contas à primeira das vendas (a REN), concluiu que “foi vendida muito abaixo do preço de custo”, que “os mesmos que ajudaram a avaliar a empresa eram depois os assessores do privado a fazer o contrato (no caso o BES e o BESI)” e “descobriu que ainda por cima o contrato não tem nenhuma cláusula que obrigue a cumprir o serviço público, se for preciso”.
“Não contentes com as vendas que fizeram ao longo de quatro anos, eis que o governo decide que este é o momento, quase em final de mandato, de fazer a maior PPP que alguma vez existiu no país - a PPP com os transportes coletivos de Lisboa e do Porto”, acusou a deputada.
Catarina Martins criticou então a decisão do governo de concessionar a privados os transportes coletivos do Porto por ajuste direto.
“O concurso não correu bem? Teve que ser anulado? Não interessa nada. Qual transparência, qual interesse público, vendemos a quem der o que der” criticou Catarina Martins, salientando que o governo não faz “nem sequer um concurso para avaliar das propostas por ajuste direto”.
“O Bloco de Esquerda fará tudo para travar este ajuste direto, porque um país não se vende”, afirmou a porta-voz do Bloco, sublinhando que “a cada dia, que aceitamos esta liquidação total do país e os saldos das nossas empresas públicas e setores estratégicos, empobrecemos mais um bocadinho”. “Não podemos deixar que este governo seja ladrão de tudo o que foi construído com tanto esforço de todos nós” realçou, fortemente aplaudida.
A propósito do crash das bolsas, Catarina Martins lembrou que “PSD e CDS querem plafonar a segurança social e com isso promover a privatização de sistemas de pensões” e acusou que a coligação de direita quer “entregar as pensões à mesma economia de casino que criou a crise em 2008 e que hoje está novamente em turbulência”.
“Não aprenderam nada com tudo o que passámos até aqui, não aprenderam nada e querem tornar tudo pior. É por isso também que a escolha do dia 4 é tão importante para proteger o futuro”, apontou a deputada.
A concluir, a porta-voz do Bloco afirmou que “o Bloco de Esquerda propõe que o país se defenda, dizendo que não pode gastar mais riqueza em PPP's ou na dívida do que na educação, na saúde ou na proteção social”, salientando que “ou continuamos a dizer que sim ao poder económico da negociata” ou “vamos dizer que já chega. Que quem aqui vive, que quem aqui trabalha e quem trabalhou toda uma vida tem de ser respeitado, merece clareza nas propostas políticas e merece determinação na defesa das pessoas”.
“Defendemos a sardinha, mas também os pescadores e a pesca em Portugal”
Pedro Soares falou da pesca da sardinha e da reabilitação urbana.
“O governo tem trabalhado muito para a redução dos rendimentos dos pescadores, para o desmantelamento da nossa frota pesqueira e nos últimos dias há mais uma notícia: a interdição da pesca da sardinha”, afirmou Pedro Soares.
“Nós somos pela defesa dos recursos marítimos, das espécies marinhas, e sobre isso não temos dúvida nenhuma. O Bloco sempre tem defendido que deve haver políticas de estudo, de acompanhamento, de monitorização, relativamente às espécies marinhas que têm que ser protegidas”, referiu o dirigente do Bloco e criticou: “mas o que se está a passar relativamente à interdição da pesca da sardinha é inconcebível”.
Salientando que “muitas comunidades dependem da pesca da sardinha nesta altura do ano”, Pedro Soares criticou o governo por “interditar agora” e por “como compensação pretende dar-lhes uns míseros 20 euros por dia de trabalho, o que na prática dá menos que o salário mínimo nacional por mês”.
“Queremos defender a sardinha, mas queremos defender os pescadores. Queremos defender as condições de vida dos pescadores. Não queremos a destruição das pescas”, apontou o dirigente bloquista bastante aplaudido.
Sobre a reabilitação urbana, Pedro Soares referiu que “há um milhão de edifícios com necessidade de ser reabilitados” o que “implicaria, um investimento ao longo dos anos, de 38 mil milhões de euros”.
Apontando que a linha de crédito criada pelo governo foi de apenas 50 milhões de euros e que “até ao momento só foram contratualizados 7 milhões de euros”, Pedro Soares criticou o governo que pela voz do ministro do Ambiente veio considerar a reabilitação urbana um êxito governamental. “É o branqueamento da realidade. O que o governo anda a fazer é o lava mais branco. É a máquina de lavar Passos Coelho e o detergente Paulo Portas”, ironizou Pedro Soares, bastante aplaudido.
"Eleger deputados do Bloco pelo Algarve”
João Vasconcelos, cabeça de lista do Bloco pelo círculo de Faro, argumentou pela necessidade de “voltar a eleger deputados do Bloco pelo Algarve”, para “o Bloco ser mais forte”, para “voltar a apresentar reivindicações do povo algarvio”, para “fortalecer as lutas” locais e ajudar a “protagonizar uma viragem de esquerda em Portugal”.
Depois de ter denunciado a situação social e laboral, João Vasconcelos defendeu a luta “contra as portagens na Via do Infante e pela requalificação da EN125”. O candidato bloquista salientou que as portagens na Via do Infante constituíram um prejuízo para a economia, nomeadamente com a diminuição de espanhóis “que deixaram de frequentar o Algarve”, e agravou a sinistralidade na EN 125, apontando que este ano já “11 pessoas morreram na EN 125”. João Vasconcelos criticou ainda a proposta do PS de baixar as portagens, defendendo a sua extinção e a requalificação da EN125.
Comments
O caso é que vocês não querem
O caso é que vocês não querem perder o ninho de cobras em que se transformam as empresas públicas, sem elas os sindicatos não tem onde prosperar, nem onde colocar os seus tentáculos. As empresas públicas são ouro sobre azul para os partidos de esquerda e os sindicatos.
relações laborais
É importante e necessário que falem acerca da falta de democracia nas empresas. É a vida real...
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