You are here

“Economia do país está dependente dos sobressaltos do casino financeiro”

Na apresentação da lista candidata pelo círculo de Coimbra às legislativas, Catarina Martins frisou que o Bloco recusa "que aquilo que é estratégico" esteja "dependente dos estremeções" da bolsa de Xangai. José Manuel Pureza lamentou que “os direitos das pessoas” tenham passado “a ser luxos ou mera retórica para ocasiões eleitorais”.

Durante a iniciativa, que teve lugar no apeadeiro de Coimbra – Parque, a porta-voz do Bloco de Esquerda, Catarina Martins, alertou, durante a sua intervenção, que a chinesa Fosun, candidata em Portugal à compra do Novo Banco, é uma das empresas que "estão com problemas" na bolsa de Xangai.

"Cada um dos setores estratégicos e a economia estremecem de cada vez que há um sobressalto na bolsa de Xangai", referiu, lembrando que a Fosun Internacional já detém actualmente a seguradora Fidelidade.

"Esta mesma Fosun, a fazer estas compras no país, é uma das empresas que está com os problemas na bolsa de Xangai, tendo a venda das suas ações sido proibida", acrescentou.

Trata-se, segundo a deputada e porta-voz bloquista, de "uma crise de bolha financeira comparável, ou talvez maior, àquela que existiu nos Estados Unidos", em 2008.

O Bloco de Esquerda recusa "que aquilo que é estratégico" na economia portuguesa esteja "dependente dos estremeções" da bolsa de Xangai e da especulação financeira no mundo.

"A economia está mais frágil porque está hoje mais dependente dos sobressaltos do casino financeiro por esse mundo fora", lamentou.

Catarina Martins afirmou que os bloquistas se apresentam às eleições legislativas "com um programa claro: quando dizemos que queremos recuperar o que é nosso, recuperamos também soberania e democracia e não podemos aceitar que aquilo que é estratégico seja de tal forma vulnerável" em Portugal.

“A escolha é entre a resignação e a coragem”

José Manuel Pureza, que encabeça a lista de candidatos e candidatas pelo distrito, falou sobre as promessas falhadas do Bloco central no sentido de garantir “uma ferrovia moderna e de qualidade”, ou de “instalar uma linha urbana de metro ligeiro de superfície igual ao de tantas cidades europeias de dimensão e de prestígio idênticos ao de Coimbra”.

A austeridade acabou por se tornar “a única verdade e os direitos das pessoas passaram a ser luxos ou mera retórica para ocasiões eleitorais”, lamentou o candidato bloquista.

Os exemplos de verdadeiros “monumentos à corrupção”, que resultam de “corrupção a sério, já julgada, que violou grosseiramente a lei e fez batota no jogo do costume em que o bloco central joga sempre na liga dos campeões, entre autarquia, construção civil e futebol”, o encerramento das estações de CTT, a degradação dos centros de saúde, as “agências de dois ou três bancos em que as pessoas depositavam as suas poupanças sem pestanejar”, e de onde fogem hoje “pestanejando ainda menos” perante tantas “fraudes e cambalachos”, servem para ilustrar um pedaço de Coimbra que “é uma síntese do país agredido pela austeridade e governado sempre pelos mesmos que a trouxeram para ficar”.

“É a síntese de um país em que o que era nosso nos foi tirado e em que o que era dos que sempre tiveram tudo lhes foi ainda acrescentado, tornando-os em donos disto tudo”, acrescentou José Manuel Pureza, sublinhando que “esta Coimbra a quem mentiram, que lhes serviu para jogos de corrupção, com bancos em desfalque e com insegurança social generalizada é o Portugal que vai a eleições em outubro”.

Segundo o candidato, “cada um/a de nós tem agora uma escolha: ou encolhe os ombros e se resigna a esta gigantesca operação de esmagamento dos pobres, dos jovens, dos desempregados, dos imigrantes, dos velhos, dos reformados, dos doentes, ou tem um assomo do brio que tiveram os gregos diante de todas as chantagens e dizem sonoramente NÃO!”.

“A escolha não é entre a austeridade custe o que custar de Passos Coelho e Portas e a austeridade em suaves prestações mensais de António Costa”, referiu, defendendo que “a escolha é entre a resignação e a coragem. É entre a democracia em que todos decidem das suas vidas, sejam barões ou camponeses e a tirania dos que mandam nisto tudo e silenciam quem incomoda o seu poder”.

O professor universitário garantiu que “o Bloco de Esquerda vem a estas eleições para dar toda a força política a uma exigência essencial: recuperar o que é nosso”.

Figuram ainda nos primeiros cinco lugares da lista por Coimbra Gisela Martins, António Rodrigues, Catarina Martins e Miguel Cardina.

Termos relacionados Política
Comentários (1)