You are here

"Repressão aos professores ficará na história do Paraná"

Para aprovar a sua reforma na Segurança Social dos funcionários públicos, o governador do Paraná, eleito pelo PSDB, mostrou que quando falham os aparelhos ideológicos para garantir a hegemonia política, os governos recorrem às armas para assegurar os seus interesses. Artigo de Luciana Genro.
Foto Jeso Carneiro/Flickr

O dia 29 de abril ficará marcado na história do Paraná como o dia de uma das mais brutais repressões contra a luta dos trabalhadores. Não se tratou de um confronto, mas sim de um massacre, que resultou em vários feridos à bala de borracha, mordidas de cachorro e intoxicação por gás lacrimogéneo. Para aprovar a sua reforma na Segurança Social dos funcionários públicos, o governador Beto Richa do PSDB deu uma demonstração de que quando falham os aparelhos ideológicos para garantir a hegemonia política, os governos recorrem às armas para assegurar seus interesses.

O dia 1 de maio se tornou, em Curitiba (capital do Paraná), o momento de prestar solidariedade aos professores em luta que enfrentaram a repressão e repudiar este governo autoritário. Lá estive, junto com os dirigentes do PSOL do Paraná, como o companheiro Bernardo Pilotto, que foi nosso candidato a governador nas últimas eleições e acompanhou de perto a luta dos professores, mesmo não sendo da profissão. O vereador do Rio de Janeiro, companheiro Babá, também foi para Curitiba neste 1 de maio. Somos de uma tradição da esquerda socialista que identifica nas lutas e greves o principal instrumento de mudança. Não construímos um partido apenas para disputar eleições, portanto o papel dos parlamentares e figuras públicas é apoiar os trabalhadores nestes momentos decisivos da luta de classes, principalmente quando há repressão. É hora de cercar de apoio esta luta, assim como todas as que enfrentam os cortes orçamentais nas costas do povo.

No Paraná é o PSDB que encabeça os cortes orçamentais contra os funcionários públicos, mas em todos os Estados vemos a mesma realidade. A greve dos professores do Estado de São Paulo, também governado pelo PSDB, já dura quase dois meses.

No Paraná é o PSDB que encabeça os cortes orçamentais contra os funcionários públicos, mas em todos os Estados vemos a mesma realidade. A greve dos professores do Estado de São Paulo, também governado pelo PSDB, já dura quase dois meses. No Pará, em Santa Catarina e em Pernambuco os professores e funcionários de escolas também travam greves históricas por melhores salários e condições de trabalho. No Rio Grande do Sul é o governo do PMDB que aplica os cortes e depois de ver frustrado o seu intento de atrasar os salários dos funcionários resolveu, de forma acovardada e envergonhada, postergar o pagamento da dívida ao governo federal. É principalmente esta dívida, aliada à crise econômica, que faz com que os Estados estejam à beira da falência. O governo federal de Dilma e Levy sangra os Estados para fazer o corte fiscal, corta investimentos e gastos sociais e promove a retirada de direitos sociais. O PL das terceirizações é a resposta do Congresso Nacional à crise: arrasar os direitos trabalhistas para garantir a lucratividade do grande capital na base de um barateamento da mão de obra.

Ao mesmo tempo em que sangra os Estados e pede sacrifícios aos trabalhadores e funcionários públicos, o governo Dilma segue a cartilha do capital e mantém a dívida pública como a principal despesa do governo. Mesmo assim o estoque da dívida segue crescendo vertiginosamente: no mês passado deu o maior salto em cinco anos, avançando 4,8% e chegando a R$ 2,44 trilhões. No acumulado em 12 meses a despesa com juros foi de R$ 334,6 bilhões, sendo a despesa que mais cresce no governo Dilma, e obviamente não sofre nenhum corte com o ajustamento fiscal. Já o seguro desemprego e o abono salarial, alvos dos cortes, representam uma despesa de R$ 54,5 bilhões, menos de 20% da despesa com juros.

Nesta política o PSDB, o PMDB, o PT e todos os demais partidos do sistema estão unidos. O PSOL, ao contrário, defende a necessidade de construirmos um terceiro campo, que não é nem do governo e nem da oposição de direita. É hora de unir os que querem enfrentar os ataques aos direitos sociais, quer eles venham dos governos estaduais do PSDB, do governo federal do PT ou do Congresso Nacional dirigido pelo PMDB. Esta é a unidade da verdadeira esquerda, possível e necessária.


Luciana Genro foi candidata presidencial em 2014 apoiada pelo PSOL, partido de que foi fundadora. Obteve 1.612 milhões de votos (1.55%).

Artigos relacionados: 

Termos relacionados Internacional
Comentários (5)