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A mulher, vítima principal da violência doméstica
Segundo o Observatório da UMAR (União de Mulheres Alternativa e Resposta), entre janeiro e novembro de 2014, 40 mulheres, de todas as idades, foram mortas devido à violência que sobre elas foi exercida – não contando com aquelas que também o foram e não estão contabilizadas nas estatísticas.
Parece que tudo se torna banal e é normal que assim seja e que a mulher apanhe e cale, oiça e cale, porque merece, porque é mulher, porque não tem a importância que os homens ou outros familiares têm, para não falar do facto de que quem a rodeia acabar por sofrer com tudo aquilo pelo qual a mulher em causa passa. Até na Comunicação Social a notícia da morte de uma mulher vítima de violência doméstica é apresentada a seguir à notícia de um acidente na A2, como se fossem situações idênticas, uma tão comum como a outra. Trata-se, sobretudo, de uma violação dos Direitos Humanos, da Liberdade e da Dignidades individuais de cada uma.
Nos primeiros dois meses de 2015, morreram, pelo menos, 6 mulheres, o que, fazendo a comparação com o mesmo período do ano passado, nos faz pensar que, independentemente do desenvolvimento que o nosso mundo toma, nada põe um travão definitivo à desumanidade de quem toca numa mulher para a ridicularizar e que não tem consciência de que essa atitude é que é a ridícula, principalmente em períodos onde a austeridade abunda e a vítima se torna cada vez mais dependente do agressor.
O Bloco de Esquerda continuará, de certeza, a preocupar-se e a mostrar sensibilidade para com este tipo de assuntos, mantendo o compromisso com todos e todas aquelas que sofrem, direta ou indiretamente, com o flagelo que é a violência para com as mulheres, como sempre se viu e vê no Parlamento Português, por um mundo onde o sexo feminino deixe de ser subestimado, por um mundo mais igualitário.
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Eu não faria objecção ao
Eu não faria objecção ao título deste artigo se em vez da palavra "principal" estivesse a expressão "mais frequente" - mas mesmo assim exigiria números que servissem de termos de comparação, não só relativamente aos homens, mas também às crianças e aos velhos. Alega-se muitas vezes que a violência dos homens sobre as mulheres é mais grave que a das mulheres sobre os homens porque é mais frequente. Admito que seja mais frequente, embora gostasse de ver números fiáveis; sobre se é mais grave, sugiro que se pergunte às vítimas do sexo feminino, uma a uma, se fazerem parte de uma maioria lhes agrava o sofrimento e às do sexo masculino, uma a uma, se fazer parte de uma minoria o diminui.
E sugiro isto porque é assim que as pessoas são vitimadas: uma a uma. E cada uma é uma a mais. Por isso, por ser uma vítima a mais, cada vítima vale por todas: cada mulher por todas, cada homem por todas.
Entre Janeiro e Novembro de 2014 foram mortas 40 mulheres, segundo o artigo. E homens? Foram também 40? Foram quatro? Foi só um? Não sei quantos foram. E o Luís Casinhas provavelmente também não sabe, porque ninguém os conta.
OS HOMENS NÃO SÃO CONTADOS. NÃO TÊM DIREITO A SER CONTADOS.
Mas deixemos de lado os homens, muitos ou poucos, vitimizados por mulheres, e prestemos atenção a outras instâncias que também não correspondem à imagem que nos vem imediatamente à cabeça quando lemos ou ouvimos as palavras "violência doméstica".
Homens agredidos por homens (nem todos os homossexuais são bonzinhos). Mulheres agredidas por mulheres (nem todas as lésbicas são anjos). Crianças agredidas por homens ou mulheres. Idosos agredidos pelos filhos, filhas, genros ou noras, por vezes concertadamente). Tudo isto é violência doméstica, embora nada disto corresponda à imagem que os media preferem mostrar. (E queixa-se dos media o autor do artigo!)
Não sei se entre Janeiro e Novembro de 2014 o número de crianças assassinadas em contexto doméstico foi superior ou inferior a quarenta. Nem me interessa para nada: fosse qual fosse o número, foi com toda a certeza o horror maior.
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