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Carlos Silva é o novo secretário geral da UGT

O XII Congresso da UGT elegeu Carlos Silva como novo secretário geral da central sindical com 88,77% dos votos e Lucinda Dâmaso como presidente desta estrutura. Os 659 delegados aprovaram ainda alterações estatutárias e uma nova Resolução Programática. Carlos Silva garantiu que irá “defender os interesses dos trabalhadores portugueses”.
Foto de Tiago Petinga, Lusa.

O novo secretário geral da UGT foi eleito com 88,77% dos votos (585 votos a favor, num total de 659 delegados). Carlos Silva tem 51 anos, é licenciado em Relações Internacionais e integra o quadro do BES, liderando, até à data, o Sindicato dos Bancários do Centro.

Aos 14 anos, o recém eleito secretário geral da UGT integrou a Juventude Socialista, tendo apoiado a candidatura do agora líder do PS, António José Seguro, à liderança da JS em 1990 e, depois, quando este concorreu para secretário geral do partido. Carlos Silva é atualmente militante do Partido Socialista.

Na grande primeira intervenção no congresso da central sindical, Carlos Silva afirmou que “entre a espada e a parede, entre a troika e os cidadãos, entre aquilo que se impõe por quem tem que cumprir resultados de um programa de ajustamento financeiro e entre os trabalhadores portugueses, nós temos sempre que defender os interesses dos trabalhadores portugueses”.

Em entrevista ao jornal Sol, o novo presidente da central sindical garantiu, por sua vez, que “se o Governo vier para cima da mesa com novas políticas de austeridade, com queda de rendimentos dos trabalhadores, com despedimentos na Função Pública, com o aumento da idade da reforma, com a insistência da queda das indemnizações por despedimento para os 12 dias, a UGT quebra o diálogo social e temos um problema na concertação”.

“Se o superior interesse nacional colidir com o interesse dos trabalhadores, estarei do lado dos trabalhadores”, alertou.

João de Deus foi substituído por Lucinda Dâmaso na presidência da UGT.

“Só um Governo saído de eleições estará legitimado para negociar tal memorando”

No discurso de abertura do Congresso da UGT, o até então secretário geral da estrutura sindical, João Proença, afirmou que um segundo programa de ajustamento a Portugal “é totalmente inaceitável que se fale agora num segundo programa de ajustamento, que prolongaria a ultra austeridade”. “E daqui queremos deixar bem claro que só um Governo saído de eleições estará legitimado para negociar tal memorando”, frisou.

O ex secretário geral da central sindical criticou ainda a atitude do Governo na concertação social e exortou as estruturais patronais a clarificarem a sua posição.

Ministro da Economia elogia papel da UGT no “diálogo social”

À entrada para o Congresso, o ministro da Economia e do Emprego, Álvaro Santos Pereira, elogiou o ex secretário geral da UGT, João Proença, reconhecendo o seu “papel fundamental” no diálogo social.

Salientando que “o diálogo social é um activo importante do país”, Álvaro Santos Pereira afirmou que a UGT “tem sido claramente fundamental para manter a coesão social do país”.

Medidas de austeridade têm sido extremas

A secretária geral da Confederação Sindical Internacional, Sharan Burrow, defendeu, durante o Congresso da UGT, que as medidas de austeridade impostas a Portugal "têm sido extremas" e as alterações feitas às condições de trabalho "não foram negociadas". “Trata-se de uma ditadura económica", frisou.

Também Bernardette Ségol, secretária-geral da Confederação Europeia de Sindicatos (CES), adiantou que "o sistema [de austeridade] está a chegar a um ponto de rutura", apelando à solidaridade social na União Europeia.

Delegados aprovam alterações aos estatutos

Os delegados do XII Congresso da UGT aprovaram alterações aos estatutos, entre as quais o alargamento do secretariado executivo, a igualdade de género nos corpos gerentes, a limitação de mandatos - o secretário geral e os secretários gerais adjuntos não podem ser eleitos mais de duas vezes consecutivas e os secretários executivos não podem ser eleitos mais de três vezes consecutivas -, e a perda automática de mandato quando os membros do secretariado executivo completam os 70 anos.

“São indispensáveis mudanças profundas nas políticas"

Na Resolução Programática aprovada no XII Congresso, a central sindical frisa que, "apesar de todas as dificuldades com a CGTP, face à sua atitude vanguardista, é possível a unidade de ação em múltiplas ações sindicais".

"É fundamental criar condições para que os portugueses possam recuperar a esperança no futuro, para o que são indispensáveis mudanças profundas nas políticas", lê-se ainda no documento, onde é sublinhado que o país não pode continuar "com políticas apostadas na desregulação económica e social e que não se preocupam com o aumento do desemprego, que atinge um milhão de portugueses, em breve ultrapassado, e com situações de carência e de pobreza que atingem grande parte da população, em especial as crianças e os idosos".

A central sindical defende "uma negociação séria" com a troika para redução das taxas de juro, dilatação dos prazos de pagamento da dívida e um período de carência no pagamento de juros e amortizações, de modo a libertar recursos financeiros do Orçamento do Estado para políticas de crescimento económico e emprego.

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