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Finanças gregas com superavit, economia em recessão técnica

Desde o início do ano, o governo conseguiu aumentar as receitas e controlar as despesas. O saldo orçamental primário de janeiro a abril ultrapassou todas as expetativas, com um superavit de 2164 milhões de euros.
Yanis Varoufakis. Foto Brookings Institution/Flickr

A previsão para o período entre janeiro a abril era de um défice de 287 milhões de euros no saldo orçamental primário, que exclui o pagamento dos juros da dívida. Em vez disso, houve um superavit de 2164 milhões, revelam os dados da execução orçamental, divulgados pelo Ministério das Finanças grego.

Se contarmos com o pagamento dos juros da dívida a que a Grécia foi sujeita nos últimos meses, sem poder recorrer ao financiamento externo, o resultado é ainda mais surpreendente. Em vez do défice de 2918 milhões de euros que estava previsto, ele ficou nos 508 milhões.  

O quadro de despesas e receitas diz-nos que o ajustamento das contas públicas gregas se fez nos primeiros quatro meses do ano do lado da despesa, que ficou 2037 milhões de euros abaixo do previsto, também por causa do adiamento de alguns pagamentos por causa da atual situação financeira. No que toca às receitas, o resultado no fim de abril ficou 372 milhões de euros acima do que estava previsto, mesmo com as receitas das privatizações a ficarem 62 milhões abaixo do esperado e apesar de algumas receitas como a do pagamento de dívidas fiscais em atraso serem irrepetíveis.

Economia não escapou à recessão técnica, Varoufakis propõe estender pagamento da dívida do BCE

Este saldo positivo nas contas públicas não serviu para pôr a crescer a economia de um país sujeito ao garrote financeiro internacional. Depois do último trimestre de 2014 se ter registado uma queda de 0,4% no PIB grego, no primeiro trimestre do ano – dois terços do qual já sob gestão do governo de Alexis Tsipras –  o PIB caiu 0.2%, colocando o país tecnicamente em recessão.

Esta quarta-feira o ministro das Finanças Varoufakis voltou a referir-se à questão da dívida numa conferência promovia pela Economist em Atenas. O ministro sugeriu a substituição das obrigações de dívida contraídas em 2010 e 2011 junto do Banco Central Europeu - 27 mil milhões que deveriam ser pagos a curto prazo – por títulos de dívida emitidos pela Grécia e com prazos de pagamento adiados para “um futuro distante”.

A imprensa citou as palavras de Varoufakis como uma ameaça de não pagamento da dívida ao BCE, a começar pelos reembolsos de julho e agosto. O ministro respondeu com uma nota de imprensa a repudiar “este tipo de ‘jornalismo’” e afirmou no twitter que defendeu a posição que sempre assumiu sobre aqueles títulos do BCE.

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