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Alemanha e Eurogrupo aumentam chantagem sobre a Grécia

O parlamento grego aprovou nesta sexta-feira, a proposta de acordo com os credores. No entanto, à entrada para a reunião do Eurogrupo, o ministro das Finanças alemão disse que as negociações são “extremamente difíceis” e o presidente do Eurogrupo declara que “há a questão da confiança”.
Foto de EU Council Eurozone/flickr

Parlamento grego aprova proposta

O parlamento da Grécia aprovou, nesta sexta-feira 10 de julho, a proposta de acordo do governo grego com os credores, por 251 votos a favor, 32 contra, 8 abstenções e 9 ausências. (pode conhecer aqui a proposta grega e a lista de contrapartidas aqui).

No grupo parlamentar do Syriza, que não impôs disciplina de voto, houve oito abstenções, dois votos contra e seis ausências na votação da proposta. Entre as abstenções contam-se a presidente do Parlamento e os ministros da Energia e da Segurança Social. No conjunto das bancadas do Syriza e Gregos Independentes, votaram a favor 145 dos 162 deputados, ficando abaixo dos 151 necessários para garantir a maioria. Porém, Nova Democracia, To Potami e Pasok votaram a favor da proposta, que teve os votos contra de Aurora Dourada e KKE. (mais informação sobre a votação aqui)

Schäuble endurece pressão

Nas declarações feitas à entrada para a reunião do Eurogrupo, que vai tratar do acordo com a Grécia e que se realiza neste sábado, aumentam as pressões e chantagens sobre o governo grego.

Wolfgang Schäuble, ministro das Finanças da Alemanha, declarou que “estas vão ser negociações extremamente difíceis”. Schäuble disse ainda “não estamos dispostos a aceitar cálculos irrealistas” e voltou a afirmar que supostamente “um perdão da dívida não é possível, de acordo com os tratados europeus.”

Recorde-se que, em artigo publicado no jornal britânico “Guardian”, Varoufakis acusou o ministro das Finanças da Alemanha de querer “ver a Grécia expulsa do euro” para “disciplinar a zona euro e a França”.

A “questão da confiança”

Por sua vez, Joroen Dijsselbloem, presidente do Eurogrupo, para além de repetir Schäuble afirmando que “vai ser um encontro bastante difícil”, referiu que há questões para resolver no plano das mudanças na fiscalidade e nas reformas.

O presidente do Eurogrupo, absolutamente despreocupado com a Europa e o euro, levantou sobretudo a “questão da confiança”, de uma forma que mais parece uma atitude prévia de tentar humilhar o governo e o povo gregos.

“Pode-se acreditar que o governo grego vai fazer aquilo que está a prometer e implementar efetivamente [as reformas] nas próximas semanas, meses e anos? Como é que podemos realmente esperar que este governo implemente o que está agora a prometer?”, questionou Dijsselbloem, membro do partido holandês da Internacional Socialista.

Dijsselbloem repisou ainda: “O governo grego terá de mostrar um empenho muito, muito forte para reconstruir a confiança”, com os credores.

Também Michel Sapin, ministro francês das Finanças, afirmou que “a confiança é um elemento determinante do acordo”, elogiando, no entanto, as propostas do governo grego, a sua “determinação política” e afirmando que “temos o direito de falar sobre a dívida”.

Probabilidades de acordo

À entrada da reunião do Eurogrupo, Hans Jorg Schelling, ministro das Finanças da Áustria decidiu avaliar as probabilidades de acordo, afirmando que “as probabilidades de alcançar um acordo são de 60%”.

Christine Lagarde, diretora-geral do FMI disse, por sua vez: “estamos aqui para fazer muitos mais progressos”.

As declarações dos diversos participantes da reunião são variáveis, notando-se nalguns uma forte pressão sobre a Grécia, como é o caso do ministro das Finanças da Holanda, Eric Wiebes, que afirmou: “Os gregos deram claramente um passo em frente. Mas os credores mantêm uma posição crítica, o plano em algumas áreas é mais fraco do que devia ser. A sugestão é de que comecemos as negociações quando estas situações estejam alteradas”.

O comissário europeu para os Assuntos Económicos, o francês Pierre Moscovici, disse: “Este programa de reformas pode constituir uma base de trabalho para um novo programa de resgate do Mecanismo Europeu de Estabilidade. Em nome da Comissão, o que vou fazer é uma análise: dos riscos financeiros para a zona euro, da sustentabilidade da dívida grega, e em terceiro, das necessidades, que são muito importantes, para este programa.”

Pier Carlo Padoan, ministro das Finanças de Itália, declarou, por sua vez: “A ideia é iniciar as negociações tendo por base o Mecanismo Europeu de Estabilidade… Estamos aqui todos de mente aberta. Estamos no início das negociações e não com a ideia de aqui alcançar já um acordo espetacular”.

Passos Coelho repete Schäuble

Mariano Rajoy e Passos Coelho também fizeram, neste sábado, declarações de pressão sobre a Grécia.

Rajoy, que se empenhou na campanha eleitoral de janeiro passado na Grécia, apoiando Samaras e a Nova Democracia, veio declarar que “caso o acordo seja alcançado, será pior do que o anterior”.

Já Passos Coelho veio recusar o perdão da dívida grega, na linha das afirmações do ministro das Finanças alemão.

“Não creio que seja fácil a algum primeiro-ministro na Europa dizer ao seu país que se vai perdoar muito milhares de milhões de euros que fazem falta a essas economia e a esses países”, declarou o primeiro-ministro de Portugal.

Passos Coelho abriu, no entanto, a possibilidade de reestruturação da dívida grega, uma necessidade não só da Grécia mas também de Portugal, que ele sempre recusou. Passos Coelho admitiu, em relação à Grécia, “alargar os prazos de pagamento da dívida" ou “alargar o período durante o qual a Grécia não deverá pagar juros dessa dívida”.

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