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Ai meu deus que vem aí a direita
O inefável Santana Lopes grita que isto tudo é insuportável e Pacheco Pereira vocifera desalmadamente como é costume. Mais longe, Passos Coelho reage com calma mas em francês, Marques Mendes fica atrapalhado e Marcelo ainda não disse nada. Os outros, todos, recomendam o apoio ao governo.
Percebe-se porquê. É que a moção critica e recusa a destruição do contrato social que deve proteger os desempregados. E a direita juntou-se ao PS para reduzir o subsídio de desemprego. A moção critica e recusa a vida sem vida que é imposta às gerações sacrificadas, aos trabalhadores que vivem a recibo verde e a trabalho temporário ou a prazo. E a direita juntou-se ao PS para promover os recibos verdes e a precariedade. Dois milhões, quase um em cada dois trabalhadores, desemprecários. Sem futuro, sem vida.
Naturalmente, a reacção de classe da direita leva-a a apoiar todas estas políticas e aliar-se ao governo que as protagoniza. Parece por isso ligeiramente exagerada a reacção de alguns comentadores de esquerda que, ao som da música do PS, vieram brandir o perigo da vitória da direita. A direita está onde sempre esteve, ao lado do PS (e, no futuro, contra o PS). E, porque as sondagens lhe parecem dar vantagem, isso não a torna mais perigosa do que já é agora, com a política que pressiona e impõe.
De facto, quem refere o perigo da direita no futuro quer esconder o perigo da direita no presente. E ela é perigosa. Perigosa e poderosa. Está mesmo a governar, porque é a política de direita que impõe, no final deste mês, a redução da indemnização ou a constituição de um fundo para financiar o despedimento. Se isso não é a direita, então o que é a direita? Se não é a direita que impõe que os dividendos não paguem imposto no caso de um dos maiores negócios do mundo, a venda da Vivo, o que é direita então?
Mas não fujo ao problema das sondagens. O que nos indicam é que, a continuar a degradação da governação, pode haver uma vantagem do PSD sobre o PS. Apesar disso, não estou a ver alguém a atrever-se a dizer que devemos abolir as eleições, para evitar que a direita ganhe. As eleições, a realizarem-se e quando se realizarem, são sempre uma solução e não um risco, porque a democracia é assim: tem o poder de decidir e eleger. A rápida passagem do PS e dos seus arautos para o ponto de vista da "suspensão da democracia" para proteger Sócrates, tem o seu encanto, mas pouca virtude política.
A pergunta que temos que nos fazer é antes porque é que isto acontece, porque é que as sondagens dão o PSD à frente? E a resposta é evidente, mesmo para os cultores do pânico da direita: a responsabilidade total é do governo e da política que pratica.
Do governo, porque não quer nenhum acordo à esquerda. Quer um Orçamento de corte de salários e de aumento de impostos, portanto à direita. Quer alterar as leis laborais para embaratecer o despedimento, portanto à direita. Quer facilitar a isenção fiscal dos bancos, portanto à direita. E esse acordo à direita trouxe o PSD para a ribalta política, ao mesmo tempo que o PS perde os votos de professores, de trabalhadores, de reformados, dos sacrificados da crise. O colapso eleitoral anunciado do PS, que abre o caminho à direita, é simplesmente o efeito da política do PS em aliança com a direita.
Os que nos gritam que a direita vem aí sabem que o PS é hoje o governo provisório do PSD. Sim, a direita tem avançado porque o PS abre a porta. É portanto extravagante pensar que a solução para barrar a direita é o PS, que é o mesmo partido que abre o caminho à direita levando-a ao poder efectivo, que é o da lei económica. O PS traz a direita, não luta contra a direita.
Por isso, pelo contrário, a esquerda tem uma tarefa difícil. Ser oposição e ser portadora de propostas. Ser unitária e saber dialogar com forças diferentes. O Bloco de Esquerda será a força de oposição mais decidida contra as políticas de direita e, por isso mesmo, a força que melhor é capaz de aproximar diálogos abertos e convergentes.
Para vencermos a direita, temos de criar uma esquerda muito mais forte, que junte gente que no PS recusa a facilitação dos despedimentos com independentes e gente de todas as cores que queira uma política pelo emprego e pelo salário.
A moção de censura afirma precisamente essa política. Se nos calamos em relação à política do desemprego, somos seus cúmplices. Se nada fazemos, facilitamos o caminho da direita, agora aliada ao PS e em breve em confronto com todos. Chegamos por isso ao momento da clareza. A esquerda não pode aceitar que Sócrates entregue o hospital público do Algarve ao Ricardo Salgado até 2040, ou o de Braga ao Mello, e que nos cobrem 15% de juro nessa operação. Eu não aceito. Não pode aceitar o congelamento das pensões. Eu não aceito. Não pode aceitar a redução dos salários. Eu não aceito.
Para vencermos a direita, precisamos de ter esquerda. É por isso que a moção de censura propõe políticas novas e concretas, afirmando uma esquerda que junta forças para a alternativa, a política socialista.
Comments
Dia 5 de Fevereiro: “Moção de
Dia 5 de Fevereiro:
“Moção de censura sem «utilidade prática»
Líder do Bloco de Esquerda diz que este não é o momento
“(...) Para Francisco Louçã, a possibilidade de apresentação de uma moção de censura é um direito de qualquer partido, não abdicando o BE desse direito, embora considere que este não é o momento.
«Apresentaremos sempre alternativas e não nos pronunciaremos sobre moções de censura que não existem ou sobre intenções vagas de apresentação por este ou aquele partido», disse, adiantando que «no tempo certo» o Bloco de Esquerda discutirá essa questão.
Actualmente, defendeu Francisco Louçã, o país precisa de mobilização social para combater os falsos recibos verdes, o trabalho precário e a situação dos jovens sem emprego.”
http://www.agenciafinanceira.iol.pt/politica/francisco-louca-louca-be-mo...
Para memória futura: Dia 8 de
Para memória futura:
Dia 8 de Fevereiro:
“Bloquistas garantem que não se vão colocar na posição de "facilitar a vida à direita portuguesa".
(...) Em declarações ao PÚBLICO, José Manuel Pureza, líder parlamentar do BE, garante que a sua bancada não está disposta a dar a mão ao PSD e CDS. "Não nos colocamos na posição de facilitar a vida à direita portuguesa", afirmou, lembrando que o que poderia significar uma moção de censura aprovada. "Derrubar este Governo para introduzir a revisão constitucional do PSD não é aceitável".
O BE repete que discutir uma moção de censura neste momento "não tem efeitos práticos".
http://jornal.publico.pt/noticia/08-02-2011/pcp-admite-apresentar-mocao-...
“Sim, a direita tem avançado
“Sim, a direita tem avançado porque o PS abre a porta.” escreve Louçã.
Segundo Pureza porque Louçã está disposto a dar a mão ao PSD e CDS, facilitando a vida à direita portuguesa?
Que coisa mais parva!
Pelos vistos a única coisa
Pelos vistos a única coisa que sabes dizer é "Que coisa mais parva!"
...CHIÇA!!!... nós já
...CHIÇA!!!... nós já percebemos tudo...nós já não somos lorpas...mude-se esta página eivada de estrume... para quê tanta insistência???...para quê tantos exercícos de raciocínio??? para quê tanta justificação???...para quê tanto malabarismo da palavra????...já percebemos o esforço da primigénia homeostase partidária:)... o BE, como o PS, também vai cumprir o seu mandato na integra... "se não nos podem dar o sol, saíam lá da frente dele"...
Este texto é uma obra
Este texto é uma obra objectiva de arte,mas queria fazer alguns reparos.
Nas TVS portuguesas só existem comentadores de extrema direita e digo extrema direita,porque esta gente defende toda o neoliberalismo que é uma teoria extremista de direita.
Esta é a democracia que vivemos, em que tudo o que não é PS ou PSD/CDS é banido de abrir a boca de forma consistente o que significa que a esquerda, os independentes e o centro esquerda não tem voz e são chamados de radicais.
Vejam o caso da France telecom,em que a fantástica flexibilidade consiste no terrorismo laboral de tratar as pessoas como coisas levando-as ao suícidio.E por caso, muitas destas pessoas são pessoas altamente qualificadas.Esta é a lei laboral que querem impôr na Europa onde em nome do lucro estudam-se métodos científicos usados em doentes terminais, de forma a que as pessoas aceitem demitir-se ou são humilhadas constantemente até que aceitem a mobilidade.
Para a história, fica o facto
Para a história, fica o facto de o PS ter aprovado as medidas mais extremistas de direita na política portuguesa.
Por acaso, alguém consegue imaginar o PSD a fazer o mesmo,mas ao contrário?Ou seja,a proibir os despedimentos,a impôr um limite máximo de 8 horas por dia e ser chamado de direita.
Tenham honestidade intelectual e assumam as vossas responsabilidades!
O PS há muito que nada tem de centro esquerda,escolheu a 3 via,agora só tem de a assumir.A 3 via é uma fraude ideológica para que não haja alternativa à direita e para que as pessoas estejam condenadas a votarem sempre nos mesmos,ou seja,em 2 representantes de direita.
O PS e os seus
O PS e os seus correlegionários só se lembram que são de esquerda quando o seu poder está em perigo, o resto do tempo afirmam-se liberais democratas.Da última vez que eu vi o significado de liberalismo, este enquadrava-se na área da direita.E foi Sócrates que o afirmou nos EUA.Nós(o PS)não somos socialistas,mas liberais democratas como o partido democrático americano que é como todos sabemos de direita.
Portanto o BE colocou-se
Portanto o BE colocou-se posição de facilitar a vida à direita portuguesa, certo, Lucas?
Que coisa mais parva!
Que eu saiba o PS é de
Que eu saiba o PS é de direita.Talvez devas fazer um gráfico com as diferentes políticas e ver onde encaixam as políticas do PS de Sócrates.
"Para vencermos a direita,
"Para vencermos a direita, temos de criar uma esquerda muito mais forte, que junte gente que no PS..."
Quais sectores do PS? Não era esse o PS que junto connosco votaria no Alegre? Uma proposta pouco realista.
Sobre o PCP, nem uma palavra para criar essa esquerda forte. Um partido com um programa político que no essencial é como o nosso, que nesta conjuntura tem os mesmos objectivos. Muito mais perto que uma até agora invisível esquerda no interior do PS.
Juntos com o PCP, cada um com o seu programa e as suas bandeiras, mais o povo sem partido - que é de longe a maioria do pais - podíamos sim formar essa esquerda forte que se reclama. Nos e o PCP temos que terminar com um sectarismo quase congénito na esquerda portuguesa.
Tem razão o cro. Louçã quando diz que: "Ser unitária e saber dialogar com forças diferentes". Sem dúvida. Só que nem somos capazes de apresentar juntos uma moção de censura.
Independentemente da
Independentemente da incoerência relativamente às declarações da semana passada e do taticismo subjacente à apresentação da moção de censura, parece-me que finalmente o Louçã percebeu o óbvio: o atual PS é um partido de centro-direita e dificilmente pode voltar à sua matriz social-democrata. Aliás, cada vez mais tenho esperança que, neste início do séc. XXI, aconteça aos "socialistas" europeus o que sucedeu aos liberais no início do séc. XX: a redução à irrelevância. Julgo que o BE poderá ocupar, no futuro, o espaço do centrro-esquerda que eles deixaram vago. Mas, para isso, tem de seguir o seu caminho e não se deixar cair na armadilha de ir para o poder sem possibilidades de ser uma verdadeira alternativa. De resto, para mim, estar no poder o Sócrates ou o Passos Coelho é praticamente igual. Se calhar, o PSD até tem uma vantagem: diz ao que vem e toda a gente sabe, em lugar de tentar colorir políticas de direita com roupagens de esquerda, como faz o PS.
...então lucas? o
...então lucas? o televisionável daniel oliveira é da extrema direita?...
O Daniel Oliveira é
O Daniel Oliveira é televisionável num horário em que quase ninguém o pode ver.No horário nobre está barrado,porque pode dizer coisas inconvenientes para o sistema dominante.Eu acho que o Daniel odeia tanto a direita que prefere ver o PS no poder pela simples razão de o PS supostamente ser de centro esquerda.
Mas a verdade factual é que o PS tem aprovado medidas que são objectivamente de estrema direita.As pessoas podem sempre dizer,bem se fosse o PSD ou o FMI seria pior.Faço esta pergunta, conseguem ver estas políticas ao contrário serem practicadas pelo PSD?
Mas tenham calma, se o Sócrates continuar, no fim iremos ver vermos se vai sobrar alguma coisa para privatizar e aí quero ver que diferenças existirão para o PSD.Esquecem também que se o PSd ganhasse as eleições teria que lidar com a oposição do PS.Vocês falam como se o PSD tivesse maioria absoluta.O quê que o PS está lá a fazer se faz o mesmo que o PSD/CDS?
Segundo a última sondagem o
Segundo a última sondagem o PSD teria 36 e o PS 29 sendo que o PS juntamente com o BE e PCP constituiriam a maioria no parlamento,logo o PS poderia travar as tais medidas que seriam ainda piores.Por isso,acho engraçada a noção de que esta moção seria um desastre para a esquerda.O PS não é de esquerda? Então com esse diferencial na A. da R. seria fácil provar isso mesmo e vetar as medidas perigosas.As únicas pessoas que devem estar preocupadas são as do aparelho do PS mais ninguém.
"As eleições, a realizarem-se
"As eleições, a realizarem-se e quando se realizarem, são sempre uma solução e não um risco"
As eleições em si, não são uma solução. Representam sim várias soluções, onde a solução ganhadora pode até ser pior que a anterior. Meu caro, a democracia também pode ser chamada uma "lotaria" quando nenhuma solução serve, onde a única vitória é qualquer ideia de pertença a um ideal pouco tangível por parte de alguns. Daí existe de facto risco. Mas um risco que o é dependendo do lado onde se está ...
Este sistema auto-intitulado de democrático e "representativista" é a maior expressão de um ad populum. A ditadura da maioria sobre a minoria nunca será uma solução e é de facto um risco eterno.
Gosto mais de o ler noutro tom. Um dia ouvi-o falar sobre o seu avô anarco-sindicalista ... e gostei.
Noutro tom ... Esta jogada do
Noutro tom ... Esta jogada do BE até me surpreende. Renunciar para depois ir a jogo ... all in !!! Resta saber quem tem a melhor mão ...
De facto, a direita queria também isto. No entanto ela, a direita, gosta de ter controlo sobre a situação. É para isso que servem as reuniões com a "nata" da nossa sociedade com os Rothschild's e os Bilderberg's em palacetes em Sintra. O timming estava decidido e era suposto termos mais tempo da telenovela "PS/PSD" para preparar a população. Por isso os comentadores, ávidos paus mandados do sistema, começaram a vociferar a mesma diarreia mental de sempre.
É claro que ficaram chateados, e mostram-no. Se estivesse em ditas doutas reuniões ... "mostraria de facto o meu incómodo em ter mais uma "season" desta telenovela. Há muitas personagens novas que não chegam ao calcanhares de antigas marionetas. Que saudades do Santana ou do Guterres" ... É tão patético
"Para vencermos a direita,
"Para vencermos a direita, precisamos de ter esquerda."
Dr. Louçã
Voçê, com esses devaneios de Moções ridículas que na pratica só serve para denegrir a imagem do B.E está a destruir a ambição que muitos militantes como eu tínhamos de o Bloco ser a NOVA ESQUERDA DE PORTUGAL.
Pense no Pais e deixe de lado a sua ideologia Radical!
Susy
Isto que está a acontecer no
Isto que está a acontecer no Bloco é MAU demais para ser verdade!
Mas o PS é de
Mas o PS é de esquerda?...Onde está a social-democracia no PS?...Só 20% do eleitorado PS, votou Alegre... Onde foram caír os outros 80%, (os do centrão...), os tais que nada querem saber da social-democracia?... Alegre foi traído pelo beijo de judas (ao aceitar o apoio maquiavélico, de Sócrates), que depois de impôr aos trabalhadores, as medidas impopulares, que até a direita mais reaccionária, teria dificuldades de aplicar, sabia que esse apoio iria conduzir Alegre à derrota e assim punilo-ia, pela audácia que teve, em avançar com a sua candidatura, contra a vontade dos socratóides!!!
A política do PS/socratóide, é já clara e inequívocamente, a aplicação das recomendações do FMI, (sem este necessitar de cá vir directamente...)!!!
Abram os olhinhos, ceguetas e vítimas dos opinion makers da comunicação social...Aquilo é uma rataria, ao serviço dos patrões que lhes acenam com os jargões do money...!!!
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