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Em Angola é proibido pensar
A fortuna que os mantém e o poder que lhes dá a fortuna, não lhes pertencem. Vem dos diamantes, arrancados à custa da exploração e violação de direitos humanos. Vem do petróleo, que concessionam como se fosse seu. É dinheiro desviado do saneamento básico, do investimento em serviços públicos e em direitos humanos.
O país que o Governo português, com a cumplicidade do PS, vê como um Dubai lusófono, mais uma meca financeira para reverenciar, é um extremo de desigualdade e corrupção. Os generais e milionários que o Governo português se esforça por "atrair" como "investidores" respondem por um regime cleptocrático, em busca de uma melhor reputação.
Da pose diplomática destes governantes, faz parte o fechar de olhos à arbitrariedade, à violência e à punição política dos democratas angolanos. Por isso é possível a Luanda prender 13 jovens pela magna ofensa de "desobediência pacífica", encarcerados e proibidos de contactar outros factores de subversão como a obra do escritor Pepetela, que, reza a Imprensa angolana, não pode entrar nas celas do regime. Não são os primeiros - e outros já pagaram com a vida pecados semelhantes.
Em Portugal, quem leva a sério a fraternidade com Angola, não pode suportar o silêncio dos negócios que cala e esconde a repressão.
Artigo publicado em “Jornal de Notícias” em 28 de julho de 2015
Comments
Bom dia Dra. Mariana. Adoro
Bom dia Dra. Mariana. Adoro ouvi-la. As suas reflexões, os seus comentários, a sua maneira de estar no mundo, são o eco do meu pensamento. Só que eu estudei medicina, não economia e já vou fazer 68 anos. Obviamente que votarei BE mas se me permite um pequeno comentário o BE perde por não a ter no lugar da Dr. Catarina. Ela não tem a sua garra, o seu entusiasmo...
Bem haja por ser como é e por tentar defender o nosso povo.
Cumprimentos
Lurdes Cerol
Ter razão e ser prudente...
Ter razão e ser prudente...
A Mariana tem razão para criticar o governo de Angola, mas devia levar em conta alguns aspectos:
1. O governo de Angola não liga nenhuma aos seus comentários;
2. Tendo Portugal sido a potência colonizadora de Angola, devíamos todos ter algum cuidado na maneira como criticamos Angola e os angolanos, para não dar a impressão de que ainda achamos que temos alguns direitos de tutela sobre os angolanos;
3. As relações entre os dois países são importantes tanto para nós como para eles, pelo que deveríamos ter algum cuidado em não criar anti-corpos a essas relações;
4. É através de uma forte relação de amizade e de respeito pelos angolanos e pela soberania de Angole que poderemos influenciar Angola no sentido de melhorar o seu respeito pelos direitos humanos.
Quantos menos artigos com este tom crítico se publicarem, melhor será. O que não significa fechar os olhos às violações de direitos humanos em Angola.
Desmascarar o poder assassino
Desmascarar o poder assassino em Angola.
Mariana Mortágua a voz que ainda sobrevive neste lamaçal e que adoro!
Agradeço-lhe uma vez mais este grito de alerta e denúncia contra os reais assassinos do povo angolano e de quantos mais povos naquela África usurpada por ditadores de cariz político ou religioso, para já não falar dos roubos em países fora tal como aqui em Portugal, desde a alta finança como bancos e sociedades financeiras até empresas que eram antes públicas e com a ajuda dos políticos funcionários dos interesses desses assassinos, do PS ao PSD passando pelo CDS, que os alimentam e lhes dão a ajuda mantendo-os no poder, para além do Hollande e Valls francês, dos Schauble e Merkel alemães e dos Obamas dos EUA e outros mais.
Partilho das palavras do comentário anterior, e muito gostaria de vê-la como a voz e bandeira do BE com todos os partidários da esquerda nacional a darem-lhe o suporte de vida para fortalecer a sua razão e continuidade de luta.
Mais uma vez, o meu obrigado e bem haja.
Luis Ramos
Estimada drª Mariana Mortágua
Estimada drª Mariana Mortágua
Vou fazer 87 anos dentro de alguns dias e comecei a escrever nos jornais quando tinha 15 e andava no Liceu. Venho duma família de jornalistas e gente do Teatro. Tenho a Carteira Profissional de Jornalista nº 4.410. No mês passado fui saneado do “Jornal da Madeira”, onde colaborei desde 1993, por atacar a lamentável política da sinistra dupla Passos & Portas acolitados por essa múmia paralítica que dá pelo nome de Cavaco, nome bem a propósito porque é o maior responsável por apadrinhar quem andou a escavacar o país. Sempre fui um pardal de telhado, independente, nem de Esquerda nem de Direita, apenas defensor dos Direitos do Ser Humano a par de não seguir qualquer religião, seita, Maçonaria ou Opus Dei. Ser independente tem um preço. Se desmascaramos os erros da Esquerda as forças ocultas da Direita batem-nos palmas e acarinham-nos com farisaica admiração. Se, nas reviravoltas da História, por bem achamos criticar os desmandos da Direita de imediato a Esquerda nos aplaude e a labiríntica teia de interesses das forças do Capital logo prepara o baraço para, na praça pública, nos enforcar. Preso por ter cão, preso por não ter. Não voto nas limitações estilo Benfica-Sporting, mas sempre de acordo com a conjuntura do momento. Votei PPD (que nada tem a ver com o actual PSD) depois no PS, noutra altura no Bloco de Esquerda opção que irei repetir a 4 de Outubro não devido a cálculo eleitoral, mas APENAS E SÓ por entender que no meio da mediocridade mental que grassa na Coligação o meu voto deve ser para si, pelo deu trabalho, pela sua coragem, pelo seu desassombro e, PRINCIPALMENTE, por viver a sua vida empunhando um IDEAL, atitude que não abunda na quadrilha que ocupou o PSD situação que deve obrigar Sá Carneiro a dar voltas no túmulo sempre que os dois mentirosos relapsos e contumazes (Portas & Coelho) abrem a boca para, com exercícios de semântica (leia-se “mentiras”) tentarem (e pelos vistos com êxito…) enganar um povo crédulo que engole demagogia ao jantar, quando (embasbacado) assiste ao Telejornal. Com os principais jornais na posse de grandes grupos económicos (agora também na Net com o “Observador” a ser financiado por um grupo de empresários que lhes cobrem os prejuízos) é muito difícil haver contraditório que nasça de mentes escrupulosamente independentes. Assim tenho em preparação um Blog que espalharei nas Redes Sociais não só para não deixar os neurónios enferrujarem como para respeitar um ensinamento de meu avô que jamais esquecerei: “Há prostitutas que são virgens porque só vendem o corpo, mas são puras na alma mas, no dia em que venderes a tua consciência podes ganhar o Mundo, mas perdes a alma que é o que de mais precioso podes ter”. Até hoje continuo um pardal do telhado que gosta de se ver ao espelho quando vai fazer a barba. Desejo-lhe que chegue à minha idade (pelo menos…) sem nunca se ter vergado à prepotência, traído ao seu Ideal e, cherry on top of the cake, desistido de lutar por um Mundo melhor onde os homens sejam Homens e não uma alcateia de lobos onde a ganância é lei e a Honra uma ideia ultrapassada que não aprenderam no berço nem nenhuma faculdade lhes ensinou.
Obrigado por existir.
Manuel de Portugal
MM
MM
Desculpe por comentar um comentário anterior acima, de Nuno Cardoso, pois com tanta prudência não se vai a lado nenhum. Usando a única arma que defendo, a da palavra dita ou escrita, é importante batalhar para que o estado das coisas mude. O excesso de prudência só favorece os mesmos de sempre, e é essa postura que lhes permite manter as mordomias e os pecados eternamente.
Falando agora concretamente do seu artigo, parece-me que está no ponto certo: sucinto mas com o essencial da substância. Com as coisas ditas na sua essência mais pura. Mais, só levaria a uma dispersão indesejável.
Eu nasci na cidade do Lobito, Angola, em 15 de Novembro de 1960, de onde vim para Portugal quase com quinze anos em 28 de Outubro de 1975, tendo a independência ocorrido cerca de 15 dias depois, em 11 de Novembro. Uma data que para mim tem outras memórias.
De lá trouxe muitas memórias de uma infância e metade da adolescência muito felizes. Também uma outra situação que constatei ser de má convivência. Mas o saldo é claramente positivo. Ainda hoje me sinto mais angolano do que português, e mais africano do que europeu. A raça negra é para mim de uma grande nobreza (independentemente de haver alguns episódios muito graves no continente negro) e os mestiços pessoas de uma sensibilidade muito especial. A convivência entre diferentes, a todos os níveis, foi para mim fundamental e um enriquecimento permanente, que ainda se mantém por cá. Lições de vida para sempre.
Quanto a Angola, como infelizmente para muitos países de África, haverá que lutar de forma persistente, entre nós, mas também ajudando quem lá está, de modo a que mude o estado das coisas. É essencial apear as lideranças corruptas e sanguinárias, para que o povo em sentido amplo, tenha finalmente a vida condigna a que tem direito.
Um abraço solidário,
PF
fiz um comentário sobre o
fiz um comentário sobre o texto, que não foi publicado.
Acho que não ofendi. Não há espaço para mais? Obrigado.
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