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Ninguém pergunta pelo Dimar?
No rescaldo das eleições parlamentares gregas cabe perguntar pelo famigerado partido Dimar, "Esquerda Democrática". De facto, concorreu coligado com um grupo verde e obteve 0,49% dos votos, sendo varrido do Parlamento. Assim termina a triste aventura dos dissidentes do Synaspismos (principal componente do Syriza) que pretendiam entender-se com o Pasok (da Internacional Socialista) para formar um governo de centro-esquerda e acabar com os pressupostos "tabus" de governação de Tsipras e outros, que então encabeçaram o Synaspismos.
Como se recorda, o Dimar acabou mesmo por participar, juntamente com o Pasok, no Governo, agora derrotado, da Nova Democracia (conservadores) e partilharam a responsabilidade dos pacotes sucessivos de austeridade lançados sobre o povo grego. É certo que a história política próxima da Grécia e de Portugal é diferente, apesar do jugo comum da troika.
Contudo, é bem possível aparentar o sobredito Dimar ao partido Livre/Tempo de Avançar, nem por acaso Rui Tavares apoiou entusiasticamente esta força política grega. Avançar para "influenciar a governação" depende do Governo, programa, orientação e composição, já se disse mil vezes.
O Syriza não quis, ainda antes da crise da dívida, influenciar o Pasok e teve votações na casa dos 4%. A suposta ausência de vocação governativa do Syriza terminou ontem e, no entanto, não se ouve um murmúrio daqueles que na esquerda andam há mais de uma década a repetir o aforismo do TINA (There Is No Alternative, terá dito a sra. Thatcher), a não ser fazer a "negociação" com um qualquer PS subordinado aos ditames da União Europeia.
O engraçado desta inquietação é termos visto Rui Tavares e companhia alargada a querer "embandeirar em arco da governação" com a vitória do Syriza, quando nem sequer defendem para lusa aplicação nenhum dos pontos fundamentais do seu programa. Por cá há mais queda para a comédia. Ao menos, António Costa teve mais recato, achando que a boleia grega lhe pode abrir espaço à ilusória leitura inteligente dessa coisa estúpida e imperialista (chavão) que dá pelo nome de Tratado Orçamental.
A vocação para ser governo depende de uma maioria social e de uma hegemonia política, seguramente partilhada, em volta das reivindicações populares. Essa é a política como bloco popular. O que é uma maioria social? Olhem para Atenas por estes dias. O "meio da esquerda" é meia-dose de nada.
Comments
Ao comentar de novo este tema
Ao comentar de novo este tema até poderia indiciar que tenho alguma simpatia política por estes dissidentes do Bloco que estão a levar a cabo os seus projectos políticos fora do partido, não é o caso. O que me parece é que tendo em conta a posição que o Bloco de Esquerda ocupa hoje no panorama político nacional, estes exercícios comparativos entre a evolução recente dos movimentos partidários da esquerda grega e da esquerda portuguesa correm o risco de se tornarem irrelevantes. Infelizmente, não obstante quer as semelhanças entre o drama vivido por gregos e portugueses quer a proximidade a todos os níveis com o Syriza, o Bloco parece estar cada vez mais distante de uma maioria social. Independentemente do efeito de contágio que a vitória do Syriza pode trazer para os países do Sul da zona euro, considero preocupante e até mesmo dramático que num país sacudido por um governo da troika, um partido anti-memorando e anti-austeridade como o BE esteja muito mais próximo do abismo do Dimar que da vitória do Syriza.
O abismo do Dimar, foi ter
O abismo do Dimar, foi ter participado num governo com o Pasok e com a Nova de Democracia, para executar o programa, que a Troika impôs á Grécia.
O que é que essa postura do Dimar tem a ver com o BE?
Os tais "projectos"de alguns "dissidentes" do Bloco, têm uma coisa em comum, um desejo de chegar ao governo a qualquer preço , nem que para isso tenham de engolir elefantes.
É uma opção legitima, mas sabemos ao que conduzem essas opções.
Aquilo que pretendo
Aquilo que pretendo referenciar prende-se com o facto de, ao contrário do Dimar (não sei onde é que naquilo que escrevi menciono que a postura do BE é igual à do Dimar), o BE, independentemente de não fazer parte do governo da troika e de ser um partido anti tratado orçamental, tem apresentado resultados eleitorais que estão mais próximos da queda vertiginosa do Dimar que da subida estrondosa do Syriza. Podemos continuar a fingir que nada disto está acontecer mas sinceramente parece-me perigoso.
Quanto ao "engolir elefantes", pegando mais uma vez no caso grego, os Gregos Independentes parecem-me estar muito mais nos antípodas do Syriza que o PS de um Rui Tavares ou um Daniel Oliveira. Por muita azia que esta coligação possa causar a alguns membros do Syriza, parece-me uma decisão sensata. Concordo com o José Gusmão quando este diz que o Syriza está a falar a sério, espero que o BE possa tirar partido desta nova experiência governativa grega.
Naturalmente concordo com o
Naturalmente concordo com o artigo do Luís Fazenda é bem acertivo! Mas também penso que quem lançou e continua a lançar os maiores golpes ao Be, é precisamente o "fazendismo" que aposta mais numa derrota eleitoral do Bloco nas próximas eleições legislativas, para preparar um novo assalto ao "poder" do que num trabalho sério e transparente em torno da unidade do Bloco e pela a sua afirmação.
Lamentável o comportamento de intriga plolítica que espalha em toda a organização
Felizmente que o Bloco, com a
Felizmente que o Bloco, com a linha justa do Fazenda, é beneficiário de cada vez maior audiência.
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