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Câmara de Lisboa quer demolir quartel de bombeiros para vender terreno à Espírito Santo Saúde
Segundo avançou o jornal Público num artigo publicado na passada quarta feira, a Câmara Municipal de Lisboa aprovou no dia 9 deste mês uma proposta que prevê a venda em hasta pública do terreno no qual está instalado um quartel da terceira companhia do Regimento de Sapadores Bombeiros (RSB), assim como o museu do regimento e a Sala de Operações Conjunta (SALOC), que funciona como central de comando da proteção civil da capital.
O orçamento camarário de 2014 prevê um encaixe de somente 12 milhões de euros com essa venda, contudo, o caderno de encargos e o programa da hasta pública aprovados pela Câmara especificam que o valor-base pelo qual o terreno será posto à venda é de 15,8 milhões de euros.
De qualquer forma, o valor arrecadado não deverá ser suficiente para cobrir os custos já suportados pela autarquia. Ao valor que foi investido pela Câmara nos equipamentos – de 12,3 milhões, soma-se ainda o montante despendido na aquisição do terreno. Por outro lado, desconhece-se o montante total que a autarquia terá de gastar para realojar os serviços que agora vão ser demolidos.
Venda serve os interesses da Espírito Santo Saúde
A venda dos terrenos parece, neste contexto, servir apenas os interesses da Espírito Santo Saúde - responsável pela definição e implementação da estratégia de desenvolvimento do Grupo Espírito Santo na área da saúde - que pretende adquirir este lote para proceder ao alargamento do Hospital da Luz.
Desde há vários anos, a Espírito Santo Saúde tem vindo a anunciar que pretende alargar o Hospital da Luz, estabelecimento privado de saúde aberto em 2007, e que foi projetado pelo arquiteto Manuel Salgado, atual vereador do Urbanismo da Câmara de Lisboa e primo direito de Ricardo Salgado.
Ainda que a autarquia negue a existência de qualquer acordo prévio com a Espírito Santo Saúde, é certo que o relatório dos trabalhos de revisão do Plano de Pormenor do Eixo Urbano Luz Benfica, de novembro, já assinalava que “em área reservada para equipamento, embora não constante da programação de equipamentos em Plano Diretor Municipal, passa a estar prevista a construção de uma extensão do Hospital da Luz, com a demolição das atuais instalações do Regimento de Sapadores Bombeiros”.
Em fevereiro, quando a câmara ainda não tinha discutido a revisão do plano, a Espírito Santo Saúde anunciou que ia aumentar em 40% a área construída do Hospital da Luz, com um investimento de 60 a 70 milhões de euros a realizar até 2018.
A revisão do Plano de Pormenor do Eixo Urbano Luz Benfica aguarda agora aprovação pela assembleia municipal. A discussão da proposta teve lugar esta quinta feira, contudo, a votação foi adiada para o próximo dia 29 de julho.
Câmara não esclarece qual o destino do quartel
“A câmara antes de vender tem de dizer aos bombeiros e à cidade de Lisboa, qual é a alternativa a este quartel”, afirmou o presidente da Associação Nacional de Bombeiros Profissionais, em declarações à agência Lusa.
Fernando Curto lembrou ainda que este quartel foi construído num “ponto estratégico” da cidade, estando localizado junto ao centro comercial Colombo, à Segunda Circular, e a toda a área urbana de Benfica.
O responsável da Associação Nacional de Bombeiros Profissionais referiu também que o terreno inclui não só o edifício do quartel como também a “central telefónica conjunta, onde estão todas as entidades que fazem a segurança na cidade de Lisboa”, como a PSP, a Polícia Municipal e a Proteção Civil, e no qual foram gastos cerca de 500 mil euros – segundo dados não oficiais.
Comments
De uma vez por todas, as
De uma vez por todas, as pessoas deste país têm de perceber que os dinheiros públicos devem ser cuidados como se fosse o nosso.
Se assim não for, para além de se considerar crime de abuso de confiança, deve ser o património pessoal a ficar à guarda do tribunal. Se a lei fosse objectiva, transparente e sem direito a recursos sobre recursos, muita coisa mudaria neste país.
No caso presente, para além da manifesta tramoia que apresenta, está a ser posta em causa a segurança de pessoas e bens da capital do país.
Vocês falam muito mas a única
Vocês falam muito mas a única bancada que votou contra a proposta foi a do PCP, pergunto onde é que estava o BE quando fizeram a votação? E pergunto como pessoa que votou no BE para as últimas eleições autárquicas. Podem responder para o meu e-mail se assim entenderem
Para quem diz que votou no
Para quem diz que votou no Bloco, deve ser o único eleitor que não reparou que o Bloco não elegeu nenhum vereador e portanto nunca podia ter votado essa ou qualquer outra proposta que a CML aprove... Enquanto eleitor do Bloco, fico contente por este partido ter sido o único que nunca recebeu pagamentos nem fez negócios com o BES. E que denuncia as negociatas onde quer que elas se façam, seja com o capital português, angolano ou chinês.
O que nos esperaria...
Portugal é assim, dá para tudo.
Talvez agora o inefável Sá Fernandes pague os 10 milhões de prejuízo que deu à CML do embargo ao tunel do Marquês ( a melhor obra que se fez em Lisboa nas últimas décadas ) e dê para cobrir a despesa deste amiguinho.
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