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Brasil: jornada contra a lei da precarização

Protestos contra a lei que aumenta drasticamente a precarização do trabalho realizaram-se em 21 estados do país. As maiores manifestações ocorreram em S. Paulo. No mesmo dia, o juiz que conduz as investigações sobre corrupção decretou a prisão do tesoureiro do PT, acusado de intermediar o pagamento de luvas nos contratos com a Petrobras.
Manifestação em S.Paulo ocorreu debaixo de chuva e reuniu 40 mil pessoas. Foto do MTST
Manifestação em S.Paulo ocorreu debaixo de chuva e reuniu 40 mil pessoas. Foto do MTST

As centrais sindicais brasileiras comemoraram como uma primeira vitória o adiamento da votação no Congresso Nacional do projeto de lei que generaliza a terceirização (outsourcing) nas empresas. O PL 4330, denunciado por ampliar drasticamente a precarização do trabalho, foi aprovado na generalidade na semana passada, estando agora na fase de votação de emendas.

A decisão de adiamento, de apenas uma semana, foi tomada no dia em que o Brasil viveu o primeiro grande protesto nacional, com paralisações e manifestações, organizado por centrais sindicais e movimentos sociais. Durante toda a quarta-feira, houve paralisações, cortes de estradas e manifestações em 21 estados do país e no Distrito Federal.

Manifestação sob o lema “Contra a Direita, por Mais Direitos”, convocada no centro da cidade de S. Paulo pelo MTST contou com 40 mil pessoas

O ponto alto da jornada ocorreu em S.Paulo, com uma paralisação e manifestação dos trabalhadores da Volkswagen, Ford e Mercedes, de manhã, que reuniu cerca de 20 mil pessoas, e uma grande manifestação sob o lema “Contra a Direita, por Mais Direitos”, convocada no centro da cidade pelo Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), que contou com 40 mil pessoas, segundo os organizadores, e terminou, debaixo de chuva, diante da sede da Federação das Indústrias (FIESP).

Não vai passar”

Para Guilherme Boulos, coordenador do movimento, os empresários “não devem cantar vitória antes da hora. O PL 4.330 não vai passar. E se passar, vamos barrá-lo, nem que seja na marra", disse. Para o MTST, a presidente Dilma Rousseff tem o dever de vetar a lei, se esta for aprovada: “O governo Dilma não foi eleito para cassar direito de trabalhador, nem para fazer ajuste, nem para colocar o (Joaquim) Levy na Fazenda (Ministério das Finanças). Não vamos aceitar ataque contra trabalhadores pobres, venha de onde vier. O MTST não tem rabo preso com ninguém", garantiu.

Para Altino de Melo Prazeres Junior, presidente do Sindicato dos Metroviários de São Paulo e representante da CSP-Conlutas, "o povo começou a entender as medidas e pegou muito mal para os deputados ir contra os trabalhadores". O dirigente sindical defendeu que a pressão é um caminho para barrar o projeto, o adiamento é um sinal, mas não é o fim. "Se preciso for faremos greve geral."

Luciana Genro, candidata pelo Psol à presidência da República em 2014, que também falou na manifestação, ressaltou que apesar da manifestação e da greve dos professores do estado, que decidiram no mesmo dia ocupar a Assembleia Legislativa, a cobertura da imprensa não chegou nem perto das manifestações do fim de semana. "É preciso garantir a união entre o povo, os jovens, os negros, as mulheres, as centrais, para juntos barrar o PL 4.330 e o 'ajuste', que as medidas para sair da crise são o imposto sobre grandes fortunas e auditoria da dívida e não onerar ainda mais o trabalhador."

Tesoureiro do PT preso

Enquanto decorriam os protestos, ocorria um novo e bombástico desenvolvimento da Operação Lava Jato, que investiga a corrupção ligada à estatal do petróleo, a Petrobras: foi preso o tesoureiro do Partido dos Trabalhadores, João Vaccari. O juiz que conduz as investigações considerou que a sua permanência em liberdade poderia atrapalhar o andamento das investigações.Vaccari já tinha sido interrogado e as suspeitas avolumavam-se, no entanto o PT decidira não afastá-lo do cargo. Depois da prisão, Vaccari finalmente demitiu-se da responsabilidade da tesouraria partidária.

Os investigadores consideram que o agora ex-tesoureiro intermediou o pagamento de “propinas” (luvas) pagas por empresas beneficiadas de contratos com a Petrobras, que eram posteriormente canalizadas para as finanças do partido. O PT contestou a prisão por considerá-la "injustificada e desnecessária", já que João Vaccari Neto se teria colocado à disposição da Justiça para colaborar com as investigações desde o início.

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