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A fabulosa carreira de Sérgio Monteiro, gestor, e Sérgio Monteiro, secretário de Estado
Vai para quatro anos que a maioria de direita aplica um radical programa de austeridade. Sobre o falhanço total desta política - da dívida ao emprego, do défice às promessas de uma nova economia - já não há muito mais a acrescentar e não é esse o tema que aqui nos traz hoje.
Concentremos as atenções em como, não contentes com o empobrecimento forçado do país, PSD e CDS justificaram toda a austeridade com um discurso moralista dizendo que, no país com os salários mais baixos da zona euro, vivemos todos acima das nossas possibilidades.
Números mil vezes deturpados, sobre um suposto Estado gordo que só existe nas mistificações da direita, foram tomados como verdades incontestáveis. O alegado sorvedouro de recursos que são as empresas públicas de transportes foi uma das bandeiras da direita, numa campanha ideológica contra os serviços públicos.
Sobre o mito da eficácia privada estamos conversados depois da derrocada dos impérios PT e Espírito Santo, mas a forma como PSD e CDS passaram anos a falar no despesismo das empresas de transportes já tem que se lhe diga.
Porque esta suposta exigência sobre o que é público, e mão pesada sobre os trabalhadores, esconde uma imensa complacência para com as práticas de gestão, para não dizer apadrinhamento, nessas mesmas empresas. Compreende-se. A dança das cadeiras entre a sua má gestão e o atual Governo fala por si.
Atentemos, a este propósito, no relatório do Tribunal de Contas sobre o TGV. Aí ficámos a saber o que nunca soubemos nas duas auditorias solicitadas pela ministra Maria Luís Albuquerque.
Um contrato Swap, assinado por Sérgio Monteiro enquanto representante à altura de um consórcio privado, gerou perdas de 152 milhões de euros. Pior. Que esse mesmo contrato, foi resgatado pelo Estado, que assumiu assim todos os prejuízos decorrentes dessa operação financeira engendrada por Sérgio Monteiro no privado. Quem é que assinou, pelo Estado, essa operação? Isso mesmo. Maria Luís Albuquerque e Sérgio Monteiro.
Esta dança das cadeiras, verdadeiro toma lá dá cá, coloca em perspetiva a ingenuidade das preocupações da Olívia patroa e da Olívia costureira. Mas aqui, nesta história, somos todos nós que pagamos as decisões de Sérgio Monteiro, secretário de Estado, a propósito das engenharias financeiras de Sérgio Monteiro, gestor.
Diz o secretário de Estado, em sua defesa, que o contrato existe e não desmente que seja ruinoso, mas que se limitou a assinar e nunca o negociou. Assinei mas não negociei é o novo fumei mas não inalei. Já percebemos que há quem no Governo pareça ter aprendido com o BES: a culpa, ainda nos vai dizer, é do porteiro e não de quem, com a sua assinatura, será sempre o responsável pela decisão.
O que nasce torto tarde ou nunca se endireita. Nada no processo dos contratos Swap foi transparente. A começar pelo óbvio. Pelo menos quatro gestores responsáveis por esses contratos ruinosos transitaram dessa linda experiência para o governo PSD-CDS. Dois foram demitidos. A partir daí tudo foi conduzido pelo Governo com um único propósito, resguardar a atual ministra das Finanças, envolvida até ao pescoço em contratos ruinosos na Refer.
Uma discussão semântica entre contratos tóxicos ou exóticos, documentos desaparecidos, contratos alterados à última hora, tudo foi feito para proteger a ministra, verdadeira juíza em causa própria. Tudo foi feito para resguardar a ministra e, percebe-se agora, Sérgio Monteiro.
Há menos de um ano garantia Sérgio Monteiro na comissão de inquérito aos Swap, que não existia nenhum desses contratos especulativos nas PPP.
Mais disse ainda o secretário de Estado. "Ainda que houvesse [um 'swap' especulativo], o risco era do parceiro privado. O parceiro público não pagaria nem mais um cêntimo caso houvesse 'swap' especulativo". Afinal o contrato existia, era o TGV, e o que Sérgio Monteiro se esqueceu de dizer é que o risco era privado até Sérgio Monteiro o ter passado para a esfera pública, e o cêntimo que ninguém iria pagar transformou-se em 152 milhões de euros.
Sérgio Monteiro, campeão das PPP´s ruinosas para o Estado enquanto gestor, é o mesmo Sérgio Monteiro que renegociou para o Estado essas mesmas PPP. Esta duplicidade cúmplice resume três anos e meio de Governo. Tudo exige a quem tem salários médios de 800 euros, mas depois parte e reparte para garantir aos privados a melhor parte. Diz que é esta milionária dança das cadeiras que PSD e CDS chamam “ética na austeridade”.
Declaração política na Assembleia da República em 14 de janeiro de 2015
Comments
A isto chama-se um evidente
A isto chama-se um evidente conflito de interesses, que só pode acontecer quando não há decência nem ética.
Acho que deveriam investigar
Acho que deveriam investigar b a vergonha que se passa com as multas das portagens nas finanças. De cêntimos passa para somas astronómicas. É o negócio mais lucrativo do mundo pra esta parceria Ascendi/Aut. Tributária.
Cara Mariana
Cara Mariana
Tenho oitenta e seis anos, quarenta e oito dos quais vividos durante a ditadura de Oliveira Salazar o que me dá uma perspectiva de vida muito diferente de muito boa gente que sobre esse período negro se permite dar na TV opiniões bebidas em livros, manuais e sebentas. Não sou filiado em nenhum partido político, não sou nem maçon nem católico, 100% agnóstico, apenas e só um cidadão comum que gosta de pensar com a cabeça e utilizar a dúvida sistemática como arma para não se deixar intoxicar por uma Informação inquinada pelos interesses dos grandes grupos económicos que a controlam.
Dos duzentos e trinta cidadãos que compõem a assembleia onde a Mariana trabalha tenho a firma convicção que o número dos isentos, sérios e empenhados no melhor para a terra onde nasceram se pode contar pelos dedos e, preocupantemente, pelos dedos de uma só mão. Todos os dias lemos nos jornais que o político tal foi julgado por traficâncias várias e, no fim, o tribunal lhe aplicou como pena x anos de prisão com a pena suspensa. Ou seja saiem de lá a rir e vão almoçar no Gambrinus uma lagosta para comemorar o desfecho.
Prescrição a seguir de prescrição, escândalo a seguir a escândalo, são o pão nosso de cada dia e de vez em quando lá aparece uima prima-dona paralamentar a cantar a ária de que “é preciso acabar com a corrupção”. Tal como o fogo de vista brilha algum tempo e apaga-se logo em seguida. Nunca ninguém mexe a série no onus da prova, no enriquecimento ilícito e nas conhecidas roubalheiras que o Correio da Manhã espeta na primeira página geralmente num dia em que não há ninguém na PGR para ler o jornal.
Tenho acompanhado a sua carreira e vou lendo SEMPRE COM AGRADO tudo quanto escreve, quer na Net, quer no Expresso um jornal duma coisa com pernas que vai ao Grupo de Bilderberg e pontifica por cá com uma séria de títulos que, para mim, apenas têm como principal vantagem dar emprego a muita gente da Media infelizmente mal paga.
Muito obrigado pelo presente artigo que me veio confirmar tudo quanto já sabia sobre este boy do PSD e pela sua amigalhaça do peito que é a nossa ministra das Finanças que temos que pagar e pagar com língua de palmo.
Creio que a nossa pseudo-democracia sofre duma doença para a qual não se encontra cura, pelo menos que eu saiba: as pessoas mais competentes em determinada área (e estou precisamente a pensar em si e no Louçã) jamais terão possibilidade de poderem ajudar o país a ressuscitar económica e financeiramente porque, pela sua opção ideológica, nunca poderão ter o poder necessário para fazer o país entrar no rumo certo para escapar à tempestade em que está mergulhado.
Considero-os aos dois os nossos melhores economistas na actualidade, mas todo o vosso saber apenas serve (e já não é mau…) para diagnosticarem os podres e porem a boca no trombone para urbi et orbi as massas exploradas terem acesso a tudo quanto os governantes ou varreram para debaixo do tapete ou fecharam a sete chaves nalgum cofre ministerial.
Mas não desanime que não está só. Muitos como eu disseminam na Internet os seus escritos e, como sabe, os mails de retransmissão em retransmissão como se propagam em progressão geométrica ao fim se alguns patamares já influenciaram um milhão de leitores.
Receba os meus cumprimentos e nunca desfaleça. Um dia, sabe-se lá quando, o quarto minguante dará lugar ao aparecimento da Lua cheia…
Henrique de Penha Coutinho
Não poderia estar mais de
Não poderia estar mais de acordo, subscrevo na totalidade toda a sua opinião que é a de muitos de nós mais bem informados.
Tenho 62 anos, ex branca de
Tenho 62 anos, ex branca de segunda orgulhosamente porque África me viu nascer. Sou agnóstica sem partido e politicamente incorrecta.
Tenho a dizer que assino por baixo o texto do senhor Henrique Penha Coutinho.
Ora aí está uma análise que
Ora aí está uma análise que vai ao encontro do que escrevi há algum tempo sobre esta jovem talentosa que tem o azar de estar no partido errado e ao lado de algumas pessoas erradas. É pena que alinhe em parcerias como a do ps que em nada difere na governação dos atuais partidos do governo. Em todos os partidos há gente boa, má, talentosa, séria, menos séria, etc, por isso faça bem a sua escolha para conseguir aplicar tão boas análises.
ENSANDECEU!!
ENSANDECEU!!
o LOUÇÃ E ESTA SENHORA OS MELHORES ECONOMISTAS EM PORTUGAL LOL!!!!
EM DOIS MESES FICÁVAMOS COMO A VENEZUELA.
PARA SI O VAROUFAKIS DEVE SER O MELHOR ECONOMISTA DO MUNDO,...TANTOS ANOS E TAO POUCO BOM SENSO, VIAJE PELO MUNDO FORA E DEIXE OS LIVROS DE SEMPRE PARAS TRAS, TALVEZ AINDA VA A TEMPO...
Uma só pergunta. Alguém pode
Uma só pergunta. Alguém pode informar me qual o nome e a empresa que Sergio Monteiro, trabalhava no privado, nessa altura? Já agora Mariana Mortágua, elucida me aqu uma dúvida. A pessoa em questão, não é quadro da CGD, banco do Estado, desde 2004?
Cara Mariana
Cara Mariana
Dentro das suas investigações do BES devia analisar a constituição do BEST em que a PT era accionista inicial e depois vendeu a sua participação barata ao BES que a revendeu ao SAXO BANK.
As condiçoes do negócio falam por si e neste caso com o beneplácito do Zenal Bava.
Cumprimentos
Muitos Parabéns à melhor
Muitos Parabéns à melhor Deputada que, salvo melhor opinião, a Assembleia da República já teve.
Continue assim a fazer trabalhos de Excelência. É das poucas que justificam serem Deputados à AR.
Se Portugal resolvesse o "cancro da corrupção" metade dos nossos problemas desapareciam.
E a Srª Deputada tem dado o seu prestimoso contributo para a pressocução deste objetivo..
Cara Mariana,tenho 79 anos.
Cara Mariana,tenho 79 anos. Fugi daqui,à pata, com a idade de 18 anos. Só voltei quando o Spinola de cá fugiu,de elicóptero roubado. Uma das grandes alegrias que tive em Bruxelas foi quando o seu pai,o Camilo, desviou o Barco Santa Maria. Mais terde tive o prazer de encontrar o Camilo na redação do Portugal Democrático em cuja redação colaborávamos. Aqui há uns 4 anos fui aqui ao Congresso Do BE em Braga e queé que lá encontrei(que não se calava), o Camilo. Dê-lhe por mim um grande abraço. Abençoado pai que tais filhas tem!
Bom artigo na lucidez e
Bom artigo na lucidez e conhecimento da realidade que tem, mas tenho de lhe dar ou recordar que a situação é ainda pior, como veio agora por a público o Tribunal de Contas quanto à renegociação das PPP rodoviárias.
Pergunto se a Mariana alguma vez teve acesso a esses novos contratos e os comparou com os originais elaborados e assinados pelo XIX governo?? é que a famosa poupança de milhares de milhões é completamente falsa no sentido de benefício para o Estado, e explico porquê: a renegociação baseou-se única e exclusivamente na diminuição de execução de obra, ou seja havia um contrato que previa determinado montante de obras a realizar e o que se disse, foi não se fazem mais obras, logo haverá menos custos, mas por menos realização física do contrato.
Outra componente que foi renegociada, e esta é a que o Tribunal de Contas coloca em causa, foi a de retirar dos contratos a componente de conservação de estradas já existentes na área de influência das novas a construir, que era um dos factores que tinha até motivado uma margem de lucro mais alta nas PPP, devido ao grau de incerteza dessas conservações, e que era um elevado risco para os privados. Ora bem o que fez o Sérgio Monteiro, ajudou os privados e retirou essas conservações, situação que agora o Tribunal de Contas diz que não se sabe quanto virão a custar ao Estado.
Na renegociação não se alterou em nada a margem de lucro dos referidos contratos, que se mede em investimento feito, versus pagamentos do Estado face a esse investimento.
Ou seja este senhor mesmo no Estado nunca olhou à defesa do interesse desse mesmo Estado que o nomeou para o defender.
Pedia-lhe em nome pessoal que verifique esses contratos e na medida do possível proponham uma renegociação séria dos mesmos.
Obrigado Mariana !!!
Obrigado Mariana !!!
Que mais se pode dizer desta
Que mais se pode dizer desta nossa digna representante, quem me dera, só mais 50 como ela no parlamento e, essa gente sem vergonha e sem caráter nunca teriam hipótese de roubar tudo aquilo que ao longo destes anos de democracia nos roubaram. Força Mariana e as outras companheiras, um dia, quem sabe, o povo acorde e expulse toda a canalhada que se passeia pela casa da democracia, um muito obrigado por tudo o que têm feito.
Acredito em si, e torço para
Acredito em si, e torço para que vá para o governo !
Precisamos de muitas pessoas assim!
onde pára a nossa justiça,ou
onde pára a nossa justiça,ou ela é (quase a certeza) dominada pelas lojas maçónicas e muitos julgamentos são ditados nas mesmas e nomeados a incompetência do governo
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